terça-feira, 20 de outubro de 2020

Detetive Magalhães - O Globo - 1973

Em 1973 Jô Soares mantinha no jornal carioca O Globo uma página semanal de humor. Junto a frases, crônicas, piadas e cartuns, publicava em capítulos de texto, as aventuras do Detetive Magalhães, ilustradas por Marcelo Monteiro, filho do veterano desenhista Monteiro Filho.

Magalhães Junqueira, um detetive fracassado, morava em um quartinho apertado em cima do botequim de seu amigo Vasconcelos. Não demorou muito e, em junho do mesmo ano, ganhou suas aventuras em quadrinhos dentro da mesma seção e com desenhos do mesmo Marcelo.

Em sua primeira aventura em HQ, O Mundo perigoso de Magalhães, o detetive tem que enfrentar o terrível bandido Carlinhos Grambel e seus telefones explosivos e que deseja a todo custo eliminar Magalhães e Oswaldão, o dono da padaria Pão de Bisnaga. Magalhães era frequente e inadvertidamente auxiliado por sua noiva Creusa

Em abril de 1974 tem início a segunda aventura em quadrinhos de Magalhães: Operação Lixo. Nessa história começam a ocorrer misteriosos roubos de lixo por toda a cidade. Magalhães é contratado pela L.A.M.A. (Liga de Auxílio ao Monturo) para investigar o caso. Nosso herói é escolhido pelos computadores da organização "por ser realmente um lixo"!

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Sobre Marcelo Monteiro o jornal O Globo publicou em 19/04/2017 a seguinte matéria:

Um traço de 55 anos

Mais antigo funcionário do GLOBO, Marcelo Monteiro ilustrou colunas de Nelson Rodrigues e João Ubaldo.

ANDRÉ MIRANDA
andre.mirandaçmoglobo.com.br

A cena se repete há 55 anos, desde um tempo em que a maior parte de seus atuais colegas de trabalho nem era nascida. O homem discreto e elegante atravessa a redação no início da noite, a caminho de sua mesa. No trajeto, vagarosamente observa e captura na memória imagens como quem coleciona selos.
Já sentado, lê textos recém-escritos — tem o privilégio de ser o primeiro leitor de obras de alguns dos mais talentosos escritores brasileiros. Ele os interpreta com pincel, nanquim e guache, os mesmos instru-
mentos que lhe foram entregues em abril de 1962, quando Marcelo Monteiro começou sua carreira de ilustrador no GLOBO. E com o mesmo brilhantismo que faz de Marcelinho um dos mais admirados ilustradores do país.

— O Marcelo é uma estrela, é o Norte da bússola. Eu era repórter e depois passei a fazer caricaturas para O GLOBO e para o jornal “Opinião” em 1972. Eu convivi e aprendi muito com ele. Nosso trabalho era uma porcaria, e o dele já era brilhante — afirma o caricaturista Cássio Loredano.

Marcelinho começou no GLOBO aos 25 anos. Filho do também ilustrador Monteiro Filho e formado em arquitetura, ele trabalhava numa editora e havia feito a capa de um livro para Paulo Rodrigues, que assinava no GLOBO a coluna “Se a cidade contasse”. Foi Paulo, irmão de Nelson Rodrigues, que sugeriu o nome de Marcelo para o jornal.

Personagens de Nelson Rodrigues por Marcelo Monteiro.

Dali em diante, o artista foi responsável por traduzir em imagens os textos do próprio Paulo, de João Saldanha, João Ubaldo, Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura, Roberto DaMatta, entre outros. Um dos trabalhos mais marcantes foi com Nelson Rodrigues. Pelos traços de Marcelinho, personagens célebres do autor ganharam corpo. Era comum ver Nelson pedindo opinião para Marcelo sobre seus textos.

— Quando cheguei ao GLOBO, eu era o mais jovem. Hoje sou o mais velho — conta Marcelinho.
— Eu entrei na redação do GLOBO pela primeira vez por volta das 19h30m. O Roberto Marinho estava me esperando. Ele me disse: “Você pode começar hoje? Nem falamos de salário. Eu disse que podia, e ele apontou para o fundo da redação, onde eu encontraria o material para o meu trabalho. Eu sempre penso que aquela foi a primeira de muitas caminhadas.

No tempo de GLOBO, Marcelinho ainda teve outros feitos. Em 1978, coube a ele atualizar o desenho do famoso Bonequinho, o símbolo gráfico criado pelo ilustrador Luiz Sá em 1938 para acompanhar as críticas de cinema do jornal. Uma versão do Bonequinho indo embora, vestido de verde e amarelo, estampou a capa do Caderno de Esportes do GLOBO em 2006, quando o Brasil foi eliminado da Copa do Mundo. O trabalho rendeu a Marcelo, em parceria com Antônio Nascimento, Télio Navega e Alessandro Alvim, o prêmio Esso de Criação Gráfica daquele ano.

— O Marcelo é uma inspiração, é uma motriz. Ele vem para o jornal diariamente há 55 anos, e nunca o vi reclamar de nada — diz Alvim, editor assistente de Arte.

Sobre Jô Soares, na Wikipedia: 

José Eugênio Soares, mais conhecido como Jô Soares ou simplesmente Jô (Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 1938), é um humorista, apresentador de televisão, escritor, dramaturgo, diretor teatral, ator e músico brasileiro. Apresentou de 1988 a 1999 o Jô Soares Onze e Meia no SBT e de 2000 a 2016 o Programa do Jô na Globo. Foi o único filho do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Pereira Leal. Pelo lado materno, é bisneto do conselheiro Filipe José Pereira Leal, diplomata e político que, no Brasil Imperial, foi governador do Estado do Espírito Santo. Por parte de seu pai, é sobrinho bisneto de Francisco Camilo de Holanda, ex-governador da Paraíba.

Jô queria ser diplomata quando criança. Estudou no Colégio de São Bento do Rio de Janeiro, no Colégio São José de Petrópolis e em Lausana, na Suíça, no Lycée Jaccard, com este objetivo. Porém, percebeu que o senso de humor apurado e a criatividade inata apontavam para outra direção.

Detentor de um talento versátil, além de atuar, dirigir, escrever roteiros, livros e peças de teatro, Jô Soares também é um apreciador de jazz e chegou a apresentar um programa de rádio na extinta Jornal do Brasil AM, no Rio de Janeiro, além de uma experiência na também extinta Antena 1 Rio de Janeiro.


Cartum de Jô Soares para O Globo.

  • 1967 - Em "Família Trapo", roteirizava ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega e atuava como Gordon, o mordomo - TV Record - SP.
     
  • 1970 - "Faça Humor, Não Faça Guerra" foi primeiro humorístico da TV Globo a contar a com a participação do comediante. O programa em meio à Guerra Fria e ao conflito do Vietnã brincava com o slogan pacifista hippie "Make love, don't make war" (Faça amor, não faça a guerra).
     
  • 1973 - "Satiricom", novo humorístico da TV Globo, com direção de Augusto César Vanucci, realizava roteiros com Max Nunes e Haroldo Barbosa. A atração satirizava o título do filme homônimo de Federico Fellini - "Satyricon". Na promoção do programa, todavia, diziam que era a "sátira da comunicação" num mundo que tinha virado uma "aldeia global", expressão que esteve na moda depois dos primeiros anos da TV via satélite.

  • 1976 - "Planeta dos Homens", nova sátira com o cinema - desta vez, a série cinematográfica "O Planeta dos Macacos", atuava com roteiros de Haroldo Barbosa.

  • 1981 - "Viva o Gordo", com direção de Walter Lacet e Francisco Milani, foi o primeiro programa solo dele. Tinha roteiros de Armando Costa. Deu origem ao espetáculo do gênero "one man show" de Jô chamado "Viva o Gordo, Abaixo o Regime" (sátira explícita ao Golpe Militar de 1964 ainda vigente àquela época). As aberturas do programa brincavam com efeitos especiais usando técnica de inserção de imagens de Jô entre cenas famosas do cinema (como em "Cliente Morto Não Paga" e "Zelig") ou "contracenando" com políticos nacionais e internacionais, como Orestes Quercia, Jânio Quadros, Ronald Reagan etc.

  • 1982 - Participação no "Chico Anysio Show".

  • 1983 - Participação no musical infantil "Plunct, Plact, Zuuum". Comentários no Jornal da Globo até 1987.

  • 1988 - "Veja o Gordo", estreia no SBT com o mesmo estilo do "Viva o Gordo" da Rede Globo. Estréia neste ano, ainda no SBT, o talk -show "Jô Soares Onze e Meia" 1988-1999.
     
  • 2000 - Participação no especial de Natal do programa "Sai de Baixo" - episódio "No Natal a Gente Vem Te Mudar" (sátira ao título da peça de Naum Alves de Souza, "No Natal a Gente Vem Te Buscar".
     
  • 2018 - Participa como comentarista do programa Debate Final, no Fox Sports, debatendo sobre a copa do mundo de 2018.

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