sexta-feira, 31 de março de 2023

Cacá e sua Turma - 1977

Ely Rubens Barbosa (15 de março de 1937 - 19 de janeiro de 2007) nasceu em Vera Cruz, São Paulo. Grande admirador do desenhista e ilustrador Messias de Mello chegou a manter um estúdio de animação com o filho deste, Daniel Messias. 

Em 1959 já prestava serviços para a RGE Linx Filmes, uma das principais produtoras de animação daquele período. Em 1961, com o movimento pela aprovação de uma lei que favorecesse o quadrinho nacional, junta-se à ADESP (Associação dos Desenhistas Profissionais do Estado de São Paulo), onde assumiu o cargo de vice-presidente, ao lado de Mauricio de Sousa, Júlio Shimamoto e muitos outros artistas. Em virtude dessa possível abertura do mercado começa a pensar na série de quadrinhos Jarbas e seus amigos, onde podemos ver uma primeira versão do personagem Nenê que, reformulado posteriormente, viria a participar de outra série do autor, a Turma da Fofura. Com o fracasso da tentativa de nacionalização dos quadrinhos no Brasil, Ely parte de vez para o setor de animação, onde permaneceria por muitos anos, trabalhando principalmente para o Grupo Silvio Santos, onde criaria a figura do Zé Apostador, mascote do Carnê do Baú.


Acima, a Turma do Jarbas, criada por Ely Barbosa em 1961 no clima de euforia produzido pela lei de nacionalização dos quadrinhos, onde podemos notar uma primeira versão do personagem Nenê.

Em 1977, Cacá e sua Turma, depois de aparecerem em livros ilustrados e em algumas animações comerciais desenvolvidas por Ely Barbosa, como a abertura do Programa Silvio Santos de 1976 (clique aqui) e até em uma campanha de segurança no trânsito, finalmente ganham revista própria pela editora Abril. 

O cachorro Cacá contracenava com as crianças Lili, Dentinho e Nenê, João Banana e o coelho Escovão. Nessa revista, de cuja produção participavam Gerson Carrer; Joaquim Vila Real; Aparecido (Mimoso) Norberto; Carlos Alberto Moreira; Ricardo Schivel e Waldir Odorissio, já apareciam várias famílias de personagens do autor como Os Tutti-Fruttis, Os Incríveis Amendoins e o coelho Escovão da Turma da Fofura.

A publicação teve 8 edições pela Editora Abril, de fevereiro de 1977 à junho de 1978. Nesse mesmo ano a editora RGE começou a publicar revistas em quadrinhos com os personagens de Hanna-Barbera. Ventilou-se na época que uma editora concorrente, tentando boicotar a iniciativa de editora carioca, comprou todos os bromuros (originais para impressão) disponíveis junto às agência distribuidoras de material para imprensa. Com falta de material disponível a RGE contratou os estúdios de Ely Barbosa para a confecção de histórias inéditas. Foi o embrião da equipe que vira a produzir as aventuras dos Trapalhões em quadrinhos para o Bloch (saiba mais aqui).

Em março de 1981 foi lançado o Jornalzinho do Cacá, com oito páginas coloridas produzido pela Ely Barbosa Edições Comerciais e distribuído gratuitamente pela Metrô News nas estações do Metrô de São Paulo.

A revista Cacá e sua Turma teve mais 25 edições pela Rio Gráfica Editora (RGE, atual Editora Globo) de fevereiro de 1980 a agosto de 1982 quando foi definitivamente cancelada.

A Turma do Cacá na Coleção Bauzinho Encantado nº 04, 1977, "Aventuras do coelhinho Escovão" - BF utilidades Doméstica S/A e Bloch Editores.


Material para campanha política produzido pelos estúdios de Ely Barbosa em 1988.

sexta-feira, 24 de março de 2023

Tarzim - 1976

Tarzim, uma sátira ao personagem Tarzan, foi publicado no jornal Destaque da editora Rondon em 1976.

Tarzim foi criado pelo ilustrador, professor e cartunista Ismael dos Santos (1930-2015) que ficou bem conhecido por suas aulas de desenho no programa História do Desenho Animado na TV Cultura de São Paulo no início dos anos 1970. Ismael também manteve durante muitos anos uma escola de desenho, o Núcleo de Arte, de onde saíram dezenas de ótimos profissionais do desenho e da propaganda e foi responsável também pelos desenhos da revista Família Negritude Júnior (editora Jazz, 1996).


Acima, página do livro Desenho para Comunicação de Ismael dos Santos, editora Mundo Musical, 1975.

Acima, retrato de Ismael por João Spacca, um de seus inúmeros alunos.

sexta-feira, 17 de março de 2023

O Bagassauro - 1993

Criado em 1993 pelo cartunista Kayser, o Bagassauro era um dinossauro com os trajes típicos do estereótipo de um malandro: camisa aberta, topete e costeletas.

Bagassauro aprontava das suas ao longo da história, com situações na pré-história, no Antigo Egito ou na Grécia Antiga.

Bagassauro teve algumas tiras reunidas pela Grafar no livro Edição de Risco da editora Tinta China em 2005.

Para conhecer mais sobre o autor clique aqui.

sexta-feira, 10 de março de 2023

Ado - 2000


Ado surgiu em 25 de maio de 2000 no jornal Folha do Sul (Caxias do Sul - RS). Um jovem solteiro às voltas com garotas, diversões e bebedeiras foi criado pelo cartunista Kayser.

Kayser (Luciano Kayser Vargas) nasceu em 22 de outubro de 1970 em Porto Alegre (RS). Vivendo em Canos (RS) por 32 anos estreou como cartunista profissional nesta cidade em 1991. Atuou como chargista no Jornal do Comércio (Porto Alegre); O Timoneiro (Canoas) e Jornal do Vale (Lajeado).

sexta-feira, 3 de março de 2023

Entrevista - Ely Barbosa - 1985

Entrevista realizada de forma presencial em 11 de junho de 1985 pelo jornalista Worney Almeida de Souza (WAZ) com ênfase na produção de quadrinhos dos Trapalhões pelos estúdios do desenhista Ely Barbosa. Aproveitem!

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Capa do primeiro número de Os Trapalhões produzido pelos estúdios de Ely Barbosa.

Worney Almeida de Souza (WAZ): Eu queria saber como surgiu a ideia de se fazer uma revista dos Trapalhões?

Ely Barbosa: Os Trapalhões já vinham sendo, desde 8 anos atrás, produzidos pela Bloch, mas a revista era muito ruim, os desenhos eram péssimos, eram mal desenhados, os personagens não tinham nada a ver com os personagens da TV, inclusive, graficamente, a revista deixava tudo a desejar, e um dia eu vinha fazendo antes Hanna-Barbera, eu montei uma equipe e nós, durante dois ou três anos, produzimos Hanna-Barbera, e fizemos uma escola, lançando Hanna-Barbera. Não só pra desenhistas, que a gente lançou alguns desenhistas, como também na área de roteiros, então criamos diversos roteiristas, chegamos a fazer escolinha, chegamos a fazer cursos de desenho, de letras, de cor, tinha um curso de cor que a gente dava. 

E de repente, a Rio Gráfica (atual editora Globo) que fazia os gibis, ela percebeu que não estava vendendo aquilo que precisava vender pra manter a publicação. Então eu percebi que a gente ia acabar parando o esquema todo e eu tinha preocupação com a equipe que a gente tinha montado, tinha formado. Gente de muito talento fazendo quadrinhos, produzindo quadrinhos. Então um dia eu fui numa banca, eu tinha uma reunião, eu passei numa banca e vi a revista dos Trapalhões jogada num canto, a revista mal posta na banca, muito mal colocado o negócio. Peguei a revista, dei uma lida naquele negócio todo, aí eu liguei pra Manchete, marquei reunião com o diretor da Manchete e fui pra lá. E cheguei, falei com ele, expliquei que eu tinha...

Ah! A primeira coisa que eu fiz, eu recriei os personagens, eu sentei, redesenhei todos os bonecos, a minha área é bem infantil, arranjei um desenhista pra fazer as caricaturas (Carlos Cárcamo), e trabalhamos a quatro mãos ali. Fazer a barriga assim, fazer o corpo assado e tal, e recriamos os tipos especialmente pra quadrinhos. Aí eu criei uma história chamada Carga Pesada, que eu mesmo fiz o roteiro, e fizemos diversas situações, desenhamos os model-sheets, guia de cores, fiz todo um projeto, fiz uma proposta na qual eu coloquei preço, condições de pagamento e tudo, peguei e fui pra Bloch. Lá eu fui falar com o diretor da Manchete, não tinha a ver com o negócio, aí ele me encaminhou pro Jatib. Aí aconteceu um diálogo muito engraçado, o Jatib que é um sujeito muito ativo, ele é elétrico, super elétrico, ele não tem muito tempo a perder, ele é um cara despachado. Então ele sentou comigo, e eu não conhecia ele: Muito prazer, quem você é? Sou o Ely Barbosa. Ah, sei, você que faz o Hanna-Barbera!

Falei é, sou eu que faço o Hanna-Barbera. É eu gosto do teu trabalho. O que você quer falar comigo? Eu falei: é o seguinte, eu vi a revista dos Trapalhões, tô vendo que vocês estão fazendo, e eu vim aqui fazer uma proposta, porque eu acho que a revista de vocês é ruim, tá horrível. Tá mal feita e os caras tão na TV, na TV Globo e você estão com uma revista muito ruim, tá mal feita, mal desenhada, em suma, pra te falar o português claro, a tua revista é uma bosta! Aí ele falou: cê tá me dizendo aqui na Manchete que a minha revista dos Trapalhões é uma bosta? Eu falei: Tô, cê desculpa a sinceridade, mas a revista não passa de uma bosta! Ele falou: não, cê não tá sendo sincero comigo, a revista na verdade está uma GRANDE bosta!

Então, o que você sugere pra revista? Eu falei: tá aqui na pasta. Ele falou: Deixa eu ver. Eu coloquei, mostrei, ele olhou e falou: onde é que eu assino? Eu falei: é em baixo! Ele olhou o preço e falou: Tá caro! Mas seu trabalho é bom e eu vou assinar! Vamos começar a trabalhar!

Aí já fiz capa, já fui preparando os números, aí a gente adiantou um pouco e eu montei uma equipe de novo! Quer dizer, nessa altura já tinha parado Hanna-Barbera, eu não dispersei a equipe, reaproveitei os melhores elementos que eu tinha, e recomeçamos a fazer a revista. Isso há oito anos, no começo tivemos alguns problemas na linguagem, colocar política. Quando você toca no assunto político vem uma situação e a Bloch não se envolve nisso, então a gente teve alguns probleminhas e de repente a coisa começou a andar, andar, andar muito bem. Hoje os Trapalhões passam aqui pelo estúdio e tem muita gente que não sabe o que nós fazemos. A revista é feita aqui, tá bem feita a revista, vendendo bem, dentro do mercado que é o mercado hoje.

Os Trapalhões por Eduardo Vetillo.

WAZ: Qual que era basicamente a equipe original, a primeira equipe?

Ely Barbosa: A primeira equipe, pra lembrar, dos Trapalhões, a primeira equipe tinha um chileno, Carlos, Carlos..., o sobrenome dele eu não lembro (Carlos Cárcamo), um desenhista do Chile que veio foragido pro Brasil, esse camarada esteve na editora Abril, e a editora Abril não pode pegá-lo por problemas políticos, não tinha documentação, não tinha nada, eu vi os trabalhos dele, gostei e peguei esse cara pra trabalhar com a gente. Era o Carlos, o Eduardo Vetillo, que já fazia Hanna-Barbera, depois eu peguei o (Ademir) Pontes e foram surgindo outros, né? O Pontes, tem também um rapaz que é cria da casa, o Mimoso, o nome dele é... eu até esqueço o nome dele, deixa eu lembrar..., é Aparecido (Norberto), trabalha aqui no estúdio, é fixo no estúdio, também ele começou a desenhar. Basicamente a equipe, só tirando o Carlos e um outro também que eu não lembro o nome, a equipe tá com a gente já faz muito tempo, que é o Eduardo Vetillo, o Pontes, que é muito bom, muito rápido. Ele não é só detalhista, o desenho dele é muito rápido. 

O Eduardo, o desenho dele o resultado vem no final com a cor, ele trabalha com a cor enquanto eu trabalha com o traço mesmo. Quem mais além desses? Tem o Watson (Portela)! Trabalha em Recife pra nós, que ele veio do Recife!

Os Trapalhões por Watson Portela e franco de Rosa.

WAZ: E os roteiros?

Ely Barbosa: O roteiro dos Trapalhões também a equipe praticamente é a mesma, eu tô com muito pouca gente. Também é cria nossa o Flávio (da Costa Pinheiro), um rapaz de muito talento que apareceu e começou a trabalhar com a gente, ele é muito criativo, muito bom. O Genival (Assis de Souza), um roteirista também cria da casa, começou com Hanna-Barbera. 

Temos três roteiristas hoje, é o Flávio, tinha um outro rapaz que também desenhava bem, desenhou muito pouco, é um rapaz de cor, esse também não vou lembrar o nome dele, tinha um outro Flávio e tinha também o Jorge (Kimura), também muito bom, o Jorge parou um pouco agora e quer voltar. Basicamente essa é a equipe.


Os Trapalhões por Bira Dantas.

WAZ: Você também faz roteiro?

Ely Barbosa: Eu também, eu faço muito roteiro. Eu também faço muito roteiro e a gente produz os roteiros, geralmente eu junto com a equipe ou falo por telefone, e eu já designo o tipo de história que a gente quer, de acordo com os filmes que estão aí, sátiras, e oriento muito a equipe e também trabalho num sistema que eu raramente recuso roteiro, eu acho que dificilmente, se você tem uma equipe boa dificilmente você tem um roteiro recusável, você tem um roteiro readaptável! 

Então, eu tenho uma facilidade muito grande em criação, graças a Deus em roteiro, história, filme, boneco, eu seguro a situação. Então, eu oriento a turma, se é uma história que ela tem uma ideia básica boa, eu sinto que no meio ela se perde, no final não termina bem e tal, então às vezes eu mesmo mudo! Então a turma já trabalha comigo num esquema assim de velocidade, precisa ter de muita velocidade, então às vezes eu mesmo mudo ou então oriento o cara, olha, faz assim, faz assado, aqui não fica bem assim e tal. E quando às vezes eu crio, eu passo, por exemplo, (Didi) Tarzan é uma criação minha, então eu criei, fiz o Didi de Tarzan, e criei outros personagens que a gente tá utilizando agora e seus coadjuvantes.


Os Trapalhões por Ademir Pontes.

WAZ: Bem, deixa eu perguntar uma coisa: no começo a revista era feita por outra equipe e a aceitação dela na banca era baixa. Como é que foi, depois desses oito anos, a comparação do começo do trabalho com agora? Como é que está a vendagem?

Ely Barbosa: Olha, não foi bem assim. A aceitação demorou um pouco pra vender a revista, por problemas de promoção, por problemas do público se acostumar com a revista. Apesar dos Trapalhões estarem na Globo eles não promovem a revista, então, não foi basicamente não, porque no começo, hoje eu pegando as revistas antigas, pegando as revistas atuais, a gente vê que tem muita coisa antiga que era até melhor do que é atualmente, coisas boas, alguns desenhos muito bons também, o Carlos desenhava muito bem, eu não atribuo isso à adaptação da equipe, eu acho que os Trapalhões desde que a gente começou a fazer eles começaram muito bons. o projeto começou muito bem, eu acho até que muito melhor do que o que era feito antes.

Ruim foi pegar no breu até a gente se acostumar com o personagem e tudo, inclusive as revistas antigas e até as atuais, eu enfrentei um problema aqui e quero aproveitar a tua entrevista pra falar, que de repente a TV Globo começou a utilizar as nossas histórias. Então eles começaram a utilizar diretamente, chupava, pegava nossa história da revista e transportava pra televisão! E isso alguns roteiristas andaram falando, dizendo que eu tava vendendo as ideias pra Globo, vendendo os roteiros deles pra Globo e não tava pagando eles. Isso é uma mentira, não houve isso! Houve sim que a Globo utilizou em diversos Trapalhões na TV histórias nossas! Mas eu só tomei conhecimento após o terceiro ou quarto programa, os desenhistas vieram falar comigo, eu falei que ia falar com o pessoal, falei com o Renato (Aragão), falei com o irmão dele, daí eles me disseram: Pô, e nós vamos brigar com a Globo?

Eu falei: não, não vamos brigar com a Globo mas se eles quiserem utilizar eles que utilizem e pelo menos paguem a gente e eu repasso o dinheiro pra minha equipe. E a partir daí eles devem ter tomado alguma providência porque a TV Globo parou de utilizar.


Os Trapalhões por Watson Portela.

WAZ: E o contrário? Vocês se baseiam em situações da TV pra fazer histórias em quadrinhos?

Ely Barbosa: Não! Primeiro porque não tá legal o que eles estão fazendo na televisão, não é coisa assim que você possa se basear e criar em cima. A única coisa em que a gente se baseia são os tipos, o linguajar deles, as situações, isso a gente se baseia, mas as nossas histórias são totalmente desassociadas da televisão, tanto que a equipe de roteiristas raramente assiste aos Trapalhões na TV. De vez em quando eu falo: Olha! Assiste aos Trapalhões um pouco pra não fugir do tipo dos personagens, mas eles não tiram realmente nada da televisão.

WAZ: É porque tá fraco mesmo!

Ely Barbosa: Tá fraco! Eles inclusive estão se distanciando da criança brasileira! Aliás, pelos quadrinhos, o Renato Aragão um ano atrás mandou o irmão dele aqui falar comigo e pediu que eu assumisse a criação dos roteiros para a televisão, porque eles tavam sentindo que os roteiros realmente estavam muito ruins. Aliás a TV Globo tá em crise de criação, uma crise séria de criação. As novelas são ruins, os humoristas tão fracos, os programas tão caindo pelas tabelas, essa série que eles fizeram aí, O Tempo e o Vento, foi terrível e não tão acertando, alguma coisa está acontecendo lá dentro. E os Trapalhões vêm sentindo esses sintomas bem antes, então o Renato me pediu se eu poderia criar para os Trapalhões da mesma forma que eu estava criando os quadrinhos, produzir textos pra ele, então eu chamei a equipe toda, todo mundo colaborou e eu criei 15 textos para ele. Dos 15 textos nossos, 12 foram aprovados pelo Renato, dois foram pedidos pra modificar e um não foi aprovado. Só que na hora que a gente tentou acertar a parte financeira não conseguimos. Não com o Renato, mas com a TV Globo não, não conseguimos acertar. Eles acharam que a gente estava pedindo muito e o assunto morreu. 

Nós criamos personagens novos, criamos cenários, criamos todo um esquema que a gente tinha certeza absoluta que funcionaria e aquele medo do Renato, que ele estava sentindo faz um ano atrás parece que agora tá voltando a acontecer, que é a TV de repente se distanciando da criança, se distanciando do jovem brasileiro, e virando uma outra coisa. Uma coisa que não tem nada a ver com o humor que está aí, um humor típico de quatro patetas brasileiros.

Os Trapalhões por Kimura.

WAZ: Como foi essa ideia, uma coisa bem bolada, de quatro Trapalhões caracterizados de super-heróis? E inclusive a última era até do He-Man?

Ely Barbosa: Eu senti a necessidade, a medida que a gente começou a fazer, eu fui sentindo a necessidade. Porque ficar só nos quatro a coisa iria ia se tornar muito repetitiva. Então o primeiro super-herói que eu achei que tinha que satirizar foi o Super-Homem, então eu pedi histórias com ele, até a primeira história do Super-Homem acho que foi minha, eu acho que foi minha e depois eu pedi pra equipe desenvolver. Aí nós partimos pro Batmão, que o nome fui eu que criei, o Rubinho, a situação toda dele e a partir daí a gente sentiu que a coisa funcionou. 

Aí foi surgindo outras ideias, o Homem Aranha, a Nêga Maravilha também foi ideia minha, foi a primeira história que eu fiz. A Nêga Maravilha surgiu antes do Super-Homem, parece que foi isso, aliás quem fez a história foi um roteirista da antiga guarda, o Sérgio Valezin, que também foi cria nossa, era excelente roteirista, excelente, só que ele tava na TVS e largou o quadrinho! mas a primeira ideia eu peguei o Sérgio e falei: Sérgio, pô, vamos satirizar alguma coisa em cima do Mussum. Aí eu tinha visto que a Mulher Maravilha tava fazendo sucesso, então vamos fazer a Nêga Maravilha! Vamos fazer a mesma coisa e tal e ainda vamos usar como arma o sovaco dele, a catinga do sovaco. E a partir daí começamos a fazer depois o Super-Homem e o Batman. E agora cheguei a fazer o Brucutu. Então pedimos pra satirizar o Brucutu, cheguei a fazer o Popeye, o Hulk também, fizemos o Hulk. Porque eles permitem um voo, se você observar.

FIM

Para assistir a uma outra entrevista de Ely Barbosa clique na imagem abaixo.