O Coveiro - O Poti - 1972

Talvez por influência da sugestão do pesquisador e estudioso Moacy Cirne por temas mais regionais, o GRUPEHQ (Grupo de Pesquisas e Histórias em Quadrinhos) de Natal - RN, na figura de um de seus pioneiros, o cartunista Reinaldo Azevedo, lança na página Quadrinhos do jornal capixaba O Poti, as aventuras do personagem O Coveiro.

Iniciada em janeiro de 1972, O Coveiro tem a seguinte narrativa: Na cidade de Arca Velha, no sertão nordestino, o coronel Acácio Sales e seu filho Roberto tentam apoderar-se das terras de seus vizinhos, por meio da força e com a ajuda de seus jagunços, chefiados por Josefino.

O fazendeiro Dilermano se nega a vender suas terras por valor aviltante e tem sua fazenda atacada pelo coronel Acácio e o bando de Josefino. Dilermano e sua esposa Ana Maria são assassinadoss por Acácio e seus asseclas. 

O irmão de Dilermano, Odlanier, que estava ausente, chega à fazenda. Ao ver o irmão e a cunhada mortos, Odlanier sofre um violento ataque de nervos. Recuperado, vai à cidade comprar armas. Nesse momento ele se transforma no Coveiro, um justiceiro em busca de vingança.

A partir de abril do mesmo ano, a página Quadrinhos, juntamente com O Coveiro, passa a ser publicada no Diário de Natal, do mesmo grupo editorial, os Diários Associados, mas com uma periodicidade bastante irregular.

Lolita - Notícias Populares - 1974

O cotidiano de uma vaca em um ambiente rural. Assim são as aventuras de Lolita, criadas pelo cartunista Archimedes dos Santos e publicadas no jornal Notícias Populares em 1974. As piadas abusavam dos trocadilhos e do jogo de palavras.

No ano seguinte, Lolita ganha a companhia do burro Sócrates e é publicada na revista Gibi Semanal da Rio Gráfica e Editora, a RGE, tendo sido uma das tiras selecionadas no concurso para a descoberta de novos talentos promovido pela publicação.

Lolita e Sócrates no Gibi Semanal, RGE, 1975.

Ratos! 1977

Criada pela cartunista Brenda Susan em 1977, a série Ratos!, fazia humor com assuntos cotidianos, como por exemplo o limite de velocidade nas estradas, e com o dia a dia de uma turma de ratos.

Sobre a autora, a revista Periquitas nº 1 (editora Kalaco, 2014) diz:

"Em meados da década de 70, um grupo de cartunistas se reunia na extinta Livraria Gibi em São Paulo. Faziam tiras para os jornais da cidade e do interior. Havia só uma menina na turma, Brenda. Nascida e criada nos Estados Unidos, apaixonada pelos quadrinhos e desenhos animados. Ela trazia também a influência dos Underground Comix, e encantava pela sua beleza, humor afiado e desenho seguro. Sua série "Boca de Lobo" (Ratos!) é de 1977.

Depois a moça partiu para a revista de humor Klik, da Ebal, os livros infantis e informática. Foi pioneira na arte digital.

A tragédia tirou Brenda do planeta. Faleceu em 1989 em decorrência de um acidente de trânsito, ferida fatalmente por um bêbado ao volante. Aqui prestamos nossa pequena homenagem à garota que estreou no fanzine mimeografado, O Saco".

Brenda na revista Klik nº 10 da editora Ebal, 1979.

Inigma - O Poti - 1971

Mais uma personagem apresentada na primeira fase do GRUPEHQ (Grupo de Pesquisas e Histórias em Quadrinhos). Publicada na página Quadrinhos do semanário O Poti, de Natal, RN, em 1971.

Criada por Ademar Chagas, Inigma era a típica garota hippie do início da década de 1970 que resolve viajar o mundo sem um tostão no bolso e acaba por se meter com uma gangue de perigosos contrabadistas. 

O clima das histórias era aquele típico da contracultura e apresentava todos os chavões do período, como a desconfiança com as autoridades constituídas, medalhões de paz e amor e cabelos compridos e desgrenhados.