sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Tina - 1970

Invariavelmente, a personagem Tina de Mauricio de Sousa aparece nos diversos sites da rede como tendo sido criada em 1964, o que é totalmente improvável. A personagem era, no início, uma representante do movimento hippie. Esse movimento jovem que questionava velhos padrões de comportamento e, principalmente, a Guerra do Vietnã (1955-1975), surgiu oficialmente em 1966, e só chegaria ao Brasil com força no final da década de 1960, o que inviabiliza totalmente sua criação na data citada pelos vários sites.

Um texto publicado em 2019, na graphic novel Tina - Respeito, de Fefê Torquato (Panini Comics) esclarece de vez o fato:


Tina apareceu pela primeira vez em 15 de fevereiro de 1970 na capa do suplemento Folhinha de S. Paulo (imagem acima), ainda com um visual bem primitivo e na companhia de personagens coadjuvantes dessa primeira fase, como seus irmãos Toneco e Toim, a avó Vovóca, o papagaio Palestrino e o cachorro Gargarejo.


Tina no Suplemento Quadrinhos.

Em outubro de 1970 Tina surge em uma história de Toneco na revista Mônica nº 06, da editora Abril (imagem abaixo). Em dezembro do mesmo ano, em Mônica nº 8, Tina já aparece em uma história com seu nome.

Tina ganharia sua série regular em quadrinhos em 5 de fevereiro de 1972, já com um visual mais elaborado, no Suplemento Quadrinhos da Folha de S. Paulo. Ocupando a página central do tabloide, era apresentada na horizontal, em tamanho standard, colorida, que quando girada para a leitura mostrava uma das mais belas publicações em quadrinhos dos jornais brasileiros. No rodapé da página geralmente saiam tiras do papagaio Palestrino como complemento.

Rolo e Pipa, seus inseparáveis companheiros de aventuras, aparecem pela primeira vez no rodapé da página de quadrinhos do Horácio na Folhinha (acima), em 9 de julho do mesmo ano. Nas histórias Pipa aparece em 23 de julho e Rolo em 6 de agosto, ambos no Suplemento Quadrinhos. Nessa época as aventuras da personagem se passavam em Salvador - BA, que era uma espécie de quartel general do movimento hippie no Brasil.


Em 1977 Tina, que já vinha sofrendo modificações em seu desenho, deixa de vez o visual hippie, já bem datado, e é apresentada com formas muito mais femininas e roupagem moderna.

Além das páginas dominicais, publicadas em diversos jornais, Tina teve também sua série de tiras diárias e que foram reunidas em As Melhores Piadas da Tina (editora Abril. 1986).


Acima, Tina em tiras diárias, 1978.

Tina teve suas histórias publicadas em diversos almanaques, ganhou revista própria entre 2009 e 2011 e um novo título a partir de 2014.

 

Acima, Tina na capa das Partituras Infantis da Turma da Mônica, Fermata do Brasil e ao lado na capa do LP A Bandinha da Turma da Mônica, RGE/Fermata, ambos de 1971.

Atualmente Maurício descreve assim seus personagens:

Tina - Jovem estudante típica, faz faculdade de jornalismo, mora com os pais e vive às voltas com namorados, passeios e fofocas com seus amigos mais chegados, mas também se preocupa com o mercado de trabalho. Criada em 1970, Tina já foi até hippie, mas passou por muitas mudanças e, hoje, está cada vez mais moderna e inteligente. Embora tenha seus desentendimentos com o Rolo, ele e Pipa são seus melhores amigos.

Rolo - É um jovem descolado, que adora curtir com a galera, pegar uma praia, surfar e sair de rolê com a sua preciosa moto, a Zulmira. Ele está cursando a faculdade e, enquanto não arruma um emprego fixo, pega alguns trabalhos temporários, inclusive como fotógrafo. Seus melhores amigos são a Tina, o Zecão e a Pipa. Foi criado em 1972.

Pipa - É a melhor amiga da Tina. Vive fazendo dieta, mas não resiste a um chocolate. É namorada do Zecão e é muito ciumenta. Foi criada em 1972.

Toneco - É o irmão da Tina. Um menino alegre e otimista. Por ser pré-adolescente, ele tem aventuras de um garoto entre 11 e 14 anos: quer ter namoradas, sair para passear... mas a Tina o contém, por ser ainda muito novo. Adora "passar a conversa" no Rolo, que é sempre vítima da sua esperteza. Foi criado em originalmente 1970 e reformulado nos anos 2000.

Vovóca - É a avó da Tina. Uma velhinha de cabelos brancos, mas com ideias jovens. Está por dentro das atualidades, é supermoderna, arrojada, sem qualquer preconceito. Foi criada em 1970.

E os da primeira fase: 

Gargarejo - É o cãozinho do Toneco que vive ganindo, certo de que está cantando, para horror dos vizinhos. Criado em 1970.

Porcãozinho -  Um cãozinho muito sujo, que fazia par nas tirinhas com o Gargarejo. Criado em 1970.

José Francisco - Ele era um garotinho que dizia poucas palavras. Na maioria das vezes só soltava alguns grunhidos, principalmente quando recebia na boca as comidinhas da irmã Lúcia. Criado em 1970.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Murilão e Careca - 1972


Em novembro de 1972, ainda muito jovem, com apenas 15 anos, o cartunista Luiz Mondego (30 de janeiro de 1957) apresentou no suplemento semanal O Jotinha, de O Jornal (RJ), a série humorística Murilão e Careca.


Nessa época o cartunista Ota (Otacílio D'Assunção Barros, 1954-2001) publicava em O Jornal a tira diária Os Birutas. Posteriormente, quando passou a editar a revista MAD para a editora Vecchi, Ota aproveitou o talento artístico de Mondego nessa publicação. Mondego deixou o mundo das artes gráficas para se dedicar integralmente às artes plásticas, principalmente à pintura em telas.

 

Acima, Mondego na revista MAD nº36, editora Vecchi, junho de 1977.

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No site da galeria Dom Quixote encontramos a seguinte biografia de Mondego: 

"Luiz Antônio da Costa Mondego, Nasceu no Rio de Janeiro. Começou sua vida profissional na extinta revista o Cruzeiro como desenhista de quadrinhos, onde conheceu o letrista Manoel Tenreiro, filho do renomado artista Joaquim Tenreiro com quem manteve uma forte amizade. Manoel o convidou a estudar pintura e Mondego aceitou o conselho do amigo começando a ter aulas com o aquarelista Waldir Granado, ainda na década de setenta. Em 1980, foi convidado a trabalhar no Jornal do Brasil como ilustrador. Em 1984, aceitou um convite para chefiar o departamento de artes do Jornal o Dia, nessa época Luiz Mondego produzia ilustrações para diversas revistas, fazia cartoons, caricaturas e capas de livro, discos, além de desenvolver a produção de seus quadros. Em 1990, foi convidado pelo galerista Paulo Cesar para fazer parte do quadro de pintores da Bourguese, sua galeria. Foi aí que definitivamente Mondego deixou a imprensa e se dedicou inteiramente à pintura. Em 1995, fez sua primeira individual na Galeria Bourguese do Shopping da Gávea. Dessa época até os dias de hoje, Luiz Mondego expõe em galerias no Brasil, Europa e Estados Unidos. Membro da Academia Brasileira de Belas Artes, ocupando a cadeira CL 23".

 
Acima, Mondego na revista O Cruzeiro, 1973.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Esmorgulo - 1988

Esmorgulo, série humorística criada pelo cartunista Ramade em 1988 e que aparecia no Caderno D do jornal carioca O Dia.

Por ocasião do falecimento do desenhista, a revista on-line Pirralha publicou, em 16 de novembro de 2021, o seguinte texto:

"O mundo do cartum perde a magia de Ramade Martins. O apreciador do humor gráfico conhece Ramade Martins principalmente pela revista Mad, onde seu traço - muito influenciado por Mort Ducker (1929-2020) - esteve presente nas capas da edição brasileira. No entanto, Ramade foi um artista de múltiplos talentos: mágico - realizava apresentações de ilusionismo; cantava  - interprete do repertório de Frank Sinatra, por vezes se fazia acompanhar do saxofone do também cartunista Aroeira e, como se não bastasse, também foi palestrante em eventos corporativo na área de motivação.

Além do trabalho para a Mad, o artista ilustrou a graphic novel Victoria da Amazônia, com texto de Maria Franco, que narra as aventuras da repórter Victoria Regia pela selva amazônica (o trabalho pode ser encontrado na internet pela Amazon). Nascido em 1957, o artista mantinha uma empresa de evento e não teve a causa mortis divulgada, tampouco foi notícia na grande imprensa, mas seus colegas manifestaram pesar e o homenagearam pelas redes sociais".

Ramade na revista Mad nº 68, fevereiro de 1980, editora Vecchi.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Fujoão - 1988

Fujoão - Série contando as aventuras e desventuras de um presidiário criada por Nivaldo para o jornal carioca O Dia em 1988.

Em suas redes sociais Nivaldo escreve a seguinte biografia: "Meu nome é José Nivaldo Pereira de Souza (19 de junho de 1961), meu primeiro trabalho de humor foi publicado na revista Ele e Ela. Também tive alguns desenhos publicados no jornal O Pasquim e no Jornal dos Sports entre outros. Trabalhei um bom tempo na revista Mad da editora Recod, o editor era o incrível e bom amigo Ota. Em 1988 criei uma tira diária chamada Fujoão (o João do título foi uma homenagem que fiz ao meu querido irmão) no jornal O Dia. Essa tira foi até janeiro de 1992. Participei e fui premiado no INTERNATIONAL CARTOON CONTEST, Tokio, Japão. Atualmente faço trabalhos pra Coquetel Revistas da Ediouro, como jogo dos erros, cartuns e passatempos em geral. Colaboro também com a revista Seleções Reader's Digest com meus cartuns e com a revista Fenamizah".