sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Boi Misterioso - 1984


A figura do boi que não se deixa pegar é um elemento recorrente no interior do Nordeste, ligado às histórias fantásticas de assombração, baseado nisso e nas indumentárias dos folguedos de Bumba meu Boi, o cartunista RAL, (Romildo Alves Lima), criou a figura do Boi Misterioso para as tiras veiculadas no jornal O Papa-Figo (PE). Atrevido e sarcástico, o Boi apronta das suas encarando o poder vigente.

Boi Misterioso ficou famoso nos cordéis de Leandro Gomes de Barros, natural da Paraíba, e que viveu durante o século XIX, sustentou uma família numerosa com a venda de folhetos. Foi o primeiro poeta popular a editar histórias versadas dessa maneira. Em "História do boi misterioso", em forma de versos, o leitor tem sete longos poemas sobre a vida com tratamento característico ao gênero: 

Leitor, vou narrar um fato 
De um boi da antiguidade
Como não se viu mais outro
Até a atualidade
Aparecendo hoje um desses
Será grande novidade...

Sobre Ral: "O cartunista nasceu na cidade de Arcoverde, sertão de Pernambuco. Em 1966, com sete anos, Ral se mudou com a família para o Recife. Influenciado pelo irmão, Rui, que já desenhava, Ral começou a desenhar os heróis das histórias em quadrinhos da época: Fantasma, Cavaleiro Negro, Tarzan.

Com 13 anos, fez um curso de desenho por correspondência da Escola Panamericana de Arte. O menino gostava, principalmente, das tirinhas, da coisa da sequência, da historinha. Era, o curso dos Famosos Artistas. Tinha entre os orientadores o cartunista Ziraldo. Ral queria ser desenhista de quadrinhos, começou a trabalhar em uma banca de jornal de um tio. Onde conheceu O Pasquim. O cartunista começou a publicar na página de cartas dos leitores. Um dia, veio para o Rio de Janeiro visitar a redação do jornal carioca. Com o material de quadrinhos embaixo do braço, pretendia publicar um livro de quadrinhos, com o título de 'Know-Ral'. Não conseguiu, mas conheceu parte da equipe do jornal, entre eles, Jaguar, Ziraldo e Millôr.

Um dia, Ral viu o anúncio de um concurso que selecionava artistas para colaborar nas revistas da Edrel, de São Paulo. Foi selecionado e começou a ganhar dinheiro com o cartum.

Em 1968, com 17 anos, começou como colaborador do Jornal do Commércio. Em 1995, entrou para o Diário de Pernambuco como ilustrador. De lá, foi para a Folha de Pernambuco e depois para a Gazeta Mercantil. Os jornais foram sua escola, já que em Pernambuco não havia escola de desenho.

Colaborou com o lendário O Pasquim, fundou o tabloide A Xepa, em 1973, e foi um dos fundadores do semanário pernambucano Papa-Figo que começou como uma página publicada no jornal Folha de Pernambuco e circulou durante 25 anos.

Em 2007, Ral foi homenageado na nona edição do Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco (FIHQ)". Ral faleceu em 2023.

Ral no livro A Técnica Universal das Histórias em Quadrinhos, Fernando Ikoma, editora Edrel, 1972.

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Os Que Viram Jesus Nascer - 1978

Em novembro de 1978, a distribuidora ECAB (Editora Carneiro Bastos) encomendou a José Menezes (1934-2022) uma história sobre Jesus Cristo. Menezes criou, em 25 tiras, a série Os Que Viram Jesus Nascer, publicada em jornais como Diário do ABC e Diário de Borborema. A série, como faziam as produções para jornais norte-americanos, deveria ser publicada nos últimos dias de novembro para que o final coincidisse com o Dia de Natal, 25 de dezembro. 

Ainda para a ECAB, Menezes fez muitos outros trabalhos como atividades, passatempos, curiosidades, charadas, num caderno de jornal chamado Divertilândia.

Para saber mais sobre José Menezes clique aqui e aqui.

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Águia Branca - 1977

Águia Branca: série produzida por José Menezes (1934-2022) para a distribuidora ECAB (Editora Carneiro Bastos) em 1977.

Por volta de 1976, José Menezes (1934-2022) colaborou com a ECAB – Editora Carneiro Bastos, que tentava fazer uma agência distribuidora de material para os jornais. Menezes deu um depoimento sobre essa fase para José Salles, que reproduzimos a seguir: “Algum tempo depois da RGE ter desativado o estúdio de produção de revistas em quadrinhos, Menezes viu um anúncio de jornal procurando por desenhistas de HQs. Ele foi até o endereço e se tratava da Editora Carneiro Bastos (ECAB), então dirigida pela senhora Yvonne Amorim, que disse ao Menezes estar precisando de histórias de aventuras para serem publicadas no formato de tira de jornal. Menezes então lembrou-se que havia várias HQs do Flecha Ligeira feitas para a RGE e que não haviam sido utilizadas. 

Então ele adaptou aquelas histórias, originalmente feitas para o formato de comics, para o de tiras de jornal. Também os personagens deveriam ser modificados, por conta dos problemas de direitos autorais. Menezes então rebatizou Flecha Ligeira como Águia Branca, teve alguns retoques no visual, menos tatuagens e enfeites, e roupa mais simples. Águia Branca acabou sendo publicados em diversos jornais de várias cidades de norte a sul do Brasil, com boa aceitação dos leitores.

Segundo Menezes, essa adaptação de histórias, feitas por ele, de personagens estrangeiros, e não utilizadas pela RGE devido ao cancelamento das revistas (e cujos originais lhe foram devolvidos), foi feita com a ciência da ECAB. As tiras de Águia Branca saíram em jornais do interior como Diário de Borborema e A Gazeta do Norte, por um período de um ano e meio".

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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Kim - 1977

Kim, criado pelo desenhista José Menezes, é uma adaptação de algumas aventuras do Jim das Selvas, de Alex Raymond, produzidas por ele para a Rio Gráfica e Editora (RGE) no final dos anos 1960 e nunca utilizadas na revista do herói norte-americano. 

As histórias realizadas originalmente no formato de páginas de revista foram adaptadas para o formato tiras de jornal e os personagens levemente modificados: Jim das Selvas teve seu nome alterado para Kim e ganhou um pequeno bigode. O companheiro de aventuras do explorador das selvas africanas, Kolu, foi batizado de Janu, tudo para evitar problemas de direitos autorais.

Essas aventuras foram distribuídas para diversos jornais brasileiros pela ECAB (Editora Carneiro Bastos) entre 1977 e 1978.

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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Zoca, o Repórter - 1977

Zoca, o repórter. Criação de Orestes de Oliveira para a distribuidora ECAB (Editora Carneiro Bastos) em 1977. 

Em 8 de fevereiro desse mesmo ano o jornal A Gazeta, de Vitória - ES, publicou a seguinte sinopse da série: Segundo Orestes, seu personagem Zoca, ou Jorge Luiz Pimentel, é um jornalista formado pela PUC, repórter de polícia, nascido e criado perto do morro do Salgueiro. Não é muito bem visto pelo chefe de polícia. Talvez por inveja, pois Zoca está sempre desvendando os crimes à sua frente em sua coluna de jornal. Desfruta, no entanto, da amizade do delegado Pamplona e, por lutarem ambos por um mesmo objetivo, o combate ao crime, trocam informações, brigam e se xingam mutuamente. Embora combata crime na página policial, e desvende sempre complicados casos. Zoca não é muito chegado à violência. Está sempre acompanhado do fotógrafo 'Azul', um crioulo forte que sempre briga, bate e apanha, por ele. Mas não foge à luta. O delegado Pamplona, Amâncio Pamplona, é formado pela PUC em Direito. Colega de Zoca, ambos formados na mesma época. Quando as coisas não vão bem, extravasa seu mau-humor contra todos que encontrar pela frente. Vive, porém, sempre alegre e gozando muito o gordo, investigador 'Eterno', por causa de sua careca. Nas duas primeiras histórias, Zoca resolve crimes envolvendo tóxicos. É apenas uma coincidência, pois tóxico não será uma constante nas suas histórias, segundo Orestes de Oliveira".

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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia - 1977

Baseada em livro do jornalista José Louzeiro, (1932-1917), autor do roteiro, a tira Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, foi distribuída pela ECAB (Editora Carneiro Bastos) para vários jornais do Brasil com desenhos de Orestes de Oliveira.

A série relata a trajetória do criminoso Lúcio Flávio, famoso bandido da década de 70 que se tornou nacionalmente conhecido pelos roubos a banco e fugas espetaculares. Embora lançada pouco depois do filme homônimo de Hector Babenco a tira não baseia a fisionomia dos personagens nos atores da película, procurando retratar fielmente a aparência dos personagens da vida real.

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Sobre Orestes de Oliveira: "Orestes de Oliveira Filho nasceu em 1941 em São Gonçalo, Rio de Janeiro, na época morando em Copacabana. Estudou em Niterói, em São Gonçalo e fez os cursos de contabilidade, básico de diagramação, de criação e de Propaganda. Trabalhou como freelancer em histórias em quadrinhos para a Rio Gráfica Editora entre 1958 e 1962, ao lado de Getúlio Delfin, Juarez Odilon e José Menezes. Entre 1963 e 1964 trabalhou como diagramador no Correio da Manhã; posteriormente, na Copacabana Publicidade Ltda., como layoutman, arte finalista e ilustrador; W. Leão Publicidade, sócio cotista e diretor de arte; Editora Vozes, ilustrador, diagramador, paginador e capista; Editora Expressão e Cultura, chefe do departamento de arte na confecção da Enciclopédia Século XX — Obras Gerais; Jornal do Brasil, diagramação; Revista Rodovia, ilustração e mapas-cartografia; Editora Brasil América Ltda., freelancer da história em quadrinhos Kung Fu e Enciclopédia Britânica-Editores, diagramação.

Acima, Dona Beija A Feiticeira do Araxá (Edição Extra de Cinemin) - Ebal, 1979, por José Menezes e Orestes de Oliveira.


sexta-feira, 23 de agosto de 2024

História da Independência - 1972

Em comemoração as sesquicentenário da Independência do Brasil, o jornal O Dia (RJ), publicou a série História da Independência.

Com roteiro do jornalista Heitor Moniz e desenhos de Francisco Sampaio, a série apresenta um caráter histórico bastante oficial, tendo o seu início a partir de 07 de julho e culminando o seu final em 7 de setembro de 1972.

As tiras forma compiladas e analisadas no livro O Dia a Dia da Independência, de Raquel F. Santos Ferreira, Leonardo C. Ferreira, Wellington Dantas do Amorim, Evelyn M. Oliveira e Souza e Carolina Menezes de Andrade, da editora Artêra.

Para saber mais sobre Francisco Sampaio, clique aqui.