sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Branco e Moreno - O Estado de S. Paulo - 1986

De volta ao Brasil, depois de uma bem sucedida carreira na França, onde foi um dos pilares da revista Metal Hurlant/Heavy Metal, o desenhista Alain Voss criou para o jornal O Estado de São Paulo, em setembro de 1986, Uma aventura de Branco e Moreno - Goula, em capítulos diários publicados pelo Caderno 2.

Na história, os jornalista Branco e Moreno, à procura de uma boa matéria, entram em contato com o Prof. Von Stroheim que havia acabado de realizar um experimento no qual criara Goula, uma gigantesca mulher artificial.

Descontrolada, Goula sai pela cidade causando enorme destruição. O ex-presidente Jânio Quadros, na época prefeito de São Paulo, tem uma grande participação na aventura.

O forte da narrativa é a apresentação de importantes pontos da cidade, como a avenida Paulista, o parque do Ibirapuera e o estádio do Pacaembu.

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Sobre o autor, a enciclopédia digital Lambiek oferece a seguinte biografia:

Alain Voss, ou Al Voss, artista francês nascido em 1946 e criado no Brasil. Publicou seus primeiro trabalhos na década de 1960 em revistas brasileiras como O Loco (Editora Taika) e O Careca. Mudou-se para a França em 1972, onde esteve presente na Métal Hurlant com quadrinhos como 'Heilman', 'Lokyia' e uma série de paródias chamada 'Parodies de Al Voss'. Essas paródias de famosos heróis cômicos como 'Popeye' de E.C. Segar, 'Astérix' de Albert Uderzo, 'The Smurfs' de Peyo, 'Blueberry' de Jean Giraud e 'Superman' de Siegel & Shuster foram coletados em álbuns da Les Humanoïdes Associés. Voss também esteve esporadicamente presente em Charlie Mensuel e Mormoil.

De volta ao Brasil em 1981, contribui para a Inter-Quadrinhos (Editora Ondas) e Monga, a Mulher Gorila (Press-Maciota). Ele também fez trabalhos promocionais e publicitários, bem como capas de álbuns para a banda brasileira Os Mutantes. Voss passou os seus últimos anos em Portugal, onde criou pinturas, livros ilustrados e capas de discos. Apesar de ter sofrido um acidente vascular cerebral em 2009, ele colaborou com a edição brasileira do Le Monde Diplomatique, produziu a história em quadrinhos 'Anarcity' no computador e fez a tira 'Os Zensetos' para Caros Amigos. Alain Voss faleceu após um segundo derrame em maio de 2011.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Jeremias e Zoroastro - Jornal das Trincheiras - 1932

As aventuras de Jeremias e Zoroastro, soldados ditatoriais, foram uma série de tiras publicadas no Jornal das Trincheiras - Órgão da Revolução Constitucionalista - em 1932.

Basicamente, Jeremias e Zoroastro eram dois soldados getulistas e o objetivo da série era aumentar o moral das tropas paulistas caracterizando o inimigo como pessoas de baixo intelecto. A criação ficou por conta do ilustrador J. U. Campos, genro de Monteiro Lobato e um dos principais ilustradores de sua obra.


Sobre o jornal, o CPDOC FGV esclarece:

"JORNAL DAS TRINCHEIRAS - Órgão de divulgação da Revolução Constitucionalista de 1932 publicado pela Liga de Defesa Paulista por incumbência do Comando Supremo do Exército Constitucionalista. Com um formato de 32 por 23,5cm dos números um a três, composto e impresso nas oficinas da Tipografia Garraux, passou, a partir do nº 4, a apresentar um formato maior, de 47 por 32cm, com quatro páginas por exemplar. Essa ampliação foi motivada pela necessidade de “ampliar a matéria fornecida à leitura dos homens que se acham nas trincheiras e introduziu na mesma a variedade que era de desejar” (Jornal das Trincheiras, nº 4). A partir de então o jornal passou a ser editado nas oficinas de O Estado de S. Paulo. Circulou de 14 de agosto até 25 de setembro de 1932, poucos dias antes da rendição paulista, ocorrida a 1º de outubro do mesmo ano. Durante esse período foram editados 13 números.

A linha editorial do Jornal das Trincheiras restringia-se a esclarecer o motivo da Revolução Constitucionalista, bem como as razões que levaram os paulistas a resistir. A seu ver, o motivo da revolução de 1932 residia na necessidade da 'restauração da lei', do primado constitucional, da restauração da franquia e do direito constitucional. As razões da resistência eram o Brasil como pátria comum de todos os brasileiros, livre, gozando da liberdade. Ao cidadão e à imprensa cabia a responsabilidade de zelar pela lei e pela ordem. Segundo os editorialistas do Jornal das Trincheiras a revolução de 1932 não era regionalista, mas nacional. Não era tampouco separatista, nem militarista, nem partidária: 'O movimento é brasileiro e visa reimplantação no país do regime da lei'.".

O Jornal das Trincheiras teve a colaboração de outras personalidades paulistas como por exemplo o poeta satírico Juó Bananère (Alexandre Ribeiro Marcondes Machado), figura frequentemente associada à Semana de Arte Moderna de 1922.

Sobre J. U. Campos, no catálogo da exposição Ilustradores de Lobato - SESC-SP, 2015 - ficamos sabendo:

"O artista gráfico e pintor Jurandyr Ubirajara Campos (1903-1972) ilustrou o maior número de livros de Monteiro Lobato. Seus desenhos trouxeram para a cena editorial brasileira os traços e o vigor da publicidade americana. J.U.Campos, como assinava o artista, desenvolveu seu talento nas pranchetas do jornal The New York Times, em Nova York, em temporada de estudo e trabalho nos Estados Unidos.

Após sua volta ao Brasil, em 1930, ilustrou primeiramente História do Mundo para as Crianças (1933) e Geografia de Dona Benta (1935). Alguns desenhos têm caráter científico, enquanto outros são retratos de personagens históricos, nos moldes dos editados em livros didáticos. Pouco mais tarde, nos anos 1940, J.U. Campos debruçou-se nos personagens do Sítio, promovendo uma competente releitura da obra pioneira de Voltolino. A influência americana pode ser constatada na composição de vários desenhos, mas é evidente nas capas da série Os Doze Trabalhos de Hércules (1944), que lembram as dos pequenos gibis de western.

J.U. Campos foi um dos introdutores da moderna arte da propaganda em São Paulo. Sua estada nos EUA coincide com a de Monteiro Lobato, que foi adido comercial do Consulado Brasileiro em Nova York. Foi nesse período, “nos Estados Unidos de Ford”, que J.U. Campos casou-se com Martha, filha de Lobato, dando ao escritor a neta Joyce.

No Brasil, o ilustrador passou a se dedicar à pintura com o incentivo do sogro, sob orientação de Pedro Alexandrino. Inicialmente, naturezas mortas e depois, retratos e figuras. Suas obras receberam inúmeros prêmios e láureas. Reproduções de pranchas coloridas a óleo do pintor J.U. Campos acompanham todos os volumes da obra completa de Lobato".


Ilustração de J. U. Campus para o livro A Chave do Tamanho de Monteiro Lobato (Editora Brasiliense - 15ª edição - 1969).

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Felipato, o tal - Diário da Noite - 1952

Em julho de 1952 o Diário da Noite (RJ) começou a publicar sua página infantil A Carochinha. A seção saia às quintas-feiras e estava sob a responsabilidade da jornalista Maria Lucia Amaral e com desenhos a cargo de Ezio.

A página incluía, além de contos e matérias de cunho educativo, uma tira em quadrinhos, também produzida por Ezio, com roteiros dele mesmo ou de Heloise.

Os personagens das tiras não eram fixos e elas retratavam fábulas, como os Músicos de Bremen, contos e aventuras de outros personagens, como por exemplo o Dr. Grilo, além de Felipato, o tal, com desenhos de Ezio e roteiros da própria Maria Lucia (acima).

A Carochinha perdurou até fevereiro de 1953.


Em dezembro de 1954, Maria Lucia Amaral se mudou de mala e cuia para o Diário de Notícias e passou a gerenciar a página infantil Calunga, nos mesmíssimos moldes de A Carochinha, levando inclusive o desenhista Ezio (imagens abaixo).

Em Calunga, além de tiras com personagens variados, aparece novamente Felipato, mas dessa vez com os desenhos reformulados e roteiros ainda de Maria Lucia Amaral.

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Maria Lucia Amaral, educadora, escritora, jornalista, teatróloga e cantora, nasceu em 1916 em Pernambuco. Foi lá, nas páginas do Diário do Commercio que, em 1948, iniciou um trabalho pioneiro na imprensa de Recife, quando lançou no Jornal do Commercio uma página dedicada ao público infantil. Mudou-se para o Rio de janeiro em 1951 aos 32 anos de idade, trabalhando no Diário de Notícias onde manteve de 1954 até 1963 a página infantil Calunga, embora as tiras em quadrinhos tenham sido abandonados com o passar do tempo.

Para ler uma boa entrevista com a autora clique no site da ABI.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Simplício - Visão Brasileira - 1948

Simplício, como já diz o próprio nome, era um sujeito simplório que se deixava envolver pelas aparências e pelos fatos ao seu redor.


Personagem de vida curtíssima, foi criado pelo cartunista Appe em 1948 para a revista Visão Brasileira, publicação ligada ao D.I.P. (Departamento de Imprensa e Propaganda) do governo Getúlio Vargas e que circulou durante toda a década de 1940.


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Appe foi um dos grandes expoentes da charge brasileira e um dos principais colaboradores da revista O Cruzeiro. Sobre ele, em fevereiro de 2011, o jornalista Ediel Ribeiro escreveu ao site O Folha de Minas:

Amilde Pedrosa, o Appe, foi um dos mais consagrados cartunistas da “O Cruzeiro”.

Começou a trabalhar  na revista como paginador,  ilustrador e chargista político, em 1952. Na década de 70, ganha duas páginas na revista, onde cria a coluna Blow-Appe, que manteria até pouco antes do fechamento da revista, em 1975.

O cartunista que se chamava Anilde e não Amilde, não gostava do seu verdadeiro nome que lhe valeu o apelido indesejado de “Anil” - um produto usado para clarear roupa - dado pelos colegas, nasceu no Acre, em 20 de maio de 1920.

Começou a trabalhar como repórter colaborador e, mais tarde, como ilustrador em jornais de Manaus.

Publicou sua primeira charge em 1940 e realizou a sua primeira exposição individual de caricaturas em 46.

Um ano depois, transferiu-se para o Rio, onde, já com o apelido acróstico de Appe, criou suas primeiras charges políticas no “Diário da Noite”.

Trabalhou nos jornais “A Manhã”, “A Vanguarda” e em “O Jornal”: “O pessoal me achava cara-de-pau porque eu fazia charges anticomunistas, disse numa entrevista. Mas sou um profissional, nunca tive cor ideológica”.

No início dos anos 60, passa a viver com Neusa, que seria sua companheira por toda a vida.

Em 1977, grava um depoimento para o Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro.

No ano seguinte, muda-se para Versailles, na França. Retorna ao Brasil em 1980.

Volta a colaborar com vários jornais e revistas e tem algumas de suas charges censuradas, como a que mostrava Papai Noel levando ao Congresso Nacional um saco onde se lia a inscrição “Cassações”.

Dedica-se à pintura em seu novo ateliê, em Teresópolis, no Rio de Janeiro.

Em 2004, por motivos de saúde, procura um local de clima mais ameno. Vai morar em São Pedro da Aldeia, região litorânea do estado do Rio de Janeiro.

Appe morreu de problemas cardíacos e pulmonares, em 4 de agosto de 2006, aos 86 anos de idade, no município fluminense de São Pedro da Aldeia.

Appe no Diário da Noite (RJ), 1952.

 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Detetive Magalhães - O Globo - 1973

Em 1973 Jô Soares mantinha no jornal carioca O Globo uma página semanal de humor. Junto a frases, crônicas, piadas e cartuns, publicava em capítulos de texto, as aventuras do Detetive Magalhães, ilustradas por Marcelo Monteiro, filho do veterano desenhista Monteiro Filho.

Magalhães Junqueira, um detetive fracassado, morava em um quartinho apertado em cima do botequim de seu amigo Vasconcelos. Não demorou muito e, em junho do mesmo ano, ganhou suas aventuras em quadrinhos dentro da mesma seção e com desenhos do mesmo Marcelo.

Em sua primeira aventura em HQ, O Mundo perigoso de Magalhães, o detetive tem que enfrentar o terrível bandido Carlinhos Grambel e seus telefones explosivos e que deseja a todo custo eliminar Magalhães e Oswaldão, o dono da padaria Pão de Bisnaga. Magalhães era frequente e inadvertidamente auxiliado por sua noiva Creusa

Em abril de 1974 tem início a segunda aventura em quadrinhos de Magalhães: Operação Lixo. Nessa história começam a ocorrer misteriosos roubos de lixo por toda a cidade. Magalhães é contratado pela L.A.M.A. (Liga de Auxílio ao Monturo) para investigar o caso. Nosso herói é escolhido pelos computadores da organização "por ser realmente um lixo"!

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Sobre Marcelo Monteiro o jornal O Globo publicou em 19/04/2017 a seguinte matéria:

Um traço de 55 anos

Mais antigo funcionário do GLOBO, Marcelo Monteiro ilustrou colunas de Nelson Rodrigues e João Ubaldo.

ANDRÉ MIRANDA
andre.mirandaçmoglobo.com.br

A cena se repete há 55 anos, desde um tempo em que a maior parte de seus atuais colegas de trabalho nem era nascida. O homem discreto e elegante atravessa a redação no início da noite, a caminho de sua mesa. No trajeto, vagarosamente observa e captura na memória imagens como quem coleciona selos.
Já sentado, lê textos recém-escritos — tem o privilégio de ser o primeiro leitor de obras de alguns dos mais talentosos escritores brasileiros. Ele os interpreta com pincel, nanquim e guache, os mesmos instru-
mentos que lhe foram entregues em abril de 1962, quando Marcelo Monteiro começou sua carreira de ilustrador no GLOBO. E com o mesmo brilhantismo que faz de Marcelinho um dos mais admirados ilustradores do país.

— O Marcelo é uma estrela, é o Norte da bússola. Eu era repórter e depois passei a fazer caricaturas para O GLOBO e para o jornal “Opinião” em 1972. Eu convivi e aprendi muito com ele. Nosso trabalho era uma porcaria, e o dele já era brilhante — afirma o caricaturista Cássio Loredano.

Marcelinho começou no GLOBO aos 25 anos. Filho do também ilustrador Monteiro Filho e formado em arquitetura, ele trabalhava numa editora e havia feito a capa de um livro para Paulo Rodrigues, que assinava no GLOBO a coluna “Se a cidade contasse”. Foi Paulo, irmão de Nelson Rodrigues, que sugeriu o nome de Marcelo para o jornal.

Personagens de Nelson Rodrigues por Marcelo Monteiro.

Dali em diante, o artista foi responsável por traduzir em imagens os textos do próprio Paulo, de João Saldanha, João Ubaldo, Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura, Roberto DaMatta, entre outros. Um dos trabalhos mais marcantes foi com Nelson Rodrigues. Pelos traços de Marcelinho, personagens célebres do autor ganharam corpo. Era comum ver Nelson pedindo opinião para Marcelo sobre seus textos.

— Quando cheguei ao GLOBO, eu era o mais jovem. Hoje sou o mais velho — conta Marcelinho.
— Eu entrei na redação do GLOBO pela primeira vez por volta das 19h30m. O Roberto Marinho estava me esperando. Ele me disse: “Você pode começar hoje? Nem falamos de salário. Eu disse que podia, e ele apontou para o fundo da redação, onde eu encontraria o material para o meu trabalho. Eu sempre penso que aquela foi a primeira de muitas caminhadas.

No tempo de GLOBO, Marcelinho ainda teve outros feitos. Em 1978, coube a ele atualizar o desenho do famoso Bonequinho, o símbolo gráfico criado pelo ilustrador Luiz Sá em 1938 para acompanhar as críticas de cinema do jornal. Uma versão do Bonequinho indo embora, vestido de verde e amarelo, estampou a capa do Caderno de Esportes do GLOBO em 2006, quando o Brasil foi eliminado da Copa do Mundo. O trabalho rendeu a Marcelo, em parceria com Antônio Nascimento, Télio Navega e Alessandro Alvim, o prêmio Esso de Criação Gráfica daquele ano.

— O Marcelo é uma inspiração, é uma motriz. Ele vem para o jornal diariamente há 55 anos, e nunca o vi reclamar de nada — diz Alvim, editor assistente de Arte.

Sobre Jô Soares, na Wikipedia: 

José Eugênio Soares, mais conhecido como Jô Soares ou simplesmente Jô (Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 1938), é um humorista, apresentador de televisão, escritor, dramaturgo, diretor teatral, ator e músico brasileiro. Apresentou de 1988 a 1999 o Jô Soares Onze e Meia no SBT e de 2000 a 2016 o Programa do Jô na Globo. Foi o único filho do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Pereira Leal. Pelo lado materno, é bisneto do conselheiro Filipe José Pereira Leal, diplomata e político que, no Brasil Imperial, foi governador do Estado do Espírito Santo. Por parte de seu pai, é sobrinho bisneto de Francisco Camilo de Holanda, ex-governador da Paraíba.

Jô queria ser diplomata quando criança. Estudou no Colégio de São Bento do Rio de Janeiro, no Colégio São José de Petrópolis e em Lausana, na Suíça, no Lycée Jaccard, com este objetivo. Porém, percebeu que o senso de humor apurado e a criatividade inata apontavam para outra direção.

Detentor de um talento versátil, além de atuar, dirigir, escrever roteiros, livros e peças de teatro, Jô Soares também é um apreciador de jazz e chegou a apresentar um programa de rádio na extinta Jornal do Brasil AM, no Rio de Janeiro, além de uma experiência na também extinta Antena 1 Rio de Janeiro.


Cartum de Jô Soares para O Globo.

  • 1967 - Em "Família Trapo", roteirizava ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega e atuava como Gordon, o mordomo - TV Record - SP.
     
  • 1970 - "Faça Humor, Não Faça Guerra" foi primeiro humorístico da TV Globo a contar a com a participação do comediante. O programa em meio à Guerra Fria e ao conflito do Vietnã brincava com o slogan pacifista hippie "Make love, don't make war" (Faça amor, não faça a guerra).
     
  • 1973 - "Satiricom", novo humorístico da TV Globo, com direção de Augusto César Vanucci, realizava roteiros com Max Nunes e Haroldo Barbosa. A atração satirizava o título do filme homônimo de Federico Fellini - "Satyricon". Na promoção do programa, todavia, diziam que era a "sátira da comunicação" num mundo que tinha virado uma "aldeia global", expressão que esteve na moda depois dos primeiros anos da TV via satélite.

  • 1976 - "Planeta dos Homens", nova sátira com o cinema - desta vez, a série cinematográfica "O Planeta dos Macacos", atuava com roteiros de Haroldo Barbosa.

  • 1981 - "Viva o Gordo", com direção de Walter Lacet e Francisco Milani, foi o primeiro programa solo dele. Tinha roteiros de Armando Costa. Deu origem ao espetáculo do gênero "one man show" de Jô chamado "Viva o Gordo, Abaixo o Regime" (sátira explícita ao Golpe Militar de 1964 ainda vigente àquela época). As aberturas do programa brincavam com efeitos especiais usando técnica de inserção de imagens de Jô entre cenas famosas do cinema (como em "Cliente Morto Não Paga" e "Zelig") ou "contracenando" com políticos nacionais e internacionais, como Orestes Quercia, Jânio Quadros, Ronald Reagan etc.

  • 1982 - Participação no "Chico Anysio Show".

  • 1983 - Participação no musical infantil "Plunct, Plact, Zuuum". Comentários no Jornal da Globo até 1987.

  • 1988 - "Veja o Gordo", estreia no SBT com o mesmo estilo do "Viva o Gordo" da Rede Globo. Estréia neste ano, ainda no SBT, o talk -show "Jô Soares Onze e Meia" 1988-1999.
     
  • 2000 - Participação no especial de Natal do programa "Sai de Baixo" - episódio "No Natal a Gente Vem Te Mudar" (sátira ao título da peça de Naum Alves de Souza, "No Natal a Gente Vem Te Buscar".
     
  • 2018 - Participa como comentarista do programa Debate Final, no Fox Sports, debatendo sobre a copa do mundo de 2018.

domingo, 18 de outubro de 2020

As aventuras de Pinguim - A Manhã - 1953

Em março de 1953 o matutino carioca A Manhã passou a publicar, aos domingos, a tira As aventuras de Pinguim, criada por Joaquim Reis.

Segundo o jornal, J. Reis era um jovem e talentoso teatrólogo e desenhista patrício e as histórias "leves e repletas de um alto e equilibrado senso de humor".

Apesar do traço infantil, as histórias de Pinguim comentavam assuntos da crônica jornalística como engarrafamentos de trânsito e as dificuldades de se conseguir uma ligação telefônica naquela época.

A Manhã tinha direção de Plínio Bueno e gerência de Alarico Lisboa.


sexta-feira, 16 de outubro de 2020

O Sapo Encantado - Folha do Sul - 1983

Sobre O Sapo Encantado, o pesquisador João Antonio Buhrer escreveu em seu fanzine Grafolalia:

“O cartunista Panis (nascido em 1955) publicou estas tiras d'O Sapo Encantado no jornal Folha do Sul, de Itapeva, SP, no período de redemocratização, lá pelos idos de 1983/1986. Não teve tempo de desenvolver a tira, muitos personagens apenas ficaram esboçados, como é o caso do Aedes. Quem brilhou foi mesmo o sapo, que está aqui ilustrando estas notas. A última tira publicada é aquela em que o sapo pergunta se nós ainda queríamos graça (Campinas, SP)".


Ao mesmo João, Panis (Edson Panis Kaseker) esclareceu:

"A idéia do Sapo Encantado nasceu contrapondo-se à do Príncipe Encantado. Aqui o príncipe ao ser  beijado volta ao estado original que é ser sapo. Detalhe: o Sapo tinha pinto, como se pode perceber em algumas tirinhas. E mostrava o pinto para a hipocrisia. E, entusiasmado com a nova direção da Folha do Sul, resolveu dar uma força pro jornal levantar voo, com novas ilustrações, novos clichês (na época impresso em tipografia), nova diagramação quando encontrava uma brecha. Até que a força acabou, o sapo voltou pro banhado onde hiberna até hoje. Um abraço do Panis".

Sobre o autor, no site da editora Criativo encontramos a seguinte biografia:

"Gerado em Castro (PR) veio à luz em Itapeva (SP). Contam que folhas em branco e lápis acalmavam a criança nervosa. Aos 7 anos, participou do I Salão Itapevense de Arte Infantil. Mais tarde, participou do II Salão Mackenzie de Humor, III e V Salão de Humor de Piracicaba, Salão da Anistia, FUNARTE, Gabinete de Leitura Sorocabano, Poipodrome (FRESTAS/Sorocaba). Mantém militância constante no magistério e nas artes gráficas".


terça-feira, 13 de outubro de 2020

A invasão de Mossoró por Lampião e seu bando - Diário de Pernambuco - 1955

Este foi mais um dos inúmeros trabalhos produzidos por Laércio S. Ramos para a dominical Página Infantil do Diário de Pernambuco, desta vez no ano de 1955.

Em cinco capítulos o desenhista conta em A invasão de Mossoró por Lampião e seu bando a encarniçada luta entre o grupo de cangaceiros e a cidade de Mossoró, a segunda maior do estado do Rio Grande do Norte, em 1927.

A Página Infantil era editada pelo Tio Juca, o jornalista Fernando Spencer e contou durante 5 anos com a colaboração assídua de Laércio.


Para saber mais sobre Laércio e Spencer clique aqui.

domingo, 11 de outubro de 2020

Caramuru - Diário de Pernambuco - 1954

Com a criação da Página Infantil do Diário de Pernambuco em 1954, sob direção do Tio Juca (o jornalista Fernando Spencer), o desenhista Laércio Silva Ramos passou a publicar semanalmente, aos domingos, dezenas de tiras de quadrinhos com temas variados que iam de contos folclóricos, relatos históricos a histórias infantis.

Caramuru foi a primeira delas, em 27 de junho de 1954, e contava a história do português Diogo Álvares Correia, que naufragando nas costas brasileiras se viu às voltas com os índios que viviam no litoral.

Laércio Ramos colaborou ininterruptamente com o suplemento até 1958, e geralmente seus trabalhos ocupavam um quarto da página do jornal, mas eventualmente usava outros formatos, como tiras horizontais, por exemplo.


Para saber mais sobre Fernando Spencer clique aqui.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

A Vida de Lampeão - A Noite Ilustrada - 1938

Em novembro de 1938 a publicação semanal A Noite Ilustrada começou a editar, em 20 capítulos, esta que até hoje é considerada a primeira biografia em quadrinhos do famigerado bandido Virgulino Ferreira da Silva: O Lampião. Isto bem pouco tempo após sua morte em 27 de julho desse mesmo ano.

'A Vida de Lampeão' foi desenvolvida pelo artista Euclides L. Santos, renomado desenhista, ilustrador e artista plástico. Na aventura é contada detalhadamente a infância e a juventude de Lampião, seu primeiro crime, o assassinato de um desafeto de seu pai, e seu ingresso no bando de Antonio e Manoel Ferreira, e assim prosseguindo por toda a carreira criminosa de Virgulino, até sua morte pelo 2º Batalhão do Regimento Policial de Alagoas.

O trabalho do desenhista Euclides L. Santos é bastante detalhado, embora vá sendo simplificado com o passar das semanas. 

O Lampião apresentado nessa história ainda estava bem longe do bandido social idealizado com o passar dos anos.


Sobre Euclídes sabemos:

Euclides Luís dos Santos nasceu em Mussaré, PE, em 1908. Pintor, desenhista e caricaturista. Veio para o Rio de Janeiro em 1930, juntamente com o desenhista e caricaturista Nestor Silva. Logo publicou seus primeiros desenhos no Para Todos, O Jornal e Diário da Noite, e realizou exposição com seu companheiro de viagem na Sociedade Brasileira de Belas Artes em 1931. No período de 1933 a 1955 colaborou como ilustrador nas páginas de A Noite, A Noite Ilustrada, Vamos Ler! (onde ilustrou o romance Oliver Twist, de Dickens), Carioca, O Cruzeiro, O Malho e Revista da Semana. Herman Lima, que o focalizou na História da Caricatura no Brasil (1963), referiu-se à intensidade de seu trabalho no campo da ilustração. Como pintor recebeu as medalhas de prata e de ouro e o prêmio de viagem ao estrangeiro no Salão Nacional de Belas-Artes, do qual participou em 1964.  

Fonte: Roberto Pontual, Dicionário das Artes Plásticas no Brasil, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1969.


Ilustração de Euclídes Santos para a capa da revista Vamos Ler, 1938.

Euclídes faleceu no Rio de Janeiro no ano 2000.

Para ler a aventura completa clique aqui.

Agradecimentos aos amigos Francisco Dourado e José Antonio Buhrer.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Purgatório - Trinta Dias de Cultura - 1991


Publicada pelo tabloide gaúcho Trinta Dias de Cultura em 1991 e criada pelo desenhista Cid D'Ávila e pelo argumentista Nelson São Bento, Purgatório era uma tira de humor negro que contava com a participação de um crânio, um corvo e algumas moscas em situações tenebrosas. A série pode ser considerada uma versão hardcore do Penadinho, de Mauricio de Sousa.


Sobre os autores:

Cid Domingues D'Avila nasceu em Passo Fundo - RS em 1965. Estudou publicidade e propaganda na Unisinos e foi desenhista na Plus Comunicações. Designer gráfico atuante nas áreas de Identidade Visual, editorial e ilustração há mais de 25 anos. Tem experiência com projetos para eventos, ilustrações editoriais, criação de personagens, caricatura. Professor universitário desde 2004.

Nelson Rodrigues São Bento Júnior nasceu em Porto Alegre - RS em 1967. Estudou publicidade e propaganda na Unisinos e foi redator na Plus Comunicações. Atualmente atua com consultoria publicitária e criação de textos para campanhas e outros materiais.

Agradecimentos ao amigo João Antonio Buhrer.

domingo, 4 de outubro de 2020

Eixinho, o monumental - Correio Braziliense - 1987

Eixinho, o monumental foi criado pelo cartunista Humberto (1961) em 1987 para o jornal Correio Braziliense. Em agosto de 1991, teve uma página com seu personagem publicada em O Pasquim, na qual Jaguar escreveu:

Um candango do humor

Aterrisou na minha mesa um envelope vindo de Brasília, mas não continha nenhuma Medida Provisória, muito pelo contrário, me parece que é uma coisa definitiva: uma autêntica vocação de humorista.

Com a palavra o autor: “Meu nome é Humberto, sou goiano, tenho 26 anos (11 de Brasília) e há quase quatro anos publico no segundo caderno do “Correio Braziliense" a minha tira “Eixinho, o Monumental", a única tipicamente Candanga. Como o próprio nome indica, é um personagem totalmente brasiliense, com todas as neuras e características de quem vive nesta cidade.


O Eixinho vive sozinho em um ninho em cima do Congresso Nacional, de onde tem uma visão privilegiada de tudo o que acontece na cidade e no poder. Para ele, os congressistas são apenas vizinhos de prédio.

Contracenando com o Eixinho estão um sapo antipático e egoísta que vive no Lago Paranoá (área nobre daqui) e uma tartaruga simplória e sempre crédula que veio tentar a vida na capital federal. Com este trio tento mostrar o dia a dia de Brasília visto por quem está dentro dela, passando não só o seu lado político, como também o relacionamento das pessoas, suas neuras, seus problemas e os da cidade”.

 

Em seu livro A Nova Republicada  (Editora do Autor, 1986) podemos ler a seguinte biografia do cartunista:

Humberto de Araújo Pereira Filho há 25 anos que é pernambucano e natural de Itambé, uma pacata cidade que faz divisa com o município paraibano de Pedras de Fogo, convivendo as duas prefeituras, por força das circunstâncias geográficas, numa interminável "aliança democrática".

Em 1976, já familiarizado com as paranoias da capital, inicia a publicação de charges esportivas no Diário de Pernambuco. No Correio de Pernambuco, em 1979, começa a publicar charges políticas e, no ano seguinte, cria a seção "A Careta da Semana", no Diário de Pernambuco.

Em 81, participa das exposições "Criaturas 11" - Funarte, Brasília; 1ª Mostra de Humor do Recife - "Humor em 3 Traços"; 1ª Mostra de Humor em Outdoor - Humor ao Ar Livre"; I Salão Nacional de Humor de Goiânia e VIII Salão Internacional de Humor de Piracicaba.

Em 1983, lança o livro "Na Boca do Gol" - a história do nosso futebol em charges publicadas de 78 a 82; participa do I Salão Nacional de Humor de Pernambuco (premiado) e 2º Salão Internacional de Humor, Canadá. Participa do II Salão Nacional de Humor de Pernambuco (premiado) e da exposição "O Traço da História" - Fundação Joaquim Nabuco, em 1984.

Em 85, participa do 3º Salão de Humor de Niterói (Menção Honrosa); I Salão Nacional de Humor de Alagoas; IV Salão de Humor do Piauí, 22º Salão Internacional de Humor, Canadá, e da exposição "A Favorita do Imperador" - uma visão bem-humorada. Realiza a 1ª Mostra Individual de Humor "RIR PRA NÃO CHORAR".

Atualmente, publica charges no Diário de Pernambuco, Tabloide e está concluindo o curso de Arquitetura (que parece nunca terminar!).


Charge de Humberto para o Diário de Pernambuco, 1985.

Agradecimentos ao amigo João Antonio Buhrer.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Perseu - Diário do Povo - 1976

Ricardo Dutra, desenhista apaixonado por histórias de guerra e mitologia grega publicou em 1976 a história do herói mitológico grego Perseu, no jornal Diário do Povo (Campinas - SP).
 
Segundo o site TodaMatéria: A princesa Danai era uma bela jovem. Seu pai, Acrísio, Rei de Argos, consultou um dia um oráculo que lhe disse que sua filha não deveria ser mãe. Segundo o oráculo, se ela tivesse um filho ele seria uma ameaça e poderia causar a morte de seu soberano. Após o aviso do oráculo, Acrísio resolveu trancá-la numa torre bem alta, com o intuito de ninguém se apaixonar por ela. No entanto, Zeus, ao vê-la na Torre se apaixona por Danai.

Para encontrá-la ele se transformou numa nuvem dourada e foi ao seu encontro. Após a chuva dourada que recebeu, ela ficou grávida de Zeus. Dessa união nasceu Perseu. Quando o pai de Danai ficou sabendo, resolveu pedir aos guardas para trancar a filha e Perseu numa arca e lançar no mar. Após dias na deriva, ambos foram encontrados por um pescador que lhes ofereceu abrigo e comida.

Perseu cresceu e se tornou um jovem muito forte. Assim, o rei Polidecto resolveu enviá-lo para enfrentar o monstro conhecido como Medusa. Ela era uma mulher Górgona com cabelos de cobra. Todos que olhassem em seus olhos, ela tinha o poder de os transformar em pedra. Para realizar esse feito, ele recebeu ajuda do Deus Hermes, que lhe emprestou suas sandálias voadoras. Além dele, a deusa Atena lhe ofereceu uma espada e um escudo.

Sem olhar em seus olhos e com o reflexo do monstro em seu escudo, ele consegue cortar a cabeça da Medusa. Após conseguir matá-la, Perseu coloca sua cabeça num saco e retorna à casa. Na viagem de volta, ele se apaixona por Andrômeda, uma bela mulher que estava acorrentada no meio do mar.

Com ela teve oito filhos: Perseides, Perses, Alceu, Helio, Mestor, Sthenelus, Electrião, Gorgófona (sua única filha).

Por conseguinte, Perseu fundou a cidade de Micenas e governou Tirinto.

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Ricardo Dura também publicou histórias de mitologia grega no Suplemento Quadrinhos, da Folha de S. Paulo. Acima Belorofonte, em 01/12/1974.