terça-feira, 2 de junho de 2020

Carcará - Diário de Pernambuco - 1973


Em março de 1973, Júnior, o suplemento infantil do Diário de Pernambuco, do grupo Diários Associados, começa a publicar a série Carcará dos irmãos, Watson e Wilde Portela,
que viriam a se tornar dois grandes expoentes do quadrinho nacional nos anos 1980 e 1990.


Carcará é filho do fazendeiro Sr. Petrônio, que tem suas terras invadidas pelo bando dos Cangaceiros Negros, bandidos mascarados que devem incendiar a escola que existe nas terras do fazendeiro, matar a professora que está chegando e se apropriar de um carregamento clandestino de armas. Os Cangaceiros Negros são chefiados pelo jagunço Macaco e por Santana, uma figura meio demoníaca e que obedece às ordens do Líder.


Carcará é um rapaz que tem super força e o corpo fechado mas sua origem nunca foi contada. A impressão que se tem é que ele já fazia parte do universo criativo da dupla quando sua primeira história foi lançada nas páginas do Diário de Pernambuco.


Um ano antes, em abril de 1972 os dois irmãos haviam entrado em contato com o Diário e receberam, nas páginas de Júnior, a seguinte resposta:

"Estamos recebendo dos irmãos Watson e Wilde Portela, dois ótimos trabalhos (estória em quadrinhos) destinados ao nosso jornalzinho. Ambos residem no Recife e trabalham de parceria, isto é, Wilde escreve as estórias e Watson ilustra. Pediríamos aos dois talentosos jovens que aproveitassem suas idéias criando personagens ligados à nossa história ou sobre nossos índios. Dessem aos enredos, um clima de otimismo e menos violência. A história do Brasil está cheia de episódios maravilhosos e de tantos exemplos dignos de seguí-los. Vocês — Wilde e Watson — podem reviver através das páginas do JUNIOR fatos sensacionais.

Apareçam aqui, na redação, para um bate-papo onde possamos trocar idéias sobre o que vocês poderão fazer. E fiquem certos de uma coisa: aceitas nossas sugestões, as portas do JÚNIOR estarão abertas.

Um abração!".

Como podemos ver, o convite foi aceito. Wilde passou a fornecer textos, roteiros e desenhos ao suplemento e Watson, a partir de setembro desse ano, foi alçado à condição de desenhista oficial do suplemento, fazendo quadrinhos e ilustrações, em substituição a Cavani Rosas, que por muitos anos exerceu essa função.

A chegada de Wilde e Watson ao Júnior causou um verdadeiro movimento de valorização aos quadrinhos regionais, atraindo diversos outros artistas pernambucanos como Roberto Portela, Tête Portela e Sergio Cariello, e personagens como Petrus, Guaracy e Dr. Caspo, como veremos nas próximas postagens.


Em maio de 1976, Carcará ganhou uma nova aventura chamada A Volta de Carcará - A Lei do Cangaço, desta vez envolvendo Virgulino Ferreira, o Lampião, cujos homens, a revelia de seu chefe, atacam a casa do vaqueiro José Boiada, mas a aventura não foi concluída, sendo substituída por uma aventura de faroeste.

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Sobre os autores:

Na Wikipedia:

Wilde Portela
ou Wilde Portella é um jornalista e roteirista brasileiro de histórias em quadrinhos. Irmão do quadrinista Watson Portela, Wilde integrou nos anos 60 a banda Beatles Boys, que chegou a abrir shows para o cantor Reginaldo Rossi em 1973 publicou no jornal Diário de Pernambuco, a tira Carcará, ilustrada por Watson, para a Grafipar de Curitiba roteirizou histórias de cangaço para a revista Sertão e Pampas e o faroeste Grafter, ilustrado pelo primo Roberto Câmara Portela. No final dos anos 70, Wilde e Watson criaram o faroeste Chet para a Editora Vecchi, editora que publicava quadrinhos italianos do gênero originários da Sergio Bonelli Editore: Tex, Zagor e Ken Parker, a revista de Chet foi publicada entre 1980 e 1902 e teve 22 edições. Em 1999, publicou um livro sobre Reginaldo Rossi.

Em 2010, Chet voltou a ser publicado de forma independente, em 2012, roteirizou uma graphic novel sobre Lampião, publicada pela CEL Editora.


Ilustração para a capa de Júnior por Watson, 1973.

Watson Barroso Portela (Recife, Pernambuco, 18 de outubro de 1950) é quadrinista brasileiro. É irmão do roteirista Wilde Portela. Nascido em Camaragibe, Recife, Pernambuco, filho de Petrônio Portela e Suzete Portela Costa.

Iniciou a carreira na década de 1970, fazendo tiras para o Diário de Pernambuco, em 1975, foi contemplado em um concurso da revista Gibi Semanal da Rio Gráfica Editora, em 1976, a convite do editor Lotário Vecchi, mudou-se para o Rio de Janeiro e começou a colaborar com a Editora Vecchi, onde desenhou produziu histórias de terror para as revista Spektro e Pesadelo, cocriou e desenhou o faroeste Chet, inspirado no faroeste italiano Tex da Sergio Bonelli Editore, que trazia roteiro de seu irmão Wilde Portela, a princípio, o cowboy era publicado na revista de outro cowboy da Bonelli, Ken Parker de Giancarlo Berardi (roteiros) e Ivo Milazzo (desenhos), Watson também desenhou uma capa de Tex. Ainda na Vecchi, a HQ Paralela, uma história de ficção científica envolvendo um cangaceiro chamado Asa Branca, mais tarde essa história faria parte da série Paralelas.

Chegou a produzir as HQs Caçador de Esmeraldas e Napoleão Bonaparte para a EBAL de Adolfo Aizen, mas elas acabaram não sendo publicadas. Além de quadrinhos, fez a capa do álbum Até a Amazônia? (1978) do grupo Quinteto Violado.

Em 1980, mudou-se para Curitiba e passa a colaborar com a editora Grafipar, que tinha como editor o veterano Claudio Seto, onde desenhou quadrinhos eróticos, o satírico Super-Gay, Zamor, o selvagem, série criada por Franco de Rosa ambientada na lendária Atlântida, com um guerreiro forte similar a Tarzan, Conan e tantos outros usando uma faca tecnológica, o cowboy Rex, inspirado em Jonah Hex da DC Comics e até histórias infanto-juvenis com um traço inspirado nos mangás como Xanadu em Almanaque Xanadu e Robô Gigante, uma história sobre um mecha com roteiro de Claudio Seto. Para Bloch Editores, desenhou a revista Trapalhões.

Colaborou com o fanzine Historieta de Oscar Kern e a revista "Maturi" do GRUPEHQ (Grupo de Pesquisa de História em Quadrinhos) do Rio Grande do Norte. Em 1986, sua irmã Tête Portela editou o fanzine Gang Portela. Ainda em 1986, publicou duas histórias da série Vôo Livre na revista Radar da editora Press de Franco de Rosa e Paulo Paiva.

Em 1987, se muda para São Paulo e é contratado pela Abril Jovem, onde fez capas para HQs da DC Comics: Super-Homem,Crise nas Infinitas Terras, Novos Titãs e da Marvel Comics: Capitão América, Heróis da TV Grandes Heróis Marvel e Marvel Especial, ilustrou histórias brasileiras de Mysty, personagem da Marvel criado por Trina Robbins, no Brasil, os roteiros forma escritos por Lúcia Nóbrega. Também colaborou com a revista adulta Aventura e Ficção, que a principio publicava histórias da Marvel e depois histórias da revista espanhola Cimoc e por fim, HQs brasileira, nela publicou a série Vôo Livre, desenhou HQs de He-Man das séries japonesas de tokusatsu como Jaspion e Changeman, novamente com Trapalhões e até mesmo o Pato Donald da Disney.

No final da década de 1980, foi agenciado pela Commu International, publicando nos mercados franco-belga e holandês.

Em 2001 ilustrou matérias para a revista Playboy, nesse mesmo ano publicou pela Opera Graphica, o álbum A Última Missão, um crossover de personagens criados por Eugênio Colonnese. Na Editora Escala, trabalho na revista "Como Fazer Passo a Passo - Curso Prático de Desenho", um manual de como desenhar mangá.

Em 2002, publica nas revistas Almanaque de Quadrinhos e Banzai – O Melhor do Mangá Brasileiro da Editora Escala, nessa última, novamente usando o estilo mangá, no mesmo ano, a Opera Graphica lança um álbum da série Paralelas, com histórias publicadas pela Grafipar e um álbum inédito, O lado escuro da alma. Em 2005, ilustrou Os Guerreiros das Dunas, uma HQ sobre a resistência de índios potiguaras contra invasores portugueses, roteirizada por Emanoel Amaral, um dos fundadores do GRUPEHQ com financiamento da Lei de Cultura Estadual de Rio Grande do Norte. Em 2006, publicou o álbum O último Vôo Livre pela editora MRD.

E 2009, ganhou o 25º Prêmio Angelo Agostini na categoria Mestre do quadrinho nacional.

Em 2011 desenhou a personagem Tina de Mauricio de Sousa no álbum MSP Novos 50 publicado pela Panini. Em 2013, publica na revista independente Mundo Paralelo.

Ilustrou a graphic novel "Cabeça Oca e os Elfos de Terra Ronca", publicada em 2014, com roteiros de Christie Queiroz e capa do italiano Andrea Freccero.

Em 2015, a Devir Livraria publica um álbum da série Paralelas, no mesmo ano, o autor é premiado pelo Troféu HQ Mix na categoria Grande Mestre dos Quadrinhos.


2 comentários:

Dyel disse...

Fascinante!! Watson Portela é mais do que um artista...ele é UM PATRIMÔNIO DA HQ BRASILEIRA!!

Lancelot disse...

Muito bom também... Tem um pouco da plástica do Manning...