terça-feira, 16 de junho de 2020

Tio Paco - Diário de Pernambuco - 1974

Tio Paco era um dos anfitriões do suplemento infantil Júnior, do Diário de Pernambuco. Apresentava seções, dava notícias de concursos e escrevia curiosidades.

Em setembro de 1974 ganha sua versão em quadrinhos pelas mãos de Wilde Portela nos textos e Francisco Carlos (Francisco Carlos Ucha), e posteriormente, Roberto Portela nos desenhos.

A série mantinha o caráter educatico das narrações de Tio Paco, com temas como geografia e vida animal.


Em novembro do mesmo ano, as histórias deixam pra trás os temas educativos e Tio Paco ganha o título de Agente Secreto TP7, vivendo uma aventura no Japão, onde deve encontrar o Mandarim Vermelho (numa mistura de nacionalidades orientais!) e desvendar o "desaparecimento das bolas de gude"!

Na série Tio Paco, assim como o desenhista Roberto Portela que era lutador de artes-marciais, lutava de kung-fu e parte para a sua missão: recuperar as bolinhas de gude escondidas no castelo da Floresta Negra, em companhia de seu intérprete Sorriso.

Dentro do castelo, Tio Paco e Sorriso descobrem que as bolas de gude são usadas na confecção de estatuetas do Buda.

Em fevereiro de 1975 é anunciada nova aventura de Tio Paco, desta vez assinada somente por Francisco Carlos. Essa aventura, assim como a seguinte, anunciada em junho do mesmo ano, nunca foi publicada (abaixo).


Finalmente, em julho de 1975, Tio Paco retorna em sua derradeira aventura, desta vez os desenhos estão a cargo de Watson Portela. Nela, Tio Paco parte para Chicago em missão secreta. Numa história cheia de referências e metalinguagem o agente secreto encontra vários personagens dos quadrinhos mundiais. Infelizmente a história foi interrompida, ficando sem conclusão.



Os outros anfitriões de Júnior eram Tio Joca e Tia Lola. Tio Joca era pseudônimo do editor do suplemento, o jornalista Fernando Spencer (Fernando José Spencer Hartmann, 1927-2014). Fernando já havia usado o pseudônimo de Tio Juca como editor, e de Fernando Saldanha para textos, na página infantil do mesmo jornal em 1953.

O jornalista Francisco Ucha deu o seguinte depoimento em relação ao personagem:

"Olá, Luigi! Caramba, nem lembrava mais que o Tio Paco tinha sido publicado no Júnior! Deixe te esclarecer algumas coisas (e fazer uma terrível confissão!):

Eu fui um dos criadores do personagem, desde a sua concepção, com barba e sem bigode, até seu jeito atrapalhado, mas ele não foi um alterego do Wilde. Ele foi criado para dar 'aulas' aos leitores mirins a partir das aventuras que vivenciou. O nome 'Paco' foi uma querida homenagem ao meu pai, embora o personagem não tenha nenhuma semelhança com ele. Meu pai era um imigrante espanhol e 'Paco' é uma forma carinhosa de se chamar 'Francisco', seu nome (e o meu também). Esse desenho absurdamente horroroso é meu... Essa é a confissão! Eu assinava F. Carlos e obviamente não sabia desenhar, mas queria aprender.

As histórias eram criadas por Wilde e eu participava também. Depois decidimos transformar o Tio Paco num 'agente' aventureiro. O cara que aparece de bigode e uma bolsa era o Wilde, que na história do Tio Paco era um jornalista. Depois nos desentendemos e o Wilde continuou o personagem (que eu criei com ele, saliente-se) com seus parentes. A primeira versão se descaracterizou mas a segunda, totalmente maluca colocava referências do Tio Paco que 'desenhei' em alguns quadrinhos. rsrs

O Tio Joca era o Fernando Spencer mesmo, grande crítico de cinema".

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