terça-feira, 23 de junho de 2020

Sorriso - Diário de Pernambuco - 1974


No início da década de 1970 os Estados Unidos tentavam uma aproximação comercial com a China, isso resultou em uma variedade de produtos culturais como a série de TV Kung Fu, com David Carradine, a adoção do ator e lutador chinês Bruce Lee por Holywood e os quadrinhos do Mestre do Kung Fu da Marvel. Essas influências também atingiram as produções brasileiras.

Sorriso
surgiu em outubro de 1974 como coadjuvante nas aventuras do Tio Paco no Diário de Pernambuco no suplemento Júnior.

Em outubro de 1975 ganha aventura solo pelos primos Wilde Portela
nos roteiros e Roberto Portela (ou Portella) nos desenhos, bastante influenciados pelo desenhista espanhol F. Ibañez, o autor de Mortadelo e Salaminho.


A aventura passa-se em 1946, com a chegada de imigrantes japoneses ao Recife. Em 1948 nasce o pequeno Toka Kileva, que por não chorar nunca, é apelidado de Sorriso.

Aos 16 anos Sorriso, interessado nas artes marciais, é mandado por seu pai ao Japão para estudar. Encontrando seu mestre, Sorriso aperfeiçoa-se em várias modalidaes de luta, incluindo o kung fu. Depois de 2 anos de treinamento é enviado ao Egito para conhecer os segredos do país, mas o avião é bombardeado em pleno ar por agentes desconhecidos.

O avião explode e Sorriso é dado como morto, mas, saltando com seu paraquedas-guarda-chuva, aterrisa no Egito. Por ordem do Chefe os agentes seguem à procura de Sorriso, mas o mestre das artes marciais nocauteia os dois. Os agentes vencidos revelam a ele que seu chefe, o Moita, quer contratá-lo como professor de artes marciais. Sorriso recusa o pedido e parte para o Egito à procura de seus mistérios.


Em fevereiro de 1976, com a reformulação do suplemento, Sorriso ganha nova série por Wilde e Roberto Portela, desta vez em formato de tira. Nessa curta aventura Sorriso, aparentemente hipnotizado, tenta matar o chefe nº 2, Mister Z. Impedido pela senhorita Pepeca, volta a si e revela ter sofrido lavagem cerebral. Mister Z decide manter o plano e manda Sorriso de volta ao Japão para que todos pensassem que ele tinha sido morto por Sorriso. O chefe dos bandidos revela que irá roubar todas as pérolas do Japão e matar Sorriso. No interior do avião que o levará a seu destino, Sorriso declara ter assassinado Mister Z e é chamado à cabine de comando. O piloto revela a Sorriso que o avião está caindo e não há pára-quedas para ele. Sorriso salta, cai em um pântano e se livra de um crocodilo, perdendo seu boné, sai à sua procura. Recuperando o chapéu Sorriso vai embora ao som de Raul Seixas.

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Sobre o desenhista: 
Roberto Câmara Portela, Brasil (1956) - Nascido em Recife, Roberto iniciou-se profissionalmente nos quadrinhos quando desenhou para a EBAL uma versão de A bagaceira, de José Américo de Almeida. Nela, Portela apresentou um bom domínio do claro-escuro, lembrando o estilo de José Ortiz, já famoso no Brasil naquela época. Embora sempre mais voltado para a pintura, Roberto passou a colaborar com as revistas da Vecchi (Histórias do Além, Sobrenatural, Almanaque do Terror) e também para a Grafipar em tramas de ação, terror e suspense, quase sempre de temática brasileira, mas com o chamariz do sexo. Na sua carreira como pintor, Roberto também gostou de trabalhar com o erótico, inclusive na coleção desnudando os Mitos... Anos de Ouro de Hollywood, com a 'participação', entre outras, de Greta Garbo, Marlene Dietrich, Ava Gardner e Marilyn Monroe. (Enciclopédia dos Quadrinhos - editora L&PM, Goida e Kleinert, 2011).

A Bagaceira por Roberto Portella e João Newton Alvim, Ebal, 1980.

2 comentários:

Roberto Portella disse...

Sorriso - Diário de Pernambuco - 1974
Ola! Casualmente encontrei essa bela surpresa para mim, postada por você. Faz muito tempo. Uma brincadeira criada pelo primo wilde Portella e eu começando a desenhar sobre forte influência do espanhol F. Ibañez. Bela pesquisa que nem eu tenho mais... só lembranças.
Abraços
@robertoportellaimagemaker

Luigi Rocco disse...

Obrigado pela visita e pelas belas palavras de incentivo, Roberto. Um grande abraço!