sexta-feira, 25 de junho de 2021

Ricardo Maia, o repórter detetive - 1952


Lançado em 1951 pelo jornalista Samuel Wainer com o apoio de Getúlio Vargas e apoiador do mesmo, o jornal Última Hora foi um dos primeiros jornais brasileiros com a preocupação de apresentar uma programação visual pensada e com uma diagramação sólida e elaborada. Para tanto "importou" vários artistas gráficos argentinos, entre eles o chargista Molas e o ilustrador Guillermo Ares.

Para o veículo, Ares criou em 1952, com textos de Carlos Renato, o repórter detetive Ricardo Maia.

Graficamente muito influenciada pelos quadrinhos argentinos e por George Wunder, de Terry e os Piratas, nos desenhos, o repórter Carlos Renato, logo em sua primeira aventura, recebe a visita de um estranho, que alega que seu irmão será morto e determinado horário. O tal "Crime com hora marcada", e terá de resolver o mistério.

Na Wikipedia há uma menção a certo jornalista Guillermo Ares como colega de trabalho do caricaturista Andrés Guevara na redação do jornal Crítica em 1929, mas como é uma data muito anterior ao seu trabalho no Última Hora não é possível ter certeza de que se trate da mesma pessoa.

Na internet não há outras referências a Ares, mas, em entrevista à revista Nicolau (que pode ser lida aqui), em 1989, o desenhista Flávio Colin fala sobre Guillermo:

"Nicolau: Que outras influências você apontaria na sua carreira?

Colin: A de um amigo argentino, que fugiu das peripécias do Perón. Veio um bando de argentinos pro Brasil, excelentes gráficos e artistas, que se piraram com a derrocada do Perón. Meu amigo era o Guillermo Ares. Ele não era um grande desenhista, brilhante, criativo, mas como tinha aquela escola argentina, sabia muito de técnica, e eu aprendi com ele também. Por exemplo, aprendi a fazer uma mão. O dese­nho dele era até feio. Posso mostrar uma enciclopédia que era feita na Rio Gráfica e tem os meus primeiros desenhos e também os do Guillermo Ares, onde dá pra ver que usei a técnica dele. Eu sou um fã do claro/es­curo, acho que na história em quadrinhos, usar o meio tom, a retícula é um recurso. Não quero xingar quem usa. Quando usa, está bem usado, mas pra mim é uma aberração, eu não uso. Uma coisa curiosa, todo mundo diz: você tem uma certa influên­cia do Milton Caniff, e eu digo: é possível, devido à admiração que eu tinha pela sua colocação em preto e branco... e depois, era uma aula de desenho".

 

Guillermo Ares em 1956 na revista Enciclopédia em Quadrinhos da editora Rio Gráfica.

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