Criado por Luiz Pinheiro para a página "Quadrinhos" do jornal O Poti - RN, Tenente Wilson foi uma série de ficção-científica que contava as aventuras do personagem título, um piloto espacial às voltas com um soro misterioso. Mais um herói lançado pelo GRUPEHQ (Grupo de Pesquisa e Histórias em Quadrinhos), iniciativa potiguar de incentivo aos quadrinhos nordestinos. Nos desenhos, podemos perceber que Luiz Pinheiro mostrava grande influência de Jack Kirby.
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Em sua edição de 3/11/1971 a revista Veja publicou o seguinte artigo sobre o Tenente Wilson:
De Natal a Urano — Há algum tempo vêm sendo publicadas em quadrinhos pelo Poti as aventuras de um natalense do século XXI, o tenente Wilson. Partindo de uma cidade de esplêndidas cúpulas de vidro inquebrável, sua missão é levar para Urano um valioso carregamento de minérios. Entre Natal e o remoto planeta, entretanto, sua nave é abordada por piratas do universo. Idealizado por Luís Pinheiro — um garoto de treze anos, conhecido entre os alunos do colégio marista como Ameba e famoso pelos debates que trava com o professor de ciências.
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Na edição de lançamento da página 'Quadrinhos' do jornal, foi publicado o seguinte texto:
"Esta é a página que estava faltando para completar o total aproveitamento das possibilidades do offset em Natal. Assim se coroa a batalha inteligente que o sr. Luís Maria Alves (diretor do jornal) tem levado a efeito, ao longo dos anos, para oferecer uma informação atualizada e apoiar os valores da terra.
Da nossa primeira exposição de Histórias em Quadrinhos, na Biblioteca Pública do Estado, em maio passado, nasceu a idéia da organização de um grupo para pesquisa, criação, estudo e divulgação desta técnica narrativa tão popular. O GRUPEHQ (Grupo de Pesquisa em HQ) hoje diz “presente” aos leitores deste matutino. E, ao assumir este plano, espera que lhes sejam criadas as condições para concretização das palavras do nosso conterrâneo Moacy Cirne — autor do livro BUM! A EXPLOSÃO CRIATIVA DOS QUADRINHOS (o primeiro livro brasileiro sobre o assunto) — no catálogo daquela exposição pioneira: “Esta exposição, certamente modesta, certamente incompleta, poderá ser a abertura para as possibilidades dos quadrinhos brasileiros.
Não como importação de modelos estrangeiros, mas como criação de um mundo a partir da nossa realidade nacional. isto é, social.” Parafraseando-o, poderemos dizer que esta página (que não é uma página só para crianças) será a abertura para as possibilidades do quadrinho nordestino — juntamente com a revista GIBI-NOTÍCIAS, que estamos igualmente lançando neste começo de agosto.
Quem se interessar, quem atestar capacidade em criar historinhas, ou escrever artigos críticos, notícias, notas e tudo o mais que se refira à chamada OITAVA ARTE — pode nos procurar, que sua colaboração será aceita (é claro que se realmente for válida). Aceitamos críticas e sugestões, se construtivas.
Queremos dialogar. Trazemos um ideal: o que nos leva a esta tentativa é a necessidade de redefinir entre nós as histórias quadrinizadas, tema aparentemente passageiro, mas que tem, na verdade, ampla importância e influência no contexto cultural contemporâneo e na sensibilidade do homem de hoje. Sem que perca aqueles efeitos de massa de pura fruição e divertimento, os quadrinhos têm manifestado riquezas estéticas, sociais e culturais verdadeiramente ilimitadas. Em termos de comunicação, abriram novos horizontes para a imprensa. Em termos de cultura geral, representaram e representam ainda o questionamento da arte tradicional, cujo caráter de eternidade é sucedido pelo consumo rápido das massas médias, sob o signo da reprodutibilidade técnica. Constata-se: as duas revoluções industriais mataram a obra prima, o objeto único, e os quadrinhos atingem um terço da humanidade, se tornando um fenômeno social da época. Merecem, sim, ser a notícia para que um jornal moderno, feito em offset possa por ela se interessar.
A partir de hoje, semanalmente aos domingos, O POTI terá então a sua página de historietas, onde adultos e crianças encontrarão motivo de elucidação sobre as novidades da época para uma simultânea formação moral e cultural. Depois, conforme as nossas possibilidades e a superação dos nossos limites provincianos, poderemos tentar ampliar o nosso raio de ação, publicando todo um suplemento dominical, e afirmando assim o quadrinho nordestino através da liderança natalense. Não val nisso esnobismo e sim uma promessa de trabalho e boa vontade".
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