A Família Bonney estreou no segundo número da página Quadrinhos, do jornal O Poti - RN, em 1971.
Aventura tradicional de velho oeste, provavelmente inspirada na onda do faroeste italiano que dominou os cinemas e a TV nesse período, contava como o patriarca dos Bonney, Kid Bonney, indignado com a facção criminosa que dominava a cidade de Tombstone, dirige-se para lá a fim de liquidar os bandidos e estabeler a ordem local.
Foi criada por Reinaldo Azevedo, integrante do GRUPEHQ (Grupo de Pesquisa e Histórias em Quadrinhos), e era publicada em capítulos semanalmente.
Em carta ao jornal, em agosto do mesmo ano, Moacy Cirne, crítico e pesquisador de histórias em quadrinhos, questiona a temática usada nos trabalhos do grupo:
"MOACY CIRNE (Rio de Janeiro, GB) — “Fiquei entusiasmado com o movimento de vocês, elevando os quadrinhos à altura que eles realmente merecem.
Contudo, eu gostaria de lembrar que — embora mereçam todo o nosso incentivo e apoio — quadrinhos feitos no Rio Grande do Norte devem partir, do contexto nordestino, ou seja, devem se inserir na problemática da terra e homem nordestinos.
O meu abraço para Lindberg, Pinheiro e Reinaldo, portanto, será maior quando os seus quadrinhos refletirem a nossa problemática. Convenhamos — por exemplo — que a FAMÍLIA BONNEY não é nada brasileira.”
A resposta veio em seguida:
"A coisa é tão complexa, Moacy! O negócio do consumo do nosso quadrinho é mesmo um negócio!... Existe o tabu de que não somos capazes de fazer quadrinho válido.
De maneira geral, o consumidor ainda está numa fase de só aceitar quadrinho de faroeste ou quadrinho tipo TIO PATINHAS.
Por isso que o Reinaldo experimenta a espécie de comunicação da FAMÍLIA BONNEY: pela devoração antropofágica, pelo vale-tudo metalinguístico.
Quando nosso quadrinho pégar, tentaremos então o nosso momento auto-crítico de quadrinho/verdade, com o TENENTE WILSON lutando por nossa tecnologia e o DON INÁCIO como instrumento de desmistificação".
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