sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Mauricio de Sousa - Entrevista - 1985

Entrevista realizada em 28 de janeiro de 1985 pelo jornalista Worney Almeida de Souza (WAZ). O tema versa basicamente sobre a gênese da personagem Tina e fazia parte de um estudo mais abrangente sobre as mulheres desenhistas de quadrinhos nesse período. Esse mesmo material foi publicado com edições no fanzine Quadrix nº 5, Especial Mulheres, em março de 1985.

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                            Tina no Suplemento Quadrinhos da Folha de S. Paulo, 1972.

Worney Almeida de Souza: Eu queria primeiro saber como surgiu a personagem da Tina. 

Maurício: A Tina surgiu da necessidade que nós tínhamos de puxar um personagem, ou uma história, pra falar uma linguagem mais próxima do adolescente. A primeira Tina quase que era uma Mônica, cinco ou seis anos mais velha, até em número de fios de cabelo. E era uma menininha dos seus 12 anos aproximadamente, meio feiosona, meio sem formas ainda definidas como mulher, acompanhada do Rolo, da Pipa, do Toneco, do Toim, personagens infantis, crianças, bichinhos, pra preencher melhor o mundinho, o universo dela. Só que com o tempo eu percebi que Toim, Toneco, os bichinhos, o papagaio, o cachorro, tavam brigando muito com a turma da Mônica, estavam muito próximos ainda da turma da Mônica e eu precisava então distanciar um pouco mais, foi daí que eu resolvi fazer um estudo do personagem mais velho. Então eu desenhei a Tina já com formas de mocinha, de menina moça, de cocotinha, de seus 17 anos aproximadamente. E desenvolvi esse desenho, tanto dela como também da Pipa, um pouquinho mais rechonchudinha, um pouquinho mais cheia de formas femininas e repassei, depois de algum tempo, repassei pra equipe, que é como nós fazemos aqui. Normalmente eu crio o personagem, eu crio o estilo do personagem, desenvolvo durante algum tempo e depois eu passo pra equipe. E com o tempo, então, o pessoal vai desenvolvendo as histórias da Tina. No começo eu escrevia todas elas, desenhei as primeiras e em seguida, depois, eu fui passando para o pessoal. Hoje os roteiros são escritos por três argumentistas e os desenhos são feitos também por desenhistas moços e moças, homens e mulheres. Quem herdou no começo, quando eu passei a Tina de formas mais femininas para o estúdio, quem pegou as primeiras Tinas foi uma desenhista chamada Emy (Emy T. Y. Acosta), que trabalha conosco na história em quadrinho e agora também na animação. A Emy, ela ao mesmo tempo, também, ela é acompanhada por outros desenhistas da casa como o Sidney, que também faz, durante algum tempo também fez as histórias. Outro desenhista chamado Julinho, Júlio Maurício, também fez as histórias da Tina, e posteriormente, agora, mais recentemente a Rosana (Rosana Munhoz Silva, 12 de novembro de 1963 - 14 de janeiro de 1996), que também faz histórias da Tina. A Tina, no lápis, ela é uma coisa, com uma arte final sofisticada, ela ainda ganha muitos pontos para cima, então, como é um personagem feminino, precisa ter uma aura e um cuidado, assim, um bom cuidado em termos de visual, roupas, moda e tudo o mais eu também prefiro que os arte-finalistas da Tina sejam mulheres, então, a arte final padrão da Tina começou nas mãos da Alice que é nossa diretora de arte, Alice Takeda. Daí, outras arte finalistas como a Marly Mitsunaga (Marli S. Mitsunaga Oyawa) também pegaram a Tina. Mas de vez em quando conforme a necessidade, arte finalistas homens também cuidam das histórias da Tina. Isso num sistema que nós usamos aqui no estúdio que permite que os nossos artistas, nossos desenhistas e arte finalistas, não fiquem parados, especializando-se apenas em um personagem, num universo. Eles fazem Bidu e fazem Horácio, fazem a Tina, fazem a Mônica e assim por diante. Logicamente, eu acho, que a Tina vai ganhar um universo muito maior quando eu tiver aqui no estúdio uma roteirista mulher que esteja vivenciando a realidade da menina moça, da menina pré vestibulanda. Isso me falta aqui ainda, inclusive estou em busca de uma roteirista mulher, que traga toda a carga e sensibilidade feminina pra enriquecer ainda mais o universo da Tina, Por enquanto nós estamos dando pro gasto aí e engendrando um personagem que neste ano vai ganhar revista própria inclusive.

 
Acima, Tina em O Jornal (1972).

WAZ: Só relembrando uma coisa, a primeira personagem (Tina) quando que nasceu? Em que ano? 

Mauricio: Não saberia te responder nesse momento, preciso pesquisar. Posso ver daqui há pouco. (Para saber mais clique aqui).

WAZ: E a personagem transformada quando nasceu?

Mauricio: Também, daqui há pouco te digo... 

WAZ: Você percebeu de repente que além das revistas o personagem necessitava de um desenvolvimento melhor, né? E de fato parece que foi a única personagem sua que cresceu, né? Cronologicamente... Passou de uma menina de 12 anos para uma de 17... 

Mauricio: Foi o único personagem que se alterou, que alterou as características. Dizem que para melhor.


Tina em tiras diárias, já com seu visual reformulado, 1978.

WAZ: Como é que tem sido a recepção da própria personagem? Especialmente no meio das mulheres. Que ela também procura atingir uma faixa de mulheres...

Mauricio: Procura. E nós precisamos ter muito cuidado, principalmente se são rapazes que escrevem as histórias, com os velhos vícios de machismo. É muito difícil, a nós homens, escrevermos com a cabeça da mulher. Aliás eu tive esse problema quando eu criei os personagens femininos meus crianças. Eu antes de ter as minhas filhas, a Mônica, Mariana, Magali e tudo o mais, eu escrevia histórias em quadrinhos, as primeiras histórias, do Bidu, do Franjinha, do Cebolinha, do Cascão, mas eu quase que me bloqueava, eu não fazia muito personagem feminino, porque eu não sabia como a cabeça da menina funcionava, eu nunca tinha sido menina, menino sim. Depois com o exame, com a familiaridade lá em casa com as minhas filhas, eu aprendi com elas como é que funciona a cabecinha das meninas. Eu imagino que aprendi, eu acho que sim, porque senão a Mônica não tinha feito sucesso. Com isto eu consegui escrever as histórias das menininhas também, mas eu nunca fui uma cocota, não sei bem como é que funciona esse negócio. Tive filhas adolescentes, tenho agora de novo também, as duas gêmeas Vanda e Valéria, estou tentando aprender com elas muita coisa, mas por outro lado, nesta época, geralmente a menina vai se aproximar melhor das amigas, dos amigos, e sai um pouco do lado dos pais, então a gente precisa ir buscar, ir atrás, e nem sempre a gente pega a essência do que está acontecendo com os adolescentes, então estou tentando aprender com as minhas atuais filhas adolescentes muita coisa, e eu até mesmo discutir com os roteiristas que vêm aí, com roteiristas nossos atuais, e o que vier, os problemas do adolescente, a vivência, o que esperam, o que eles aceitam e o que não aceitam mais, porque a vida tá aí, com uma dinâmica tremenda, a cada dia que passa o pessoal tá querendo enfrentar coisas novas, buscar novas vivências, novas situações, aprendendo coisas novas. Então eu acho que é uma história realmente, a Tina, é uma série de histórias que prometem muito, porque eu espero que seja uma coisa viva, em cima do que estiver acontecendo. Estamos tentando...


WAZ: Dá pra se notar no personagem, que é um personagem mais ligado no real, as situações, os argumentos, ele atinge mais o real do que o resto do personagens. Por exemplo, tem uma história que ela tava procurando emprego, tem uma história que ela tá fazendo vestibular, tem uma história que ela tá jogando na Loto. E você percebe que o próprio desenho tem um pouco de mangá feminino, quer dizer, o desenho feminino é diferente do desenho masculino. Dá pra se perceber um pouco nos traços. 

Mauricio: Você pode! Na história da Tina você pode sofisticar um pouco mais, porque inclusive a mensagem, a estrutura, tudo que está acontecendo a gente pode sofisticar mais, porque o público a que se destina realmente é um público que vai entender, vai sentir, não vai se distrair com detalhes. Na história teoricamente dirigida à criançada você tem que ser mais objetivo, direto, mais enxuto. A Tina pode se sofisticar mais ainda, a partir de agora quando nós aprendermos ainda mais com os jovens, com os adolescentes que fatalmente vão nos ensinar muita coisa. Eu acho que a Tina é um personagem em expansão. 

WAZ: Isso quer dizer que os outros personagens da história dela, o Rolo por exemplo, o Zecão, eles podem ser transformados? 

Mauricio: Eles podem ser melhor estruturados, eles podem ter uma personalidade mais rica, uma essência mais forte também pra ser apresentada. O Zecão, a Pipa, o pai da Tina que não tem aparecido muito também é uma figura importante, porque é um contraponto. Sempre o pai é o contraponto nas histórias. Então, eu pretendo muita coisa com a Tina. Não só a revista que nós estamos pretendendo fazer, através da Abril, mas talvez até mesmo o merchandising, afinal de contas é o que pode nos levar adiante, porque só com história em quadrinhos às vezes é problemático, a história em quadrinhos tem um custo muito alto, você sabe, principalmente uma história como essa que é feita em equipe e exige pesquisa, estudo. E eventualmente até mesmo alguma viagem. Alguns anos atrás, numa dessas busca, buscas das origens, busca de uma origem, eu queria transformar a Tina numa menina baiana. Se você analisar as histórias da Tina você vai ver que em algumas, muitos anos atrás, a Tina já andou por Salvador, havia paisagens baianas e tudo o mais, O pessoal botava a mochila nas costas e saia por aí. O pessoal faz hoje a mesma coisa mas não com aquele teor de aventura que havia antigamente. Hoje está mais fácil um pouco você sair de mochila por aí, naquele tempo era meio aventureiro. Eu estava buscando, eu mandei gente pra Bahia pra pesquisar, tirar fotografia pra servir de base aqui pro pessoal estudar. Não é impossível que se faça alguma coisa nesse sentido. Enquanto isso nós estamos também internacionalizando a Tina e essa realidade que você sente aí, que é mais um pouco chegada à nossa realidade, à realidade do jovem urbano brasileiro, do estudante urbano brasileiro. 

WAZ: Isso quer dizer que quando você desenvolver o personagem na própria revista ele vai se sofisticar cada vez mais?

Mauricio: Eu penso que a Tina pode, inclusive, também estamos pensando na Tina em desenho animado pra televisão. Com pequenas vinhetas de animação para a televisão, não só na brasileira mas também no exterior. Eu penso que está faltando na comunicação em quadrinhos e também no desenho animado, na mídia mundial, está faltando um grupo de personagens jovens, puxados pros nossos hábitos latinos urbanos. Nós somos, aqui em São Paulo pelo menos ou nas grandes cidades brasileiras, nós temos um jeitinho de tratar, de enfrentar problemas que dá para exportar. Porque são dados positivos, porque o jovem, tanto daqui como das grandes cidades brasileiras, o jovem enfrenta hoje uma série incrível de problemas e não está se vergando, não está se curvando, está ainda teimando em continuar, em tentar resolver. Mesmo com as escolas mal administradas de hoje, mesmo com o currículo que realmente deixa a desejar, com problemas com professores, com a instituição escola realmente com muitas falhas, o jovem ainda assim está tentando passar por cima disso e chegar do outro lado. Nos países ditos mais adiantados o jovem já é um acomodado, já baixou a cabeça e vai seguir, como dizia antigamente o pessoal, vai seguir a procissão, ou o enterro, pior ainda. No nosso caso o jovem está se recusando. Eu sinto isso através da rapaziada que chega aqui, que eu conheço por aí. O jovem está tentando ainda levantar a bandeira e passar por cima desses problemas todos. Eu penso que isto significa, ou isso dá o sinal, de que realmente este é o país que tem que confiar na força jovem, no pessoal jovem. Porque o pessoal que já veio aí, que já fez o que tinha que fazer, a gente não pode esperar muita coisa.

WAZ: Eu queria saber como é que você começou a montar essa equipe também com mulheres e até que ponto elas interferem, ou ajudam, no desenvolvimento dos personagens. 

Mauricio: Numa empresa como a nossa, que lança a Mônica, que de certa maneira é um protótipo da mulher independente, que não leva desaforo pra casa, que consegue resolver os problemas com seus próprios recursos, eu não podia fazer diferença entre homem e mulher, eu teria realmente que abrir as portas aqui pra profissionais que chegassem e contratar quem quer que fosse, que estivesse bem em desenho, bem em arte final, quer fosse homem, quer fosse mulher. Acontece que realmente em alguns trabalhos, tipo arte final, a mulher tem uma mão mais delicada, mais macia, pra alguns trabalhos mais delicados a mulher tem mais paciência, um traço mais sofisticado até. Então, na nossa empresa eu não pergunto quem quer fazer o quê. A gente vê realmente quem tem um estilo mais adequado pra determinada história ou até às vezes uma história de um mesmo personagem, conforme o tratamento que deve ter, deve sr direcionada pra um arte finalista homem ou mulher, conforme o jeitão, conforme o estilo em que a história foi concebida e desenhada. Acho que nós temos hoje um empate entre homens e mulheres na parte de desenho, na parte de arte final também estamos empatados, e acho que eu gostaria de ter mais mulheres, porque, veja bem, a mulher, quer nós homens queiramos ou não, ela realmente tem uma sensibilidade mais à flor da pele. Ela está mais espiritual, sempre, do que o homem. Tanto que quando eu tenho uma dúvida quanto a um roteiro de história, eu acho que um roteiro que um dos nossos roteiristas tenha criado, contém alguma coisa que eu ainda não concordo muito, que eu acho que é meio agressivo, alguma coisa assim, se eu tenho dúvida eu mando passar pelas moças da empresa, pra elas analisarem. Se elas acham que está tudo bem, a história sai, se as mulheres vetam é porque o negócio não está bom. É porque ou está agressiva, ou está grosseiro, ou está de mau gosto, ou coisa que o valha. Então eu costumo ouvir muito as profissionais nossas aqui em todos os sentidos, e acho que a contribuição delas é excepcional. Sem as nossas artistas mulheres provavelmente nós estaríamos ainda caminhando pra chegar na metade de onde chegamos.

WAZ: Apesar de existir um rodízio, cada profissional pega um personagem um determinado tempo, existe algum personagem que as mulheres especificamente trabalham ou não? 

Mauricio: Não, não há. Exatamente pra evitar que o pessoal se defase, que haja uma defasagem no estilo. Nós, de alguma maneira, a revista toda, todas as nossas publicações têm um determinado estilão. Um desenho mais solto, mais aberto, um traço bem objetivo, direto, sem muito rebuscado. Se alguém ficar só numa história, começar a se desenvolver só naquela história, a tendência será ela começar a se transformar, a ter um estilo totalmente diversificado. Não dou dois anos, pra todos os efeitos, a história dar a impressão de que foi feita num estúdio de outro país, de outro lugar, de outro autor e assim por diante. Então nós fazemos com que todos os desenhistas façam o mesmo tipo de trabalho. Lógico, alguns fazem melhor um material do que o outro. Há arte finalistas que gostam de histórias mais sofisticadas, de aventuras, outros gostam de mais brancos e vazios, e assim por diante, mas nós fazemos realmente esse rodízio. Alguns desenham bem mulheres, melhor do que outros. Já houve casos em que, principalmente nas tiras de jornal, um desenhista fazia os homens, outro desenhava as mulheres, daí então saia um equilíbrio. No começo quando eu criei a Tina cocota, a Tina bonitinha, eu demorava, assim, vamos dizer, dez vezes mais tempo pra desenhar uma Tina do que uma Mônica, porque eu não estava acostumado a desenhar aquele tipo de forma. A gente vai treinado e vai saindo. A mesma coisa acontece com os outros desenhistas também. Hoje eu voltei de novo, eu desenho pouco Tina. Ontem mesmo um garoto me pediu: desenha a Tina, eu desenhei, mas enquanto eu desenho uma Mônica em alguns segundos, a Tina demora um minuto, dois, pra sair bonitinha. 

WAZ: Última coisa: você se lembra, algum tempo atrás, faz uns cinco ou seis anos, na Folha de S. Paulo, começou a aparecer alguns desenhos que eram, creio que eram do seu estúdio, mas eram personagens com um desenho bem diferente, inclusive a Mônica e o Cebolinha, com roupas diferentes, roupas de criança. Isso foi feito por mulheres ou não? Eram personagens bem redondinhos, inclusive no Pelezinho tem muitos personagens assim.

Mauricio: Isso é nossa linha Baby, a nossa linha que aqui no estúdio a gente chama linha Baby, a gente usa pra merchandising às vezes, principalmente no merchandising ligados a produtos bem infantis, tipo chupeta, mamadeira e tudo o mais, nós usamos a linha Baby, é uma linha que inclusive os super-heróis têm, tem os super-heróis minizinhos, tem o Archie minizinho, e não é impossível que saia também uma linha Mônica Baby em quadrinhos.

WAZ: É que tem alguns personagens, alguns desenhistas em que o personagem é bem mais redondinho, mais fofinho. No Pelezinho* tinha muito disso e em algumas histórias da Mônica. 

*Worney está se referindo às ilustrações e histórias desenhadas por José Márcio Nicolosi (ilustração abaixo). 

  

Mauricio: Alguns dos desenhistas têm uma tendência a arredondar, outros não tanto, então, o material vem pra mim e eu sugiro até onde vai o arredondado, até aonde deve ir, então nós damos uma média, mas a linha Baby nós usamos mais pro merchandising ou às vezes ilustração, como você mencionou, na Folhinha, num jornal infantil vai bem, numa revista fica cansativo você fazer tudo pequenininho, redondinho, fica cansativo, então a gente dá uma dosagem pra não ferir. Mas temos dezenas de maneiras de apresentar o personagem, temos dezenas de maneiras de apresentar a fórmula, a fôrma dos personagens, tanto em duas dimensões, desenhados, como em três dimensões. O que precisa analisar aqui é como é que o público em cada setor, em cada canal de comunicação, vai receber. 

WAZ: Última coisa, quando é que sai essa revista da Tina, tem previsão?

Mauricio: Está sendo programada agora. Quando a gente programa, geralmente um ano, seis meses, pra sair. Acho que lá pras férias. 

WAZ: E seria quinzenal? 

Mauricio: Nós vamos sair com um almanaque primeiro, testar, e daí conforme for sair com uma revista periódica. 

WAZ: Ah, tudo bem, é isso. Obrigado.

Um comentário:

resiak74 disse...

Bem interessante e essa revista da Tina acabou não saindo, nem um almanaque. Só muito tempo depois na Panini e com a personagem em outra fase.