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Os primeiros desenhistas brasileiros de quadrinhos surgiram nas páginas do “Suplemento Juvenil”.
Naumim Aizen
Como se sabe, a princípio ele se chamava “Suplemento Infantil” e vinha encartado no jornal “A Nação”. A partir do nº 15 (20-27 de junho de 1934), se tornou independente e passou a se chamar “Suplemento Juvenil”.
Desde o primeiro número, publicou ilustrações e histórias em quadrinhos de artistas brasileiros. Neste artigo, não poderemos citar todos eles, dada a escassez de tempo e espaço. Mas, através de pesquisas na coleção completa da revista e em conversa com Adolfo Aizen e A. Monteiro Filho, pudemos fazer esta pequena homenagem aos desenhistas brasileiros — alguns, então iniciantes; outros, já profissionais — que, daquela data aos dias de hoje, continuaram ou não em seu trabalho artístico.
Vamos analisar, de início, os 14 primeiros números do “'Suplemento Infantil”, passando depois a comentar alguns desenhistas, citados por ordem alfabética.
Número 1 (14/3/1934)
A primeira capa, belíssima, era de J. Carlos (José Carlos de Brito e Cunha, 1884-1950), já considerado um dos maiores ilustradores de sua época, no Brasil e talvez no mundo, ornamentando o conto “A pedra que rolou da montanha”, do escritor carioca Luís Martins, mais tarde autor de romance (“Lapa”, “A terra come tudo” e “A girafa de vidro”), depois radicado em São Paulo.
Para outro conto, “A garça desconfiada”, de Galvão de Queiroz, colaborador de “O Tico-Tico”, vê-se uma ilustração de Monteiro Filho.
Para o monólogo “Trapalhadas”, outra ilustração de Monteiro Filho. O texto era de Eustórgio Wanderley, autor infantil muito conhecido na época, talvez por sua extensa colaboração em “O Tico-Tico”. Seus monólogos e pecinhas eram muito representadas nas escolas (eu mesmo cheguei a violentar minha timidez por ter de recitar um poema seu, durante uma festa escolar, lá pelos sete ou oito anos...).
Na última página do suplemento, o primeiro capítulo/página de “Os exploradores da Atlântida ou As aventuras de Roberto Sorocaba”. Sobre esta, vale dizer que é considerada a primeira história em quadrinhos brasileira criada com a técnica então empregada nos Estados Unidos — a do suspense no último quadrinho, nítida influência das fitas em série, tão em voga na época, e claro resquício do folhetim. O desenhista, A. Monteiro Filho, português de nascimento (Lisboa, 1909) e residente no Brasil desde os 11 anos, sempre teve uma preocupação obsessiva por assuntos brasileiros e, juntamente com a mulher, Maria, e o escritor paulista Oswaldo da Sylveyra, resolveu criar uma história em quadrinhos em que os personagens principais viajassem por todo o Brasil, mostrando-o por inteiro, com seus costumes, tradições, folclore, linguagem etc; no trecho referente aos índios, valeram-se eles dos conhecimentos de Maria, obtidos in loco, durante viagens feitas por todo o interior do Brasil; mas, terminada a parte indígena, a trinca precisava de muito tempo para as pesquisas, e isso era impossível devido às atribuições de cada um dos três na feitura dos outros suplementos diários do jornal “A Nação” (“Feminino”, “Bom-humor” e “Policial”). No nº 10, não se vê o capítulo da história. E, no nº 14, o último da fase em que o suplemento era encartado no jornal, a história chega rápida e heroicamente ao fim. Heroicamente? Sim, claro: no último quadro da última página, lê-se um “GD”. Indagado anos mais tarde sobe o significado da abreviatura, Monteiro explicaria: “GD de graças a Deus. Graças a Deus, a história tinha chegado ao fim!”.
Número 2 (21/3/1934)
Na capa, um conto de Luís Martins — “O sapo cururu” com ilustração de Monteiro Filho.
No miolo, duas histórias: uma, “As aventuras de Macarrão e Talharim”, de Queiroz, desenhista e caricaturista do “Diário Carioca” e “A Vanguarda”, com legendas de Luís Gazoza, obviamente pseudônimo (de quem?); e “Histórias de Chico Farófia”, com desenhos de Théo (pseudônimo de Djalma Pires Ferreira, colaborador de “O Malho”, “Careta” e “Fon-Fon!” e, nesse tempo, colaborador do''Suplemento Bom-Humor" de “A Nação”).
Chico Farófia por Théo.
Número 3 (28/3/1934)
Na capa, tem início “Os 4 azes”, uma deliciosa noveleta infantil de Jorge Amado e Matilde Garcia Rosa, com engraçadas ilustrações de Santa Rosa (que pena ele não ter ilustrado maior número de textos infantis, pois seu traço ainda hoje não perdeu o bom gosto). Durante alguns números, os leitores se divertiram com as aventuras do menino Tonico, do gato Pega-Ligeiro, do papagaio Doutor e do galo do terreiro, sempre com a visão gráfica de Santa Rosa.
Ainda temos uma página — “Os Sonhos de Frigolito” — do sempre divertido Max Yantok, desenhista com quem, por anos, tivemos o prazer de conviver diariamente na Seção de Desenho da EBAL, sempre desenhando, sempre pintando delicadíssimas aquarelas, sempre inventando de tudo, inclusive como reaproveitar as fitas das máquinas de escrever. Max Yantok, em 1934, já era conhecido por suas histórias e livros de texto (“Phil Hardigan”, “Jick Tindall”, “Pandareco, Parachoque e Viralata” etc) e deu sua contribuição ao recém-fundado “Suplemento Infantil". Ainda se deve esclarecer que Yantok, durante quatorze anos, foi tradutor das histórias em quadrinhos publicadas pelos jornais brasileiros: foi ele, pois, quem traduziu as tiras de Ferdinando e deu os nomes de Brejo Seco, Chulipa Buscapé e Lúcifer, de Pafúncio e Marocas. Dele, pode-se transcrever o que escreve Herman Lima: “Extravagante, como em tudo o mais, do nome à biografia, do traço originalíssimo ao próprio físico”.
Max Yantok n'O Tico-Tico em 1911.
Ainda encontramos mais duas histórias: uma de Théo e outra de Queiroz.
Finalmente, a primeira contribuição de Francisco Hikisch, lançando uma personagem entre engraçada e ingênua, na história “Molly é faceira”. Segundo o testemunho de Monteiro Filho, Hikisch era um homem com mais de cinquenta anos, cabelos grisalhos, bom e engraçado. Esse aspecto reflete-se bem em suas histórias, deste e dos números seguintes — engraçadas e ingênuas.
Número 4 (4/4/1934)
Na capa, na ilustração sem assinatura, se reconhece o traço inconfundível de Monteiro Filho, desta vez ilustrando o conto “O preto velho do cachimbo de ouro”, de Eustórgio Wanderley. Ainda vemos outra história de Queiroz e a segunda de Francisco Hikisch, “Molly passeia de avião”.
Número 5 (11/4/1934)
Na capa, mais um conto de Luis Martins, “A lenda do gigante que comia estrelas”, agora ilustrado por Tarsila. Tarsila do Amaral, quatro anos antes (1928), pintara “O Abaporu”, uma das obras mais representativas do Movimento Antropofágico; um ano antes, surpreendera com a tela “Operários”, nesse mesmo ano (1933), conhecera Luís Martins, no Rio, ao realizar a sua segunda retrospectiva carioca no Palace Hotel e, apesar de haver entre eles “uma grande diferença de idade”, tiveram forte ligação durante 17 anos. A ilustração de Tarsila — linear, mostrando toda a elegância do seu traço — valoriza a publicação e demonstra ousadia ao aproveitar o trabalho de uma pintora ainda tão polêmica.
Mais uma vez, Yantok colabora com uma página, contando como fora outro sonho de Frigolito.
Número 6 (18/4/1934)
Francisco Hikisch narra “Molly sonha com o papão”, história como todas as suas anteriores.
Número 7 (25/4/1934)
Não há nada de importante a notar, pois a capa apresenta um capítulo de “Tim & Tok” (“Tim Tyler's Luck"), de Lyman Young.
Número 8-9 (9/5/1934)
Francisco Hikisch traça outra de suas histórias: “Molly é comandante”.
Número 10 (16/5/1934)
Max Yantok apresenta mais um sonho do Frigolito.
Número 11 (25/5/1934)
Na capa, mais um conto de Luís Martins, “A Origem dos lagos silenciosos”, com traço de Monteiro Filho.
Número 12 (30/5/1934)
Na capa, inicia-se um “romancinho para crianças”, “...E na lua tem gente”, de Heitor Marçal, que terminará no número seguinte, ambos os capítulos com a visão de Monteiro Filho.
Número 13 (6/6/1934)
Na capa, uma ilustração de Monteiro Filho para o conto "O rapaz que procurava a sorte”, de Diávolo.
Número 14 (13/6/1934)
Mais uma vez, Monteiro Filho dá expressão gráfica, desta feita ao conto “A história do menor gigante do mundo”, de Francisco Tornec.
Monteiro Filho
Como se vê, apenas pela enumeração acima, a grande figura artística do “Suplemento Infantil” é Monteiro Filho. Com o pai, fundou uma oficina de desenhos, cartazes e panos de boca para teatro. Matriculado no Liceu de Artes e Ofícios, teve como mestres Argemiro Cunha, Eurico Alves e Ernesto Francisconi. Em 1927, por concurso, passou a frequentar as aulas de modelo vivo na Escola Nacional de Belas Artes, tendo sido aluno de Rodolfo Chambelland, Cavaleiro e Marques Júnior. Em 1932, trabalhou em “O Malho”, onde conheceu Adolfo Aizen, com quem fundou a série de suplementos encartados em “A Nação”, de João Alberto. Realizou inúmeros cenários para cinema, teatro e televisão. Colaborou com o construtor Fossatti nos desenhos e perspectivas do Hotel Quitandinha, em Petrópolis, RJ. O caricaturista Fritz (Anísio Mota) levou-o a dirigir a seção de desenho do jornal “A Noite”, colaborando em “A noite Ilustrada”, “Vamos ler”, “Carioca” e “Vitrina”. Projetou os estúdios da Rádio Nacional. Fez apenas uma caricatura, a de Catulo da Paixão Cearense, considerada obra-prima. Alvarus (Álvaro Cotrim) escreveu sobre ele: “Raros, dizemos nós, souberam como ele interpretar com tanta beleza e segurança gráfica os textos que ilustrou e que o colocam no mesmo nível dos grandes desenhistas mundiais.”
Propositadamente, fizemos exaustiva enumeração dos 14 primeiros números do “Suplemento Infantil” de “A Nação” (na verdade, como vimos, não foram 14 números, mas apenas 13 — o 8 e o 9 reunidos num único). A partir do nº 15, repetimos, a publicação passou a denominar-se “Suplemento Juvenil”. E é a partir daí que os ilustradores, quase todos eles, serão comentados por ordem alfabética.
Alguns desenhistas do “Suplemento Juvenil”.
Antônio Euzébio Neto (Antônio Euzébio) (13.06.1925) — Em 1942, o “Suplemento Juvenil” lançou o seu “Quarto concurso de desenho”, cujo tema era o “Movimento de 1842”, ou seja, um episódio da vida do então Barão de Caxias. Nesse certame, surgiram os nomes de Antônio Euzébio Neto e Hélio Cardoni. Antes de participar do referido concurso, Euzébio era auxiliar de escritório no Rio e adorava desenhar nas paredes do bairro onde morava. Após o concurso, andou pintando e ilustrando várias capas para “Contos Magazine” e “Policial em Revista”. Mais tarde, na Editora Brasil-América (EBAL), fez inúmeras capas de revistas “Edição Maravilhosa”, “Epopéia”, “Misterinho”, “Pequenina”, “Princesinha” etc — além de desenhar uma das mais lindas histórias em quadrinhos brasileiras, essa obra-prima que é “História de Nossa Senhora Aparecida”, para “Série Sagrada”. É considerado dos melhores capistas brasileiros, sendo excelente a sua técnica em guache. Durante muito tempo, se dedicou à publicidade, onde foi bem requisitado.
Arquibaldo Ribeiro — Ilustrou a história “Anhanguera”, com texto de Borelli Filho.
Carlos Arthur Thiré (Carlos Thiré) — Filho de Cecil Thiré, professor de Matemática do Colégio Pedro lI e Colégio Militar, Carlos só queria ser desenhista, para desgosto do pai, que o desejava ver matemático e engenheiro, como ele. O rapaz foi apresentado à redação do jornal “A noite” por seu colaborador, o escritor Malba Tahan (pseudônimo literário do Professor Júlio César de Melo e Souza), grande amigo do Professor Thiré, com quem escrevera alguns livros didáticos de Matemática. O rapaz, que na época já namorava Maria Antonieta Porto Carreiro, mais tarde a atriz Tônia Carrero, com quem acabou se casando, começou a trabalhar no jornal. Dali, passou a colaborar no “Suplemento Juvenil”, onde publicou, de 1936 até 1940, diversas histórias: “O gavião de Riff” (nº 185), “Raffles” (nº 210), “O senhor do oitavo pilar” (nº 255), “A volta de Raffles” (nº 387), “O baile de máscaras” (nº 444), “A maldição do faraó louco” (nº 531), “Raffles em Paris” (nº 693), “Ricardo Relâmpago” (nº 812) e “3 nomes começam com R” (nº 902). Seu traço, simples mas elegante, fino e requintado, tornou-o um dos desenhistas mais apreciados daquele período.
Belfort — Dele sabemos apenas este nome e que ilustrou a belíssima “Serra do Roncador” e, mais tarde, “No reino do silêncio” (nº 802, 30/1/1940).
Carlos de Almeida — Ilustrou a vida de Caxias, com textos do então Major Afonso de Carvalho. O referido trabalho — que começou no nº 798 do “Suplemento Juvenil” (20/1/1940) — tem um total de 26 capítulos, cada um com 6 quadros.
Celso Barroso (1924)— Venceu o “Segundo concurso de desenho” instituído pelo “Suplemento Juvenil”. Nasceu em Niterói, em 1922. Estudou em Campos. Em 1937, ao vencer o concurso — sobre a Independência do Brasil — veio para o Rio e passou a trabalhar no departamento artístico da publicação. Foi melhorando o traço cada vez mais, à medida que publicava seus trabalhos. Foi para a publicidade e, mais tarde, transferiu-se para os Estados Unidos.
Estanislau — Dele sabemos apenas que ilustrou algumas páginas cívicas e algumas “Cenas da história pátria”, com textos do poeta Murilo Araújo.
Fernando Dias da Silva (1921) — Maranhense, foi o vencedor do primeiro concurso de desenhos do “Suplemento Juvenil”, em 1937, com o trabalho “O enigma das pedras vermelhas”, história e desenhos seus, publicado a partir de 27/1/1938. Por ter traço muito pessoal, minucioso e elegante, foi convidado por Adolfo Aizen a vir trabalhar no Rio. Aceitou e veio imediatamente com a mãe, deixando no Maranhão a noiva, Muriel, com quem mais tarde se casou. Ao chegar ao Rio, precisava de móveis e o próprio Adolfo Aizen lhe deu móveis que tinham pertencido à sua mãe. Durante muito tempo trabalhou no Grande Consórcio de Suplementos Nacionais, onde ilustrou inúmeras capas, contos e histórias. Em 1941, a partir do nº 1071, publicou a série “Ouro Preto, cidade monumento”, com texto de Américo Palha. Em 1942, ilustrou em capítulos “Guerra holandesa”. Mais tarde, ao reuni-los em livro, pintou a capa em enorme tela a óleo, dificílimo na época de se reproduzir. Repetiu, então, o mesmo quadro a traço, com aplicação de cor, trabalho efetivamente utilizado. O quadro passou a pertencer a Adolfo Aizen e está em sua residência. Em 1980, quando a EBAL publicou “Holandeses no Brasil”, nova quadrinização do mesmo episódio, aproveitou-se a tela a óleo para a capa. Por aquela a traço, Fernando ganhou uma viagem aos Estados Unidos e, mais tarde, passou a trabalhar na McCann—Erickson Publicidade. Ilustrou uma quadrinização de “As minas do rei Salomão”, para “O mundo Ilustrado”, em lindíssimo colorido, pois também é excelente aquarelista. Por essa época, iniciou a revista “Capitão Atlas”, baseada no programa radiofônico de Péricles do Amaral. Após algum tempo, passou os desenhos da história em quadrinhos para André Le Blanc.
Discípulo confesso de Alex Raymond, consta que, na primeira vez em que foi aos Estados Unidos, teria procurado o mestre e mostrado trabalhos seus. Raymond teria ficado tão impressionado com a semelhança do traço, que, por ter de viajar, lhe teria dado o roteiro de Flash Gordon para que o brasileiro o desenhasse. Com a ajuda de um dicionário para poder entender melhor o texto, Fernando desincumbiu-se da tarefa. Anos mais tarde, viajou em definitivo para os Estados Unidos, onde vive perto de Chicago. Lá, até há pouco, desenhava as tiras diárias de Rex Morgan, assinando-se “da Silva.”
Fernando Dias da Silva em 1959.Gutemberg Monteiro — Arlindo Monteiro, motorista de Adolfo Aizen, certo dia lhe informou ter um irmão com muita queda para o desenho. Começou a trabalhar no “Suplemento Juvenil”, transferindo-se depois para a Época, empresa de propaganda de Geraldo Orthof, pai da escritora infantil Sylvia Orthof. Na década de 50, desenhou quadrinizações de romances brasileiros para a EBAL e a Rio Gráfica — “O sonho das esmeraldas”, “A senhora de Pangim”, “Anita e Garibaldi” etc. Foi para os Estados Unidos, onde, por muito tempo, trabalhou para o grupo Harvey. Hoje, assinando-se “Goot”, encarrega-se das pranchas dominicais de Tom & Jerry.
H. Santos Luzes — Ilustrou várias “Cenas da história pátria”, com textos de Murilo Araújo.
Hélio Guimarães Cardoni (12.06.1924) — Venceu, com Antônio Euzébio Neto, o “Quarto concurso de desenho”, cujo tema era o “Movimento de 1842”, ou seja, um episódio da vida do então Barão de Caxias. Ilustrou capas do “Suplemento Juvenil”. Mais tarde, passou a trabalhar em publicidade.
Hélio Queiroz — Estreou em “Mirim”, com “A estréia de Roberto Galvão (nº 30, 21/11/1937). Em “Suplemento Juvenil”, lançou “Tempestade nos Andes” (nº 614, 17/11/1938).
Hugo Winkelman (1923) — Tinha uma especialidade: desenhar títulos.
Humberto Barreiros — No nº 77 (4/6/1936), surgiu com Biluca, personagem de uma história com legendas em versos de Alberto da Costa. Daí por diante, passou a ilustrar inúmeras capas do “Suplemento Juvenil”, em especial as da série “Galeria dos heróis” e as em que se anunciavam, para promoção, os personagens a serem lançados.
Ildeu Moreira da Silva (1921) — A ele estava entregue a responsabilidade das capas e da propaganda. Mais tarde, mudou-se para Belo Horizonte, onde atualmente é pintor de renome. Obras suas figuram em algumas agendas de fim de ano.
Mário Figueiredo Jaci Monteiro (Mário Jaci) (1924) — Já era desenhista de “O Tico-Tico”, quando resolveu também colaborar para o Grande Consórcio de Suplementos Nacionais. Foi até lá em companhia da mãe, pois tinha apenas 15 anos. Os primeiros, trabalhos apareceram em “Mirim” — adaptações de romances de Rafael Sabatini, como “Capitão Blood” e “A volta do Capitão Blood”, e depois “Brasil: quatro séculos de história”. Para o “Suplemento Juvenil”, ilustrou alguns episódios da história do Brasil, com textos de Américo Palha, e algumas “Grandes figuras”. Colaborou em “O Globo Juvenil”, “Vida Juvenil“, “O Jornal”, “A Vanguarda”, “Diário da Noite”, “Revista da Semana”, entre outros. Orgulhoso, hoje afirma que o primeiro apartamento foi comprado apenas com o dinheiro ganho com os quadrinhos. Há cerca de 25 anos, deixou de ilustrar quadrinhos e passou a fazer projetos de engenharia hidráulica pluvial e é astrônomo amador.
Mário Pacheco — Um dos grandes ilustradores do “Suplemento Juvenil”. São dele inúmeras capas e páginas de “Grandes Figuras” e “Cenas da história pátria”. Seu traço elegante e bem acabado tornou-o um dos melhores ilustradores de sua geração. Hoje em dia, colabora no Departamento Artístico da Distribuidora Record.
Miguel Hochman — Desenhou as páginas de “Formação da pátria”, uma história do Brasil, com texto de Martim Vaz (Prof. Max Fleuiss), baseado nas “Efemérides brasileiras”, do Barão do Rio Branco. Mais tarde, todas as páginas foram reunidas em livro. Hochman desenhou algumas capas do “Suplemento Juvenil”. Na segunda metade da década de 50, foi cenógrafo da TV Tupi, em especial do programa “Grande teatro” e, depois, da firma Rei da Voz.
Oscar Brenner (1926) — Foi descoberto em 1940, através do concurso do “Suplemento Juvenil”, “Descobrindo artistas e revelando valores”. Ao ser contratado pela publicação, consideraram-no o mais jovem desenhista profissional do Brasil, pois ainda não completara 14 anos. Ilustrou várias capas e páginas da série “Grandes figuras”. Pintou a óleo o retrato do Coronel Costa Netto, superintendente das Empresas Incorporadas ao Patrimônio da União, que passou a figurar na sede da mesma.
Raimundo Santos — Desenhou várias páginas da série “Grandes datas do Brasil”.
Renato Lima (1921) — Ilustrou a história “A Serra de Prata” (com texto de Mário Lima), cujo primeiro capítulo foi publicado no nº 285. Desenhou, ainda, uma série de biografias de pintores brasileiros.
Rodolfo Iltzsche — Desenhista e pintor de origem alemã, era filho de um fabricante de vitrais, em cuja oficina trabalhou por muito tempo, no Rio. Ilustrou grande número de páginas cívicas, além de criar e desenhar a história “No País das amazonas”, que começou a ser publicada pelo “Suplemento Juvenil”, no nº 733 (22/8/1939). Em 1956, foi responsável pela quadrinização de “A ilha selvagem”, romance de Théo Filho.
Sálvio Corrêa de Lima Negreiros — Nasceu em Caxias, MA, e se criou em São Luís. Em 1941, aos 18 anos, venceu o “Concurso de história em quadrinhos" sobre “A retirada da laguna”, com história e legendas de sua prima, Aurora Corrêa Lima. Os desenhos — lindíssimos e de uma classe incomparável, mesmo para um jovem recém saído da adolescência — fizeram com que Adolfo Aizen o convidasse a trabalhar no Rio, no “Suplemento Juvenil”.
Era em plena guerra e o mar oferecia muitos perigos. Sua viagem é uma epopeia, digna de quadrinização. De São Luís para Teresina, tomou um trem, uma velha Maria Fumaça, em viagem longa e cansativa. Ao chegar a Teresina, fez uma exposição de quadros pintados ali mesmo; um deles; “Colheita da carnaúba”, foi adquirido pelo Governador por 800.000 réis. Com o dinheiro arrecadado na venda das telas, chegou a Fortaleza montado na carga — juta e caroá — de um caminhão. Outra exposição em Fortaleza. Em Petrolina, Pernambuco, pegou uma barcaça e subiu o rio São Francisco até Pirapora, Minas Gerais. Tomou um trem até Belo Horizonte e outro até o Rio. Ao chegar ao Grande Consórcio, foi contratado e passou a ilustrar capas do “Suplemento Juvenil”, “Contos Magazine” e “Suplemento Policial”. Dele é a capa de “A Grande aventura”, edição comemorativa dos 10 anos do “Suplemento Juvenil”.
Colaborou em várias revistas (“Ele e Ela” etc), ilustrando contos, e em várias editoras. Hoje em dia destaca-se muito em publicidade e trabalha na Salles Inter-Americana Publicidade.
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NAUMIM AIZEN é Diretor Editorial da Editora Brasil-América, autor de "Onomatopeias nas histórias em quadrinhos”, em “Shazam!”, de Álvaro de Moya (Perspectiva), e “Era uma vez duas avós...”, livro infantil.
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