sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Capitão Cascudo - O Jornal - 1963

  
 
Em junho de 1963, com 82 anos e mais de 50 anos de carreira como ilustrador, cartunista e quadrinhista Max Yantok (Max Cesarino Yantok - Soledade/RS, 1881 - Rio de Janeiro/RJ, 1964) aceita um novo desafio: criar uma tira para os Diários Associados: Capitão Cascudo. O trabalho será publicado simultaneamente em O Jornal (RJ) e no Correio Braziliense (DF), ambos pertencentes ao grupo de Assis Chateaubriand.

Capitão Cascudo é mais um dos muitos heróis aventureiros realizados por Yantok em sua imensa produção. Cascudo, encontrado boiando em alto mar, amamentado com leite de baleia e capitão aos oito anos, vive suas aventuras marítimas junto a seu fiel escudeiro Tung-Li, também encontrado naufragado.

Recheada de trocadilhos e humor nonsense, Capitão Cascudo não faz feio perante as tiras estrangeiras junto às quais era publicado.


Por ocasião do lançamento da tira, em 14 de junho O Jornal publicou a seguinte matéria:

"YANTOK 'ASSOCIADO' — Max Yantok é o mais novo dos nossos velhos colegas. Criador de um mundo especial de personagens incorporados à infância de todos nós — Kaximbown, Pipoca e outros — o octogenário Yantok permanece jovial e disso vai dar provas aos leitores de O JORNAL e Correio Braziliense, a partir de domingo, quando iniciaremos a contar, em quadrinhos, as aventuras e desventuras do Capitão Cascudo.
Antes, Yantok pôs o preto no branco, quando assinava, assistido pelo jornalista Ofir Pinheiro, secretário da Redação, o contrato que o fará a mais recente aquisição 'Associada'".


A última tira do Capitão Cascudo (03/10/1964) e também o último trabalho de Max Yantok.

Cascudo foi o último trabalho do desenhista, falecido em 01 de outubro de 1964. Quando de sua morte O Jornal publicou:

"Chargista Max Yantok morreu aos 83 anos e será sepultado hoje

Será sepultado, hoje, às 9 horas, no cemitério de São Francisco Xavier, o caricaturista Max Yantok, ontem falecido aos 83 anos, vítima de insulto cerebral, após mais de meio século de atividade ininterrupta, deliciando gerações de meninos brasileiros, com as 'charges' agudas e irreverentes, publicadas em tantos jornais e revistas, inclusive O JORNAL, onde a morte encerrou a sua carreira.

Criador de Kaximbow e Pipoca, personagens de historietas que fizeram época na imprensa infantil brasileira, Max Yantok, cuja estréia como caricaturista ocorreu em 1908, sustentou incansável atividade até a véspera do ataque que lhe cortou a vida.

NOSSO COLABORADOR

Era a O JORNAL que o notável caricaturista, desenhista e pintor que ele foi, dedicava a atividade que viria a constituir o ponto final na mestria de seu lápis e o inesgotável fluir de sua verve sempre tão marcadamente pessoal. Vai para um ano, Yantok lançou neste jornal as historietas do Capitão Cascudo, personagem que, com os companheiros de aventuras as mais fantasiosas que se pudessem imaginar, ia já alcançando a notoriedade de suas antigas personagens, que foram as já lembradas, e mais Pandareco, Para-Choque e Viralata, nas revistas de outros tempos, como O Tico-Tico, O Malho, Fon-Fon, Dom Quixote e mais recentemente, Tiquinho, para só citar algumas das publicações periódicas mais conhecidas.

Na imprensa diária, Yantok fez charges para os nossos principais jornais, como Jornal do Brasil, Correio da Maranhão, O Imparcial, Estado de São Paulo etc.

ESCRITOR

Era, a mais de suas aptidões em várias modalidades artistico-plásticas, escritor de imaginação, fazendo-se autor de contos que tiveram destaque nos suplementos literários.

BIOGRAFIA

Max Yantok era natural do Estado do Rio Grande do Sul. Muitos o julgavam estrangeiro pelo acento que demonstrava em seu linguajar por vezes italianizado. Nasceu no lugarejo gaúcho denominado Soledade no ano de 1881. Seu pai Giovanni Cesarino, era italiano, sua mãe, de nome Maxui, era índia. Daí ter recebido o nome indígena de Y-anta-oca, que em tupi quer dizer rio (Y), animal que bebe no rio (anta) e moradia (oca). O nome do grande caricaturista ontem falecido, por corruptela, passou a ser Yantok e seu sobrenome pouco conhecido, era Cesarino.

Sempre assinou porém, seus trabalhos com o nome pelo qual se tornou conhecido. Temendo a febre amarela, seu pai levou-o para Salerno (Itália) onde estudou no Colégio Padre de Cavia e conjuntamente começou o estudo das primeiras letras e fez estudos de desenho, ramo pelo qual sempre demonstrou vocação.

Em seguida ingressou no Conservatório de San Pietro-a-Majella, onde cumpre curso brilhante, tornando-se violinista aplaudido. Na Escola de Belas Artes vem a obter a Medalha de Prata, e não obstante teve sucessos alcançados, o jovem Max Yantok forma-se também em engenharia e contabilidade.

De retorno à Pátria, em 1908, exerceu as várias profissões até decidir-se pela que o sustenta numa atividade permanente e intensa, — a caricatura. Seu traço, no gênero, é inconfundível, acentuando uma personalidade artística que forma então os nossos mais categorizados humoristas do desenho".


Auto caricatura de Yantok.

Agradecimentos ao amigo Francisco Dourado.

3 comentários:

ofeliano de almeida disse...

EXCELENTE!

Luigi Rocco disse...

Obrigado!

Dyel disse...

Uma curiosidade: tempos após a sua morte, Max Yantok recebeu uma homenagem; seu nome batizou uma rua do bairro Bancários, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.