sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

O Centauro Felisberto - Jornal do Brasil - 1973

Em tom de fábula e devaneio, às vezes como narrador e às vezes como protagonista, o Centauro Felisberto contava fatos e causos de um mundo mágico e de habitantes estranhos, como por exemplo uma barriga ambulante.

Com roteiro de Mauro Costa e desenhos de Orlando Mollica a série Conta-nos o Centauro Felisberto passou a ser publicado no suplemento infantil Caderno I, do Jornal do Brasil, a partir de setembro de 1973.


Felisberto teve uma aventura longa publicada no primeiro número da revista O Bicho (editora Codecri, março de 1975). Essa história havia sido produzida para a revista Crás da editora Abril, como não foi aproveitada, acabou saindo posteriormente na revista O Bicho dirigida pelo cartunista Fortuna (abaixo).


Centauro Felisberto em O Bicho, 1975.

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Sobre Mollica, Gonçalo Jr. escreveu no Jornal da ABI, nº 402, em julho de 2014, esta bela biografia:

Artista plástico e arquiteto

Orlando de Magalhães Mollica nasceu em 5 de agosto de 1944, no Rio de Janeiro. “Eu sou tamoio, sou natural daqui, descendente de ancestrais do Rio de Janeiro”, definiu-se, certa vez. Descrevia-se nos últimos anos como artista plástico e arquiteto — formou-se pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, atual UFRJ, em 1969. Entre seus cursos complementares, estudou ilustração na School of Visual Arts, em Nova York, e fez Paisagismo no Instituto dos Arquitetos do Brasil, sob a orientação do professor Fernando Chacel, e de Introdução à Economia Política na ABI, coordenado por Paul Singer. Também estudou Semiologia com ninguém menos que Umberto Eco. Como profissional de Arquitetura e Urbanismo, foi projetista do escritório de Arquitetura Bernardo Figueiredo, além de autor e executor do projeto dos carros alegóricos da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira: “Pioneiros da Aviação”. Fez ainda pesquisa do levantamento da identidade Cultural do Bairro de Vila Isabel para o projeto “Perfil Cultural da Cidade do Rio de Janeiro”, junto à Fundação Rio. Em 1982, tornou-se o responsável pelo Projeto de Urbanização do Complexo do Morro do Alemão e Jacarezinho.

Na publicidade, Mollica entrou para a história ao se tornar, em 1979, o autor do cartaz pela Anistia Nacional, que percorreu o mundo. Ficou mais conhecido, porém, pela importante passagem pela imprensa a partir de 1972, quando estreou no caderno infantil do Jornal do Brasil como autor e responsável pela seção Diacor. Enquanto isso, adentrava no mundo dos livros como coautor do layout e arte final da capa e contracapa do livro O Golpe Contra Howard Hughes, de Stephen Fay. Criou também uma série de histórias em quadrinhos no Caderno I, do Jornal do Brasil. Fez o mesmo na revista alternativa Esperança no Porvir. Até ser contratado como chargista diário pelo Jornal do Commercio (Rio de Janeiro). Tornou-se também colaborador de O Pasquim e Opinião, ícones do jornalismo de resistência contra a ditadura. Em 1974, criou uma página de humor em suplemento da secular Revista Vozes, publicada pela editora católica de Petrópolis. No ano seguinte, virou chargista diário da Última Hora, enquanto era convidado pelo colega Fortuna para colaborar com a revista de quadrinhos nacionais O Bicho, da Editora Codecri, a mesma que publicava O Pasquim.

A paixão pelas histórias em quadrinhos fez com que ele, nas horas vagas dos cartuns e da arquitetura, adaptasse para os quadrinhos os romances Helena, de José de Alencar, e A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, pela Editora Etecetera. Seu nome, então, ultrapassou as fronteiras brasileiras depois do convite para participar da seleta Enciclopédia Latino-Americana de Humor. Antes de virar ilustrador exclusivo de O Globo, a partir de 1976, colaborou durante  algum tempo na revista masculina Ele Ela, da Bloch Editores. Em 1978, seus cartuns foram incluídos no livro O Novo Humor do Pasquim.


A despedida do humor se deu nos anos de 1999 e 2000, quando colaborou com a revista Bundas, criada por Ziraldo. Um ano antes, participou do júri do Salão Carioca de Humor de 1998, na Casa de Cultura Laura Alvim. Se não bastasse tudo isso, teve duas passagens pelo cinema. Primeiro, em 1977, quando se tornou responsável pelos figurinos, cenografia e apresentação do filme Cordão de Ouro, do diretor Antonio Carlos Fontoura. Em 2005, cuidou da produção e direção do curta metragem Eu, Rio.


Há dois anos, Mollica havia transferido seu ateliê do Jardim Botânico para o Rio Comprido, bairro onde nasceu e cresceu. Uma mostra de seu trabalho celebrou seu retorno à região e a inauguração do novo espaço de trabalho. Considerado um dos arquitetos mais irreverentes, somava à sua rica personalidade as facetas de jornalista, chargista e pintor. Com seu olhar atento e provocativo, estimulava a inteligência e a sensibilidade em relação à paisagem que nos cerca. Sem trocadilhos, viveu e traçou o mundo com seu talento singular.


Mollica no JB em 1973 e no Pasquim em 1990, com a caricatura do ex-presidente Fernando Collor.

Mollica na revista independente Esperança no Porvir, 1973.

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