O célebre apresentador de TV Wilson Vasconcelos Vianna (1928-2003) ganhou, em 1976, uma série de aventuras em tiras, publicadas no Diário de Notícias do Rio de Janeiro, com arte de Carlos Chagas e roteiros de Cláudio Almeida, parceiros de longa data.
Em tom de ficção científica e recheada de equipamentos bélicos, uma das especialidades do desenhista, contava as façanhas de Adalberto Azam, ou o Capitão Aza, um sobrevivente da 2ª Guerra Mundial com várias próteses biônicas e que agora serve ao país em casos internacionais.
Em sete de abril daquele ano o Diário de Notícias publicou:
...........................................................................................
"Capitão Aza - Herói brasileiro do planeta Terra
A voz e a de um ator que dispensa o microfone; a oratória é a de um advogado brilhante em plenário; o físico e a decisão são a de um atleta e de um capitão. Capitão Aza, que é Wilson Viana, e que a partir da segunda quinzena deste mês, estará diariamente nas páginas do DIÁRIO DE NOTICIAS.
História em quadrinhos. Sem armas mortíferas. Sem tanques. História em que ele enfrenta "O Tirano de Cyclops". E ao menor perigo, corre a defender o seu "herói civil", Beto Azam.
Agora, leitor infantil, onde quer que você se encontre e em que frequência estiver você atuando, atenda ao meu comando, que é uma ordem para a alegria das crianças. Três, dois, um... câmbio!
Wilson Viana - É a história do novo herói nacional, Beto Azam, nome este em homenagem ao capitão da FAB, Adalberto Azambuja, figura exponencial dos quadros da Força Expedicionária Brasileira, morto em 1943.
Beto Azam (personagem se antecipando aos quadrinhos - Eu vou lutar contra seres de outros planetas. Nossa primeira aventura começa nos rochedas dos Abrolhos onde sabemos, através de in- vestigacões, existirem habitantes de Cyclops. Eles querem conquistar a Terra e, para isso, usam mil disfarces. Chegam mesmo a ter aparência humana, mas haveremos de descobri-los. E vencê-los. Um por um".
Como podemos perceber, a redação não tinha uma ideia exata do que ocorreria nas aventuras do Capitão Aza!
.........................................................................................
Carlos Chagas apresentava um desenho de excepcional qualidade em sintonia com o que de mais moderno se fazia em termos de tiras naquele momento, com um traço que lembrava bastante o desenhista Al Williamson.
Em sua página nas redes sociais, Chagas esclarece:
"Desenhei do Capitão AZA, para o Diário de Notícias, em 1976, quando tinha 22 anos. Ao todo, desenhei 53 ou 54 tiras, antes que o jornal fechasse de repente. Nunca recebi pelo trabalho".
Sobre o personagem, a Wikipédia nos esclarece: "O Capitão AZA foi criado em setembro de 1966, durante a ditadura militar, servindo como homenagem a um falecido herói da FAB que lutou na Segunda Guerra Mundial, o capitão aviador Adalberto Azambuja, que era conhecido como AZA entre os aviadores.
O Capitão AZA, com seu uniforme aeronáutico e o capacete de piloto com o "A" com duas asas, era interpretado pelo ator e policial civil Wilson Vianna e foi criado para tentar superar o programa concorrente da Rede Globo, Capitão Furacão, tendo conseguido tal objetivo após alguns meses, liderando a audiência junto aos mais jovens".
O Capitão Aza em 1973 no Cruzeiro Infantil no traço de Ari Moreira. Ari já havia apresentado aventuras do Capitão Aza no suplemento infantil de O Jornal em 1970.
Em 1973, o personagem Capitão Aza teve histórias em quadrinhos publicadas na revista "O Cruzeiro Infantil" da Editora O Cruzeiro.
O Capitão Aza em 1974 no Cruzeiro Infantil no traço de Villy.
Sobre Carlos Chagas e Cláudio Almeida, podemos ler na Enciclopédia dos Quadrinhos (Goida e André Kleinert, L&PM, 2011):
Cláudio criou as tiras de O Espectro para O Jornal, em 1969.
"CHAGAS, Carlos - Brasil (1952) - Ilustrador e capista brasileiro, de trabalhos de alta qualidade, Chagas eventualmente aventura-se pelos quadrinhos. Gosta principalmente de histórias cômico-satíricas, que foram publicadas nas revistas Crazy, Pancada e Klik. As colaborações maiores de Carlos Chagas foram para a revista Mad na versão brasileira, primeiro pela Vecchi e depois pela Record, com magnífico trabalho de editoria de Ota, Otacílio D'Assunção)".
"ALMEIDA, Cláudio - Brasil (?) - Mais conhecido como roteirista e, esporadicamente, desenhista, Cláudio Almeida dirigiu quase todo seu trabalho para a sátira e paródias. Gozou com programas de TV e novelas em revistas como Crazy (Bloch), Pancada (Abril) e Klik (Ebal), imitações da Mad e Sick norte-americanas. Também colaborou nas duas primeiras fases das edições brasileiras da Mad, publicadas respectivamente pela Vecchi e Record".
"ALMEIDA, Cláudio - Brasil (?) - Mais conhecido como roteirista e, esporadicamente, desenhista, Cláudio Almeida dirigiu quase todo seu trabalho para a sátira e paródias. Gozou com programas de TV e novelas em revistas como Crazy (Bloch), Pancada (Abril) e Klik (Ebal), imitações da Mad e Sick norte-americanas. Também colaborou nas duas primeiras fases das edições brasileiras da Mad, publicadas respectivamente pela Vecchi e Record".
Cláudio criou as tiras de O Espectro para O Jornal, em 1969.
2 comentários:
Carlos Chagas e Claudio Almeida formavam uma dupla criativa fantástica, como pode ser visto em outras publicações nacionais volta das para o humor, o melhor estilo Mad, como Klik, Crazzy ou Pancada. Cláudio também era um grande desenhista, tendo desenhado varias edições de O JUDOKA, uma aventura do Fantasma (RGE), além de tiras para jornais, sempre fazendo seus próprios roteiros.
Carlos Chagas era, e ainda é, um fantástico ilustrador.
JM Alvarez
Um Herói um tanto esquecido merecia ter novas Aventuras ou mesmo ter estas antigas aventuras resgatadas mas em se tratando de Brasil existe tantas coisas que merecíamos!
Postar um comentário