Série de tiras publicada pelo jornal Última Hora a partir de 1951, Crimes que Abalaram o Rio contava em textos e imagens crimes históricos e contemporâneos praticados na cidade do Rio de Janeiro. Tinha redação de Josimar Moreira de Melo e desenhos de José Geraldo.
Josimar, falecido em 1965, foi um importante jornalista em meados dos anos 1950, chegando a diretor de redação do Última Hora de Samuel Wainer, tendo trabalhado também no Diário carioca.
José Geraldo, ou simplesmente Zé Geraldo, natural de Petrópolis, Rio de Janeiro, nasceu em 1924, é muito pouco lembrado atualmente, apesar da imensa produção nas décadas de 1940 a 1960, talvez por ter abandonado os quadrinhos em meados de 1960, talvez por suas ligações com políticos como João Goulart e Leonel Brizola, o que lhe angariou várias inimizades. José Geraldo adaptou romances brasileiros para a Ebal e produziu também aventuras de Charlie Chan para a editora O Cruzeiro. Seus desenhos eram esplendorosos, de uma anatomia clássica de primeira qualidade, além do rigor na execução dos trajes e dos cenários.
José Geraldo na Ebal.
Em seu livro autobiográfico, Apressado para nada (editora Garamond, 2001), José Geraldo fala sobre esse período:
"O fracasso nos negócios não me abatera. No jornal (Última Hora), fui fazer aquilo de que realmente gostava: a série "Grandes romances brasileiros", com epopeias da Marquesa dos Santos, de Marília e Dirceu, de Anita Garibaldi e Chica da Silva. Pesquisei e ilustrei os "Crimes que abalaram o Rio", sequência que iniciei pelo remoto "Crime da Alfândega" - ocorrido no local onde hoje está a Casa França-Brasil - e terminei com o "Crime do Sacopã", o mais badalado da década de 50".
A edição paulista do Última Hora, em 1960, teve iniciativa semelhante, publicando os Crimes que Abalaram São Paulo.
A edição paulista do Última Hora, em 1960, teve iniciativa semelhante, publicando os Crimes que Abalaram São Paulo.
Sobre José geraldo, o Guia dos Quadrinhos resume:
"Desenhista brasileiro, José Geraldo Barreto Dias começou sua carreira ainda muito jovem nas páginas d'O Tico-Tico. Sua estréia profissional aconteceu no nº 25 de “O Guri”, em 1941. Em 1945 viria com “Rafles” e, mais tarde, “Charlie Chan”. No início dos anos 60, já era o maior expoente dos desenhistas do Rio de Janeiro".
José Geraldo em 1937 n'O Tico-Tico.
José Geraldo em O Guri, 1941.
José Geraldo criou, junto com Renato Canini, o personagem Zé Candango.
Charlie Chan por José Geraldo. Editora O Cruzeiro, 1961.
2 comentários:
Mais uma postagem fascinante! Como informação complementar,posso dizer que a série "CRIMES QUE ABALARAM O RIO" foi republicada no começo dos anos 1990 no jornal O DIA,aqui do Rio de Janeiro,naquele período em que ele estava iniciando o processo de mudança de sua linha editorial e de seu design gráfico.
Obrigado pela informação, Dyel!
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