A boa notícia é que essas páginas extras da primeira edição foram ocupadas pela história Manco Capac com desenhos de Roberto Kussumoto e texto de Ataíde Braz, dupla que produziu centenas páginas de quadrinhos, sendo este, talvez, o primeiro trabalho publicado pelos dois autores.
Sobre a data de publicação o próprio Kussumoto esclarece: "1976 foi o ano que estudamos no Senac, eu e o Ataíde. No final do curso a classe ficou de apresentar algum trabalho referente sobre qualquer tema. Foi quando Ataíde propôs fazermos uma HQ, e surgiu o Manco Capac.
Quanto ao Manco Capac que foi publicado na revista Mister No, pegamos esse projeto do curso e o refizemos. Acredito que não seja 1976, mas não sei precisar a data da produção desse material, mas foi um trabalho feito às pressas e é uma arte de qual não gosto do resultado final".
O pesquisador mineiro Edgard Guimarães ajuda a dar uma luz a essas datas: "Sempre achei que a coleção de Mister No de 100 páginas fosse a primeira. Por uma questão de lógica. É mais lógico que uma editora pequena queira ganhar mais uns trocados reeditando um material que já tenha pronto diminuindo o número de páginas e publicando menos números (só 6) do que lançar nova coleção aumentando o número de páginas com nova série e publicando mais dois números (foi até o 8), sendo que provavelmente não tinha mais licença da Bonelli para publicar novo material.
Eu não tenho nenhuma informação confiável sobre as datas de lançamento das duas coleções. Apenas o preço impresso na capa.
A série com 100 páginas custou de Cr$ 12,00 (o número 1) a Cr$ 14,00 (o número 8). A moeda Cruzeiro (com centavo) vigorou no Brasil entre maio de 1970 e agosto de 1984.
A série com 84 páginas custou de Cr$ 3.000 (o número 1) a Cr$ 5.000 (o número 6). A moeda Cruzeiro (sem centavo) vigorou no Brasil entre agosto de 1984 até fevereiro de 1986.Portanto a série com 84 páginas é posterior e foi lançada entre 1984 e 1986. A série com 100 páginas foi lançada em algum período entre 1970 e 1984, mas não muito próximo de 1984, pois os preços ainda não estão muito altos. Se o Kussumoto diz que não foi em 1976, então foi pouco depois, enquanto o preço da revista em Cruzeiros ainda não estava muito alto".
No enredo, um avião comercial cai nas selvas amazônicas. Um grupo de quatro jovens sobreviventes, Juan, Carlos, Ana e Márcia, se embrenha pela mata procurando por socorro mas são encontrados por um grupo de antigos incas. Levados ao chefe da tribo, Manco Capac, os nossos heróis são aprisionados. Mas Manco Capac na verdade é um homem civilizado que atingiu uma posição privilegiadas junto às tribos locais. Em meio a intrigas palacianas, o casamento proibido de Capac com a linda amazona Acálya e lutas pelo poder, nossos heróis passam a tentar escapar e voltar à civilização.
Não fica claro se se tratam de tribos incas esquecidas pelo tempo ou se o avião ao cair atravessou um vórtice do tempo indo parar no século XVI. Infelizmente, após seis episódios distribuídos pelos oito números da revista, a série é interrompida deixando várias dúvidas no ar.
Para saber mais sobre Roberto Kussumoto clique aqui.
Sobre o roteirista: Ataíde Braz (Pernambuco, 26 de agosto de 1955) começou sua carreira em 1978 na editora Vecchi, onde trabalhou na revista Spektro, em parceria com o desenhista Roberto Kussomoto. A dupla passou a colabora com a Grafipar de Curitiba, onde Ataíde escreveu diversos roteiros de quadrinhos.
Após o encerramento das atividades da Grafipar, Ataíde Braz voltou a São Paulo, onde trabalhou com a editora Nova Sampa. Lá, editou quadrinhos eróticos e de terror. Em 1983, casou-se com a ilustradora Neide Harue. Em 1985, lançou a série em estilo mangá "Drácula A Sombra da Noite", ilustrada por Neide Harue, inspirada em Drácula de Bram Stoker, a série foi encerrada em 1987 com a publicação de O Retorno de Drácula - Vampiro no Ragtime" Logo em seguida, o casal produziu Skorpion - Arma Mortal para a Imprima Comunicação.
Em 1989, pela EBAL roteirizou histórias baseadas nas séries japonesas de tokusatsu Jaspion e Changeman com desenhos de Roberto Kussumoto, Neide Harue e Edson Kohatsu.
Nos anos 1990, escreveu quadrinhos para editoras da Bélgica, França e Holanda através da agência belga Commu, da qual também foi coordenador da filial brasileira. Na Abril Jovem, roteirizou uma história do anime Zillion com desenhos de Roberto Kussumoto.
Em 1994, lançou uma de suas principais obras, Mulher-Diaba no Rastro de Lampião, desenhada por Flavio Colin, que mistura ficção e realidade. No ano seguinte, esse trabalho ganhou o Prêmio Ângelo Agostini de melhor lançamento e o Troféu HQ Mix de melhor graphic novel nacional.
Em 2013, publicou o livro Velozes e Vorazes, com capa de Arthur Garcia e Flavio Soares e arte interna por Mozart Couto, publicado pela Editora Minuano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário