sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Beto Carrero - 1985

Beto Carrero, o cowboy brasileiro, é um personagem criado em 1955 por João Batista Sérgio Murad (1937-2008) inspirado nas andanças rurais de seu pai, Alexandre "Carrero" Murad, para programas radiofônicos.

Sérgio Murad foi artista, apresentador, músico sertanejo, locutor de rodeios, agente de talentos, publicitário e empresário brasileiro, conhecido pela performance de cowboy e por ser idealizador do parque Beto Carrero World, localizado no município de Penha, no litoral norte do estado de Santa Catarina e manteve por muitos anos a Sérgio Murad Propaganda.

Em 1985, a editora CLUQ, lançou a revista em quadrinhos "As Aventuras de Beto Carrero" com arte de Eugênio Colonnese (1929-2008) e roteiros de Gedeone Malagola (1924-2008) e Hélio do Soveral (1918-2001). A revista teve 5 números em formato grande, capa colorida e miolo preto e branco. Embora baseada nos faroestes, na HQ Beto não usava arma de fogo e sim seu chicote para combater o crime.

As aventuras de Beto Carrero nº 01, editora CLUQ, 1985.

A CLUQ, nessa época, distribuiu aos jornais uma página de tiras para serem publicadas gratuitamente como forma de promover a revista e também visando a criação de uma futura série de aventuras em capítulos diários. Embora não formassem uma aventura completa, as tiras davam uma boa ideia da dinâmica e da ação pretendidas pela obra. Infelizmente as tiras não tiveram continuação, privando a todos de apreciar o trabalho de Colonnese em formato diário.

O editor da CLUQ, Wagner Augusto, explica: "Durante o lançamento enviamos para centenas de jornais no Brasil um impresso juntamente com um exemplar da revista. Alguns atenderam e houve até quem publicasse na íntegra, de uma só vez. A intenção era, além de divulgar a revista, criar possibilidades para a distribuição de tiras".

Beto Carrero teve também sua versão infanto-juvenil, lançada em novembro de 2006 pela JB World Entretenimentos S/A, empresa de Carrero, juntamente com a Belli Studio Ilustração e Animação, na revista "As Aventuras do Betinho Carrero", com oito edições lançadas. O personagem título é um menino fã de Beto Carrero que se veste como o próprio.

As Aventuras de Betinho Carrero nº 01, editora Jb World, 2006.


Eugenio Colonnese nasceu na Calábria em 1929, aos dois anos de idade, mudou-se para o Brasil com os pais, em busca de maiores oportunidades de emprego e renda. 

Já no país, eles se estabeleceram na cidade de Santo André, em São Paulo, e alguns anos depois se mudaram para Montevidéu, no Uruguai. 

Na adolescência Eugenio se mudou para Buenos Aires, na Argentina. Iniciou a carreira no humor gráfico, aos 13 anos de idade, publicando em uma revista de piadas do Chile.

Em 1948 venceu um concurso de histórias em quadrinhos no Clube Social de La Boca, no ano seguinte, publicou na revista El Tony, na capital argentina, uma quadrinização da novela de Robert Louis Stevenson, "La Resaca", logo em seguida ilustrou uma quadrinização de "La Estrella de la Araucania" de Emilio Salgari, na revista Fantasia. Também trabalhou com o personagem Ernie Pike de Héctor Germán Oesterheld na revista Hora Cero.

Em 1955, conheceu o roteirista e desenhista argentino Osvaldo Talo, formaram uma parceira em diversas histórias publicadas entre 1955 e 1963, a dupla dividiu o pseudônimo "Cota" (Colonnese-Talo) em trabalhos publicados. Em 1957, em visita à mãe em Santo André, Eugenio aproveita a viagem para apresentar seus trabalhos para EBAL de Adolfo Aizen, encomenda a ele uma quadrinização de Navio Negreiro de Castro Alves, a história foi publicada na revista Álbum Gigante em Julho de 1957. Em 1961, colaborou com a editora inglesa Fleetway Publication (responsável pela revista 2000 AD) na revista Tide War. 

Mudou-se para o Brasil em 1964 e fixou-se em São Paulo. Já morando no país, iniciou seus trabalhos com quadrinhos românticos pela Ediex (Editormex), editora de origem mexicana. Nesse mesmo ano volta a trabalhar o parceiro argentino Osvaldo Talo, que havia decidido morar no Brasil. Na época o gênero mais popular de quadrinhos no Brasil eram as histórias de terror (seguindo uma tendência mundial, já que as histórias de terror, que eram importadas dos Estados Unidos, pararam de ser produzidas após a criação do Comics Code Authority). Por isso seu primeiro personagem de sucesso foi Mirza, a mulher vampiro, criada em 1967 criada para editora Jotaesse. No mesmo ano e na mesma revista criou o Morto do Pântano, que mais tarde dividiria histórias com Mirza.

Além do gênero terror, Colonnese criou os super-heróis X-Man, Superargo, Pele de Cobra, Gato e Mylar.

Para a Editora Prelúdio, uma editora especializada em literatura de cordel, ilustrou cordéis e as histórias de Juvêncio, o justiceiro do sertão, baseado em um programa da Rádio Piratininga no início dos anos 60, Juvêncio, um típico nordestern (um western ambientado no Nordeste brasileiro).

Em meados da década de 1960, ao lado do argentino Rodolfo Zalla (que também conheceu enquanto morava na Argentina). Fundou o Estúdio D-Arte, que, em 1981 tornou-se uma editora, entre os títulos da editora estavam as revistas Calafrio e Mestres do Terror.

Colonnese veio a falecer a 8 de agosto de 2008, em São Paulo, por falência múltipla dos órgãos devido a problemas de saúde ocasionado por um AVC que ele teve em junho, decorrente do consumo intenso de cigarros.

Para saber mais sobre Beto Carrero clique aqui.

Para saber mais sobre Eugenio Colonnese clique aqui.


Agradecimentos ao amigo e editor Wagner Augusto.

3 comentários:

Quiof disse...

Esse lance de chicote deve ser influencia do Lash Larue, que aqui virou Don Chicote nos quadrinhos, mas cujos filmes não teriam sido lançados aqui, ele treinou o Harrison Ford no chicote para Indiana Jones, também tinha o Whip Wilson (esse também usava armas de fogo) e é claro, o Zorro.

Quiof disse...

Tem uma atração no Beto Carrero World chamada O Sonho do Cowboy!, que é uma encenação em homenagem a ele. Apesar de hoje, o parque ser bem diferente, com atração da DreaWorks Animation e os brinquedos, ainda conserva algumas atrações western.

Luigi Rocco disse...

Sim, Quiof, Beto Carrero declarava ter forte admiração pelo personagem Zorro. Abs