sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Marcozinho - Folha de Londrina - 1988

Marcozinho, personagem de Tako X e Edu, publicado a partir de 1988 na Folha de Londrina, é um garoto dos seus 10 anos vivendo situações com seus amigos: a menina Paty, o menino Victor Hugo, Galapinha (uma iguana?), entre outros. Marcozinho pode ser lido até hoje nas redes sociais de Tako X.


No livro O Melhor de Marcozinho (editora Beta, 1998) foi publicado o seguinte texto:

"Dez anos de Marcozinho

“Marcozinho foi criado por Tako X e Edu para tiras de jornal e publicado inicialmente no jornal Folha de Londrina, em 20/7/1988 até 9/6/1989 e no tabloide “ Gazetinha” do Jornal Gazeta do Povo (o de maior circulação no Paraná) a partir de 15/7/1989 e desde então, ininterruptamente.”

- excerto do press release para Marcozinho


Sempre acreditei que o cartunista é uma espécie de jornalista gráfico ou um cronista do mundo. E como tal, teria a obrigação de procurar a verdade e ser fiel ao que ocorre à sua volta - se o que você escreve não é verdadeiro, a sua história não convence o leitor.

É difícil apontar o criador das idéias para as histórias do Marcozinho - tudo ou todas as pessoas oferecem idéias para as tiras, o tempo todo. Pode ser um acontecimento banal, um pequeno incidente, uma piada, uma história contada por um amigo, namorada ou vizinho, uma notícia no jornal, um trecho de um livro, uma passagem de um filme, qualquer coisa. Algo que poderia passar desapercebido para muitas pessoas, pode fornecer o enredo para uma história, e obter ótimos resultados, desde que ele seja envolvido por uma narrativa adequada - que é o mais complicado de se conseguir. A narrativa é o que dá aquele toque de originalidade a uma boa história. Citando “Os Caçadores da Arca Perdida”, filme de história não tão original (vide as aventuras do Pato Donald desenhadas pelo Carl Barks na década de 40) que dificilmente teria feito tanto sucesso, não fosse o roteiro de George Lucas e a narrativa visual de Steven Spielberg.

Assim, seria sensato afirmar que a criação das histórias do Marcozinho é coletiva, embora a narrativa seja particular.


A CRIAÇÃO DOS PERSONAGENS

A principal fonte de inspiração para a criação de um personagem normalmente são as pessoas que convivem com você - às vezes é mais fácil enxergar nos outros os defeitos que você mesmo possui. Na época da criação do Marcozinho, por volta de 1988, eu (um nissei “brazuca”) e o Edu (um brasileiro “puro”) éramos adolescentes e as pessoas pareciam não nos levar muito à sério (principalmente as garotas), por parecermos jovens demais para nossa idade (na época isso parecia ser uma grande desvantagem). Resolvi “tirar um sarro” da nossa situação, desenhando um personagem que representasse o nosso dilema. Assim nascia o Marcozinho, um menino comum, bastante imaturo para sua idade (na primeira tira - aquela que “nunca mais vai ver a luz do dia”- ele tinha dezessete anos!) e vestindo uma roupinha de marinheiro. Nas tiras atuais ele tem dez anos de idade.

Naquela época, minha maior inspiração para as tiras era o próprio Edu, mais jovem e irrequieto, sua maneira de ser me forneciam os dados necessários para compor a personalidade do Marcozinho. Por isso credito a ele a coautoria do personagem, pois sem a sua presença e entusiasmo, não teria sido possível a criação das primeiras tiras.

Depois foram surgindo os outros personagens - a pequena Paty era uma coadjuvante das primeiras tiras do Marcozinho, que acabou virando personagem regular no decorrer das histórias, o mano Victor Hugo, o Galapinha (criado em 1991 quardo estava no Japão), a menina Bia, o ratinho Róki (que apareceu numa HQ desenhada pelos gêmeos cartunistas Roberto e Renato Fernandez durante a época que eles bolavam as histórias e gentilmente cedido pra compor o elenco de personagens regulares, o menino Marcinho, pequeno rival do Marcozinho criado pelo Edu, o “Bicho-Papão” (parodiando aquele do Tim Burton no filme “O Estranho Mundo de Jack”), o cãozinho Azeitona e a “turma”, um bando de meninos mais ou menos da mesma idade que acompanha o Marcozinho em algumas histórias.

AS FASES

Dos quatro anos em que estive no Japão (trabalhando como ilustrador comercial), desenhei e mandei as tiras durante um ano e meio para o Edu (até meados de 1991) que me enviava sugestões para as HQs e fazia a aplicação das cores (eu nunca acreditei - nessa época ele fazia a separação das cores manualmente!").

Devido ao aumento da quantidade de trabalho fui obrigado a desistir de enviar novas HQs pro Brasil. Assim mesmo o Edu decidiu continuar a publicação das tiras em parceria com os quadrinistas Roberto e Renato Ferandez, que assumisam a criação e o desenho durante quase dois  anos, realizando um ótimo trabalho, com histórias centradas no personagem Galapinha.

De 1993 até fins de 1994 foi a vez do Edu assumir sozinho a criação e desenhos, promovendo algumas exposições das tiras na Gibiteca de Curitiba e no McDonalds.

A partir de 1995, de volta ao Brasil, reassumi mais uma vez o texto e a arte das tiras, agora com a bagagem profissional que os anos vividos em outro país me conferiram.

Grande parte da existência do Marcozinho, hoje, se deve à persistência e ao carinho dedicado aos personagens pelo Edu, que os manteve “vivos” para os leitores e nunca deixou de acreditar no seu (nosso) sonho.

A você, caro leitor, desejo uma boa leitura e um agradável passeio pelo mundo do Marcozinho nesta coletânea de tiras publicadas no período de 1995 a 1997!".

TAKO X

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Biografia de Tako X publicada no catálogo Guia de Quadrinhos APIQ, maio de 1997:

"Tako X (pseudônimo de Edson Takeuti) é autor da tira Marcozinho & seus Amigos (em Parceria com Edu), publicados desde 1989 na Gazeta do Povo. Na mesma época começa a desenhar sátiras para a revista MAD, num estilo mais caricatural. Após um hiato de cinco anos, quando esteve em Tóquio, no Japão, trabalhando na área de ilustração comercial, retorna ao Brasil em 1994, voltando a assinar as tiras de Marcozinho & Seus Amigos e colaborando com a MAD. Atualmente mantêm um estúdio de ilustração em Curitiba".

Agradecimentos ao amigo João Antonio Buhrer.

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