Dois pobres diabos à procura de uma boa oportunidade. Estes são Pipoca e Ritintim, criados pelo cartunista Urbano (pseudônimo de Di Cavalcanti, um dos maiores expoentes de nossa pintura) para o Diário das Crianças, suplemento dominical do Diário da Noite paulistano em 1927.
Embora tenha publicado muitas ilustrações assinadas como Di Cavalcanti, o artista preferiu, para as tiras, o pseudônimo Urbano.
Sobre o uso do pseudônimo por Di Cavalcanti, Herman Lima, em sua monumental obra A História da Caricatura no Brasil (Editora José Olympio, 1963), escreveu:
- "Embora em menor escala, Cavalcanti praticou também, especialmente n'O Malho, a charge política, assinando várias composições dessas com o pseudônimo de Urbano. (...) O toque satírico dessas duas composições magistrais basta para mostrar que o artista teria sido um dos nossos maiores caricaturistas, se persistisse no gênero de que a pintura o afastaria depois, definitivamente, muito embora para novas conquistas e uma glória certamente mais perdurável".
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"DI CAVALCANTI - Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti foi um pintor modernista, ilustrador, quadrinista e muralista brasileiro. Nasceu no Rio de Janeiro, a 6 de Setembro de 1897. Ele foi um dos primeiros artistas a pintar elementos da realidade social brasileira, como festas populares, a retratação das favelas, operários das grandes cidades, o samba, e etc. Di Cavalcanti também foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922. Morreu no Rio de Janeiro, a 26 de Outubro de 1976.
Charge de Urbano (Di Cavalcanti) para o Diário da Noite, 1927.
VIDA E OBRA
Um dos idealizadores da inesquecível Semana de Arte Moderna de 1922, Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, ou, como é conhecido e assinava as suas criações, apenas Di Cavalcanti, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1897. Dividiu-se entre os seus múltiplos talentos, foi pintor, jornalista, ilustrador, caricaturista, muralista, escritor, cenógrafo e militante do Partido Comunista, o que lhe rendeu uma perseguição por parte do governo de Vargas e a sua mudança para Paris até o início da Segunda Guerra.
Aos 17 anos de idade, Di Cavalcanti já era ilustrador e caricaturista de alguns jornais e revistas, consagrou-se trabalhando na Revista Fon-Fon, que possuía um viés político com charges sociais, caricaturas e pinturas de gênero. Mudou-se para São Paulo em 1917 e ingressou no curso de Direito da Universidade de São Paulo, foi nesta época também que passou a frequentar o ateliê de Georg Elpons e a conviver com outros artistas e intelectuais de seu tempo como o Mário de Andrade, que impressionado com a dramaticidade de sua pintura o apelidou de “o menestrel dos tons velados”.
Urbano também fazia charges em formato de tiras com temas do cotidiano para o mesmo jornal.
Em 1923, quando se mudou para a França, trabalhou como correspondente do Jornal Correio da Manhã, e lá montou seu próprio ateliê e tornou-se amigo de pintores de vanguarda como Pablo Picasso, Fernand Léger, Georges Braque e Henri Matisse, como também do poeta Blaise Cendrars e dos músicos Jean Cocteau e Erik Satie, além de estudar na revolucionária Acadèmia Ranson.
E foi essa temporada de Di Cavalcanti em Paris que o influenciou na sua nova fase de volta ao Brasil em 1926, quando passou a trabalhar como ilustrador e jornalista do Diário da Noite. Na busca da formulação de uma linguagem própria – somada às vanguardas europeias nasce um novo estilo em sua obra com caráter social e nacionalista. Assim, em 1928 filia-se ao Partido Comunista do Brasil e insere-se na perspectiva das lutas sociais da época, que irão perpetuar-se em suas obras.
Participou do Salão Revolucionário de 1931, ou, como também conhecida 38ª Exposição Geral de Belas Artes. No ano seguinte, ao lado de Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, Di Cavalcante fundou o Clube dos Artistas Modernos (CAM), uma associação antagonista às agremiações artísticas que existiam na época, pois buscava um tom autônomo, irreverente e menos elitista.
Di Cavalcanti foi ainda um dos artistas mais premiados de sua época e ilustrou livros de grandes autores da Literatura brasileira como Vinícius de Moraes, Jorge Amado e Monteiro Lobato. Ganhou junto com Alfredo Volpi o prêmio de Melhor Pintor Nacional (1953), depois o prêmio da Mostra de Arte Sacra em Trieste (1956) e a medalha de ouro da II Bienal Interamericana do México (1960). Morreu em sua cidade natal no dia 26 de outubro de 1976, aos 79 anos".
Costumeiramente o Diário da Noite publicava, às segundas-feiras, um resumo dos fatos da semana anterior em formato de charges.
2 comentários:
Magnífico! Uma aula de história em forma de HQ! Excelente trabalho, Luigi!
Roger
Valeu, Roger. Obrigado pela visita.
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