sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Programação Normal - O Globo - 1986


Programação Normal. Série de tiras criada pelo cartunista Lor para o jornal O Globo em 1986 e que comentava o universo da TV e seus espectadores. A tira foi a grande vencedora em um concurso promovido pelo jornal nesse mesmo ano.




Sobre a série, em julho de 1986 O Globo publicou: "Telinho nasceu em Belo Horizonte, mas podia estar vivendo seus 9 anos em quase todas as famílias do Pais — desde que em torno delas exista um aparelho de TV ligado. Ou família, como supõe Estálio Junior, não é “um grupo de pessoas que usam a mesma televisão''? As tensas, inquietas ou amistosas relações com seu maior vício serão registradas na tira “Programação normal” e pretendem traduzir, como explica Lor, o cotidiano das crianças enquanto o pai está no trabalho e a mãe ocupada:

A TV não aparece como uma figura diabólica na vida do Telinho: afinal eu mesmo vivi o deslumbramento que foi a chegada da televisão nas nossas casas. Tenho três filhas — Ana, de 9 anos; Maria Helena, de 7; e Luíza, de 5 — e todas são vidradas em TV. É claro que tem muita coisa incrível nessa relação com o vídeo. Para muitos meninos e meninas, a televisão é sua literatura, mas não deixo de observar certos aspectos negativos em toda essa história, como a passividade a que a criança é submetida, com uma programação dita normal, ou com a violência do comportamento dos heróis da TV.

A TV aparece ligada ou desligada. Telinho assiste, intriga-se e reflete. E a TV pensa e conversa com o amigo. O desenhista vai abordar, entre outras, questões ligadas a sexo, política, consumo e super-heróis. Esse vai ser o segundo trabalho de Lor dirigido especificamente a crianças. O primeiro foi o livro 'Urso Fiote', feito em conjunto com as três filhas e editado ano passado.

Com o Telinho, estou desenhando a mim mesmo e reaprendendo a me ver, através dos olhos de minhas filhas.

Lor passou a infância no interior de Minas e, no final dos anos 60, investiu projetos e juventude nos movimentos estudantis. É um estudante de 68, aliás, o personagem de seu primeiro livro de quadrinhos, “Retrato falado”, publicado em 79. Só depois de transformar parte do que viveu em história, é que ele admite ter 'renascido com olhos críticos' e, em 83, inicia sua trajetória de desenhista e cartunista sem engajamento partidário ou político. Atualmente, Lor publica sua tira 'Now sem rumo' — para adultos — em cinco diários do País".

Nenhum comentário: