Sobre O Ermitão, seu autor, Fernando Moretti, deu o seguinte depoimento:
"Em novembro de 1977 o diretor de redação do Diário do Grande ABC, Fausto Polesi, quis renovar a página de tiras e me pediu para criar uma série para substituir o Stevão Piro.
Comecei a desenvolver um personagem que eu criara em 1976 quando trabalhei na TV Cultura, mas não o levara adiante.
Agora surgia uma chance de abandonar esquemas de construção de morcegos pousados e/ou voando e explorar a figura humana, movimentos, expressões em tiras, coisa que eu ainda não havia feito. Então, o Profeta (nome anterior) virou O Ermitão. Em vez de profecias, fazia inferências atuais. Criei um universo, bolei gags apoiadas em críticas sociais, políticas, comportamentais. Trabalhei a figura: barbas (desapego à aparência), camisão (simplicidade), pés descalços (desengajado, livre). Ermitão é alheio às coisas mundanas e quer estar no mundo sem ser dele. É lacônico, porém sarcástico e irônico diante das pressões de 1978.
A primeira tira saiu em 20 de janeiro de 1978 no Caderno B
do Diário do Grande ABC e ficou por lá uns bons meses. Meu plano
era fazer uma dupla com outra personagem: a Ana Coreta. Ambos iam
vagar pelas ruas de uma cidade fictícia a criticar, mas acabou seu
tempo".
A três tiras acima foram publicadas no jornal Gazeta da Vila Prudente com distribuição do próprio Moretti.
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