Criada pelo cartunista Flávio, Dasdô é uma tira que trata dos problemas femininos sem por panos quentes.
Em depoimento Flávio nos conta:
"A "filha" que me dá mais trabalho!
A editora Vecchi, que editava a revista, era uma grande editora no Rio de Janeiro.
Além da Mad, tinham muitas outras revistas, basicamente de fotonovelas e fofocas de tv.
Pra chegar na redação da Mad, eu passava por várias outras redações dessas revistas e passava o meu arrastão pra pegar mais frilas de ilustração. Numa manhã eu passei na redação da revista Ciúme, que era uma revista em formatinho com fotonovelas, conselhos pra meninas, receitas culinárias, contos e moda.
Na última página da revista, a parte de baixo, era onde vinha o expediente da revista e a parte de cima estava vazia. O diagramador me perguntou se eu podia bolar alguma coisa pra aquele espaço. E que eu tinha que levar este desenho pra lá, até a tarde, já que a edição da revista fechava naquele mesmo dia.
A Vecchi era na praça Cruz Vermelha no centro do Rio. Eu morava em Ramos, na zona da Leopoldina, coisa de meia hora de ônibus.
Voltei pra casa com aquele missão. Não tinha a mínima idéia do que ia fazer naquele espaço da revista.
Sentei na prancheta e me veio a idéia de fazer uma dona de casa, com as suas tarefas e tal. Mas seria melhor se lhe desse uma personalidade. Como a época ainda era de muita repressão, com mulheres espancadas quase todo dia nos jornais, coloquei-a oprimida pelo marido. Bolei o nome de Dasdô, que é um apelido de Maria das Dores e criei o marido dela, o Hércules. O nome vinha da antiguidade de um cara forte. Mas resolvi não fazer o estereótipo do fortão, mas sim do machista.
Desenhei a primeira historinha e levei o esboço das próximas duas.
Voltei à tarde na editora, procurei o diagramador e ele mostrou a Dasdô pro editor da Ciúme, que era o Carlos Macedo.
Na hora ele topou publicar a Dasdô. A revista era quinzenal, mas logo depois ele foi promovido pra lendária Grande Hotel, a mais famosa revista de fotonovelas do Brasil na época, e a Dasdô ganhou uma página em tamanho grande.
E logo depois eu comecei a produzir as tiras diárias que foram publicadas no extinto jornal carioca Última Hora. E, simultaneamente, no jornal Última Hora Brasília.
Depois eu passei a trabalhar com distribuidoras de tiras. E Dasdô chegou a ser publicada em vários jornais pelo Brasil afora."
Dasdô no Última Hora.
Dasdô foi publicada em livro pela editora Melhoramentos (Senhoras e Senhores, 1988) e teve revista própria pela Ninguém Comix em 1992.
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