O humor negro é a
marca registrada desse personagem que foi criado e publicado com dois nomes
diferentes, antes de estrear com sucesso na revista Placar, em 1980. O
personagem nasceu como um jogador trapalhão, sob a alcunha de Maloca, em 1976.
Teve uma revistinha colorida integralmente produzida para a editora Saber. A
revista foi paga mas não publicada.
Duas páginas com o
personagem, no entanto saíram como teaser no gibi do Praça Atrapalhado, que
contava com a colaboração de Paulo Paiva, e deste que vos escreve. Depois, o
Maloca foi publicado no tabloide Vaca Amarela, da editora Grafipar. Mas
rebatizado de Borola. Também foram realizadas 30 tiras do Maloca/Borola, que
circulou em vários jornais paulistas e também na Gazeta do Povo, de Curitiba,
mas dentro da série Chucrutz, de minha autoria.
Paiva sabia que o
tema era bom. O futebol inspirou-o na criação de inúmeras tiras da Turma da
Mônica, Boa Bola, Nicodemus e outras do Estúdio Mauricio de Sousa, onde ele
havia trabalhado antes. A pelota também foi tema de muitas das historietas do Zé
Carioca que o Paulo Paiva criou para a Disney/Abril.
Fazendo marcação
dura, com seu herói as avessas, Paiva, ou P.P. ou ainda Pepê, como assinou
muitas vezes, finalmente resolveu ele próprio desenhar as tiras do perna de pau
sacana. O que foi ótimo. Pois nenhum dos artistas que tentaram ilustrar a série,
como Fárias, Seabra e outros artistas da Disney, conseguiam imprimir na série a
expressão que Paiva obtinha em seus rascunhos, nos roteiros. Seu jeito relaxado
de riscar e construir os painéis forjou um estilo próprio e bastante expressivo.
Onde podemos “ler” a sua influência do humor gráfico francês de Siné, Sempé e
Reiser.
Maciota foi inspirado
nos jogadores de várzea, que Paiva conhecia dos botecos da periferia paulistana.
E ainda, era uma caricatura de um sujeito que existiu de verdade. Um bebum
inveterado que sempre aparecia no bar depois da pelada, xingando o juiz e
maldizendo sua má sorte.
Maciota estrelou na
Placar de 1980 a 1984. Depois ganhou uma edição especial pela editora Maciota,
fundada pelo próprio Paulo Paiva, em parceria com o jornalista Rivaldo Chinem. E
ainda ganharia uma edição especial pela editoran Sampa, em 1996. Mais uma edição
renovada no inicio dos anos 2000, pela editora Escala, de Hercílio de Lorenzi,
grande fã e amigo do artista.
Temos aqui uma mostra
das tiras do Maciota, que fazem parte do álbum “Maciota – Fome de Bola”, da editora Discovery.
Um comentário:
ria muito lendo o Gato, na Placar
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