"O cangaceiro Carrapicho representa o ápice da minha atividade como autor de quadrinhos. Ele é o justiceiro de Vila Pedregulho, imaginariamente localizada no nordeste brasileiro. Vive perseguido pelo poderoso Coroné Cascalho, um dominador político e econômico da região. Donzela Muriçoca é a moça cobiçada pelo coroné, mas ela quer mesmo casar é com o Carrapicho, que não quer saber de conversa. Outros personagens completam o universo: os assistentes de cangaceiro Folha Seca e Faísca, o Padre Pedroca e ainda o Cabo Firmino, que é o braço direito do Doutor Delegado. Eu procurei dar às histórias do cangaceiro Carrapicho um cunho cômico apoiado no universo sertanejo e no cangaço do nordeste brasileiro. Apesar de estrutura regional, as aventuras do personagem transcendem o espaço geográfico e se tornam universais pelo tratamento dado às suas relações com o meio-ambiente e com a sociedade local. Embora à vontade no uso de uma linguagem carregada de neologismos e expressões regionais, tentei com o Carrapicho zelar pela correção ortográfica e gramatical nos diálogos e nos enunciados. Algumas vezes, porém, convenientemente brinquei com a gramática em nome do humor."
Os textos acima foram extraidos do blog do próprio Avalone.
Para o nosso blog, Avalone deu o seguinte depoimento: "Legal o post. Naquela época era muito difícil entrar no mercado editorial. Na maioria dos casos o quadrinista que morava fora do eixo Rio/SP tinha que se mudar para cá. Apenas uma minoria sortuda conseguia publicar um gibi com distribuição nacional. E quando você conseguia entrar numa editora, era possível viver de quadrinho, autoral ou licenciado. Eu tive essa sorte tanto com um quanto com o outro.
Hoje em dia não existe mais um mercado de quadrinhos como naquela época. E
é mais difícil viver de quadrinhos, tanto de autoral como de licenciado. Mas o
mercado hoje é mais democrático. Qualquer quadrinista consegue publicar de forma
independente e vender pela web, no formato digital ou no impresso, inclusive
para os outros países.
Estamos numa agitada fase de transição do impresso para o digital. Quando
esse redemoinho da transição se acalmar o mercado vai ficar bom outra vez.
Obrigado pelo post no seu blog. Fico feliz em ver que minha atividade como
quadrinista rende alguns parágrafos no história da HQ nacional."
Abração.
Avalone
4 comentários:
Boa tarde, você conhece o personagem "Lampiãozinho" ? A única referência que tenho é uma folha avulsa do que parece ser uma revista de atividades, a data provável é 1980 pra trás.
Salve, resiak74. Realmente não me lembro desse personagem no momento. Grande abraço!
Boa tarde, Luigi! Consegui identificar o personagem, é da série "Os Brasilianos" de José Luiz Ortega Cortón. Foi a partir daqui: REVISTA ANAVE: Ano III - Edição 013 – Abril/Maio de 1976 no endereço http://www.eucalyptus.com.br/Eucalyptus+Newsletter54/013_Revista+ANAVE.pdf.
Ah! Certo resiak74. Os Brasilianos apareceram em vários produtos entre o final dos anos 1960 e meados de 1980. Os herdeiros do Ortega afirmam que eles tiveram tiras de jornal. Apareceram em passatempos no suplemento infantil da Tribuna de Santos em 1985 e são inclusive citados no livro do Ionaldo Cavalcanti "O Mundo dos Quadrinhos" de 1977, mas eu nunca consegui encontrar uma página sequer de quadrinhos com os personagens, nem mesmo as tiras de jornal, apenas livros ilustrados e outros materiais de papelaria. Grande abraço!
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