sexta-feira, 20 de maio de 2022

O Guaraní - 1947

Em dezembro de 1947, terminada a aventura Caça aos Tubarões, Jayme Cortez inicia no Diário da Noite (SP) a quadrinização do romance O Guarani, de José de Alencar, comprovando mais uma vez ser esse o romance da literatura nacional mais transposto para a linguagem dos quadrinhos.

Em um trabalho de fôlego, durante 169 capítulos e 507 quadros, o artista narra, por meio de textos e desenhos, o romance do índio Peri com a jovem Ceci.

Com a estreia do primeiro capítulo foi publicado o seguinte texto: "Em uma historia em quadrinhos exclusiva para o DIÁRIO DA NOITE, o desenhista J. Cortez, já bastante conhecido de nossos leitores, teve a feliz ideia de compor os lances empolgantes e as passagens poéticas da grande fonte de beleza que é o drama máximo de José de Alencar O Guarani. Nessa série de desenhos, o leitor encontrará as figuras imortais de Loredano, Peri, Ceci, Antônio Mariz, Dom Álvaro, Isabel, D. Diogo, os aventureiros, a coragem primitiva e generosa do gentio que tomava contato com os pioneiros. Peri, apaixonado e dotado de um poder de dedicação até o sacrifício; filho audacioso e ágil da natureza agreste, perspicaz, amoroso e exuberante. Ceci, interprete fiel da alma lusitana desabrochando em amor e meiguice, no calor tropical, o coração transbordante de bem-querer; e a trama delicada e sensível que o grande romancista soube traçar, com esses dois personagens; Loredano, minado de ódio e ideias de vingança, sinistro conspirador a criar maldades e perfídias nos porões do castelo das selvas; Dom Antônio Mariz, pai de Ceci, a figura serena e dominadora. E todas as demais personagens dessa obra inesquecível, que assinala uma fase de nossa literatura. J. Cortez, o hábil desenhista revela o quanto e generoso de divulgação das obras-primas do passado por meio de quadrinhos pode servir aos interesses da educação da nossa gente e desvia dos rumos rotineiros e perniciosos da aventura vulgar, em que a violência e o exagero constituem o caraterístico principal.

A começar de hoje, o DIÁRIO DA NOITE publicará, diariamente, três quadros da série, acompanhados de uma síntese do grande poema indianista".

Infelizmente a aventura foi interrompida em setembro de 1948, permanecendo assim, incompleta. Talvez este seja o motivo de nunca ter sido republicada em formato de álbum ou revista.

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