sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Sacha, o detetive - O Estado - CE - 1937

Um dos pioneiros dos quadrinhos no Ceará, Rubens de Azevedo, criou, ainda muito jovem em 1937, aos 17 anos, para o suplemento infantil O Jornal dos Nossos Filhos, do jornal O Estado, o detetive Sacha Dontorate.

Apaixonado por quadrinhos, Azevedo realizou uma sátira ás histórias de detetive. Sacha é careca, narigudo e dirige um velho calhambeque. Medroso e desajeitado e sempre se livra por acaso das encrencas onde se meteu.

Entre 1937 e 1945 desenhou mais de 150 tiras para o suplemento, criando ainda outros personagens, como o inspetor Garnier e o professor Pancrácio. Com o passar do tempo Rubens foi utilizando paisagens de Fortaleza em suas histórias.

Sobre Rubens, seu irmão Miguel Nirez Azevedo, escreveu em sua página nas redes sociais a seguinte biografia: 
"Meu irmão mais velho chamava-se Rubens de Azevedo e era nascido em 1921, treze anos mais velho que eu.

Era um sujeito fora do comum. Era desenhista, pintor, escritor, estudioso de astronomia, conhecia profundamente as mitologias grega e romana, foi ator de teatro, conhecia música clássica como ninguém, além de pioneiro de história em quadrinhos no Ceará.

Mas sua melhor função era fazer amizades. Enquanto ele morou em Fortaleza e mesmo em São Paulo sua casa era sempre cheia de amigos.
Cresci num ambiente que foi prá mim uma escola bem melhor que as oficiais. Cada conversa entre meu pai e ele era prá mim uma aula da maior importância.
Nos anos 1940 ele começou a colaborar no jornal “O Estado”, dirigido por Alfeu Aboim. Escrevia sobre astronomia e sobre mitologia, além de desenhar. Criou primeiramente o personagem Sacha Dontorate e publicava diariamente seus quadrinhos. Logo em seguida passou a desenhar um aventura chamada “Uma Viagem a Saturno” que depois imprimiu formando um livro. Foi o primeiro trabalho em quadrinhos feito no Ceará e um dos primeiros do país.
Fundou, em 1948 a primeira associação astronômica do país, chamada Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia – SBAA da qual foi dirigente até 1951 quando mudou-se para São Paulo. Em São Paulo publicou vários livros sobre geografia, astronomia, heráldica e até um de quadrinhos Os prisioneiros de Hyperion.

Rubens era formado em geografia e história pela Faculdade de Filosofia de Fortaleza. Casou-se com a escritora Jandira Carvalho. Enquanto ele trabalhava como fiscal de ensino ela era fiscal de consumo.

Falar sobre Rubens de Azevedo em uma crônica de apenas uma lauda não é possível. Voltarei ao assunto enfocando-o em cada atividade.

Rubens nos deixou em 2008 deixando uma profunda e irreparável lacuna".

Para saber mais leia o livro de Gledson Ribeiro de Oliveira: Quadrinhos no Ceará da editora Marca de Fantasia.

Agradecimentos ao amigo João Antonio Buhrer.

4 comentários:

Dyel disse...

Mais uma vez, Luigi, obrigado por nos apresentar mais um artista das HQs brasileiras, praticamente desconhecido das novas gerações. Fiquei bem impressionado com o traço de Rubens de Azevedo. É bem moderno, nem parece que foi desenhado em 1937! Bem à frente de seu tempo.

Luigi Rocco disse...

Olá, Dyel, aguarde a próxima postagem!!! abs

Rafa Campos disse...

uau! que blog legal! parabéns!

Luigi Rocco disse...

Obrigado pela visita, Rafa. Abs