Pepê, magro, fraco e franzino, é a identidade secreta do super-herói Super-Honda. Apaixonado pela bela Margareth, que pouco lhe dá bola, ele resolve problemas e mistérios montado em sua possante motocicleta.
Criado pelo quadrinhista Sebastião Seabra em 1983 para a revista Honda Clube da editora R. Leme, era publicado em aventuras coloridas de duas páginas.
Além do autor, as histórias tiveram a colaboração de Josmar Fevereiro e Franco de Rosa nos desenhos e Paulo Paiva nos roteiros. Antenados com os assuntos de sua época os autores colocavam várias referências artísticas e musicais em seus quadrinhos.
Sobre a série, Seabra nos conta: "Foi convite dum estúdio... Não lembro o nome. O tal de "Dinho" (Ronaldo Leme), dos Mutantes, era um dos donos, junto com o irmão, aquele cara que fala na Globo no programa de esportes... Corrida... Como é mesmo o nome dele? Trabalha junto do Galvão Bueno... (Reginaldo Leme).
Enfim, eles queriam duas páginas coloridas dum super-herói...
Como a publicação era sobre motos e era uma revista da Honda (muita grana) - pagavam 800 paus por lauda de texto na época. Uma fortuna até nos dias de hoje!
Bom, como era pra Honda, foi automático eu criar o "Super-Honda"...
Fiz o texto (com humor, como de costume), foi tudo aprovado, mas na época não me senti seguro para arte-finalizar... Minha arte-final era muito ruim. Daí convidei meu amigo, o talentoso Josmar Fevereiro.
Nos reunimos num final de semana num estúdio que ele mantinha em Pinheiros e ela arte-finalizou e de quebra coloriu pra mim... Foi publicado, junto com algumas ilustrações que fiz para a revista, que era bimestral.
No número seguinte eu tava mal... Morrendo. Fui parar no Hospital das Clínicas. Passei por cirurgia e pedi pro pessoal fazer as duas páginas pra mim. Creio que o Franco esboçou, mas não lembro se foi ele ou o Josmar quem arte-finalizou e coloriu... Poxa, não lembro de mais nada...
No terceiro número da revista eu já havia casado e voltado pra minha cidade... Fiz as duas páginas sozinho e levei em mãos. Só que chegando lá, soube que a crise afetou o orçamento da revista e a edição seria em preto e branco! E, numa conversa truncada, não entendi direito se minhas duas páginas iriam ser publicadas ou pagas, essas coisas que passamos quando somos garotos. Deixei os originais lá, dei de ombros e voltei pra casa.
Fim da fracassada aventura do "Super-Honda". Como tudo, nesse país!".
Sobre os autores, a Enciclopédia dos Quadrinhos (Goida / André Kleinert - L&PM - 2011) nos esclarece:
SEABRA, S. R. - Brasil (1959)
Com apenas dezesseis anos, Seabra já desenhava em Notícias Populares, de São Paulo, as tiras diárias de Capitão Caatinga (roteiros de Franco de Rosa). Trabalhou para a EBAL (Klik, revista de humor e Zorro Capa e Espada) até firmar-se na Grafipar. No final da década de 70, colaborou em revistas de terror, aventuras e policiais, sempre com ligação ao sexo. Nessa época, utilizou, em muitas histórias, o curioso pseudônimo de Sebastião Zéfiro. Quando a Grafipar encerrou suas atividades, passou para a Press Editorial e a D-Arte (ambas de São Paulo). Nessa última, colaborou para Mestres do Terror e Calafrio. Para a Nova Sampa, criou um álbum completo, Não nego fogo (coleção "Graphic Sex"), uma narrativa detetivesca, povoada de mulheres bonitas e eróticas. Teve alguns trabalhos publicados em Mundo do Terror (Maciota), Mephisto e Bokaloka. Em 2003, pela Opera Graphica, saiu o seu álbum de histórias curtas, Na trilha do prazer. Na série "Literatura Brasileira em Quadrinhos", já fez O homem que sabia javanês (2005), de Lima Barreto; Brás, Bexiga e Barra Funda (2006), de Alcântara Machado; e Memórias póstumas de Brás Cubas (2008), de Machado de Assis, todos publicados pela Escala Educacional.
JOSMAR - Brasil (1950)
Josmar Fevereiro começou sua carreira de quadrinista com um ótimo mestre. Ele foi assistente do já desaparecido Nico Rosso e trabalhou igualmente no estúdio de criação Octopus. De sólida formação artística - Josmar é escultor -, passou a assinar seus trabalhos na época do boom dos quadrinhos nacionais (1979/1982). Fez centenas de páginas de terror e sexo para a Grafipar e para a Vecchi (na revista Pesadelo). Também colaborou com a Inter Quadrinhos (1984). No início da década de 90, Josmar esteve em Portugal, onde criou para o Jornal da Casa do Brasil de Lisboa a tira de Juca Brasuca, personagem que representava a figura do migrante brasileiro em terras lusitanas. Ainda em Portugal, foi responsável pelas histórias de Xana - uma mulher activa, para uma publicação feminina. Entre 1999 e 2001, já de volta ao Brasil, fez tiras para a revista Vip (Abril). Mais recentemente, vem colaborando com a editora Escala/Larousse na coleção "Literatura Brasileira em Quadrinhos", sendo que escreveu e ilustrou as adaptações de O homem que sabia javanês (Lima Barreto), A cartomante (Machado de Assis), Miss Edith e seu tio (Lima Barreto) e Brás, bexiga e barra funda (Antônio Alcântara Machado).
Sobre Franco de Rosa clique aqui.
2 comentários:
Luidgi? Tá na hora de transformar estas postagens em um livro, man!!!
Lancelot amigão, seria legal, mas a ideia ainda não está muito clara na minha cabeça... Abs e obrigado pela visita!
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