sexta-feira, 2 de maio de 2025

Manoel Ferreira (1930 - 1998)

O relato acima, O Frade Misterioso, foi publicado na revista X-9, da RGE, em abril de 1959. Dezenas de histórias de mistério como essa, atribuídas aos leitores, foram publicadas na revista durante sua existência. Sua execução coube a Manoel Ferreira, um excepcional artista dos nossos quadrinhos, infelizmente e injustamente, um pouco esquecido em nossos dias.

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Abaixo uma entrevista concedida ao nosso blog por seu filho Eduardo Torres que nos conta um pouco mais sobre a vida deste grande autor.

Tiras Memory: Qual a data e o local de nascimento do Manoel?

Eduardo Torres: Rio de Janeiro, 23 de julho de 1930, batizado Manoel Antonio Ferreira.

TM: Seu pai gostava de quadrinhos quando jovem?

Eduardo Torres: Sim, da revista O Tico-Tico e do Suplemento Juvenil de O Globo. Lembro que citava HQs de Flash Gordon, Mandrake, Fantasma e Tarzan que lia quando criança e adolescente. 

TM: O Manoel teve algum estudo formal de desenho?  Em qual escola?

Eduardo Torres: Sim. Formado desenhista em nível médio pelo Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e depois formado em Desenho pela Escola Nacional de Belas Artes da Universidade do Brasil (hoje Escola de Belas Artes da UFRJ). Mas já exercia a profissão de desenhista freelancer quando ingressou na Escola Nacional de Belas Artes.

TM: Como ele começou a colaborar com as revistas da RGE.

Eduardo Torres: No primeiro quartel dos anos 50, após formado em Desenho pela ENBA, procurou emprego na RGE e foi contratado. Tinha uma prancheta lá na sede da RGE, no bairro do Rio Comprido, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Entre outros trabalhos, desenhava HQs para a revista X-9 (com destaque para  a série "Assombrações") e a seção da terceira capa da revista (maravilhas da natureza, ciências, artes e arquitetura), que ele não só desenhava exclusivamente, como pesquisava o tema e escrevia o texto. Trabalhava com nanquin e guache de modo geral, mas também fazia aquarelas e desenhos a lápis e carvão. Foi amigo do Flávio Colin e seu colega na antiga Rio Gráfica Editora.

TM: Onde trabalhou após deixar a RGE?

Eduardo Torres: Atuou na RGE até o final dos anos 50, mas fazia, e continuou fazendo, trabalhos freelancer e foi contratado para ilustrar os livros didáticos  da serie A Mágica do Saber (das professoras Thereza Neves da Fonseca e Icles Marques Magalhães, editora Cadernos Didáticos), o que fez por alguns anos.

No final dos anos 50 fez concurso para trabalhar como ilustrador do SENAI-DN (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Departamento Nacional), e não foi funcionário público, como alguns sites têm divulgado, o que lhe deu mais estabilidade financeira, mas continuou fazendo trabalhos de desenho freelancer por alguns anos.

Entre o final dos anos 60 e final dos 70 desenhou mais no SENAI,  reduzindo as atividades de desenho freelancer.

TM: Como foi a volta dele aos quadrinhos nos anos 1980? E depois disso, que outros trabalhos fez?

Eduardo Torres: Em 1977 a revista Spektro convocou vários desenhistas veteranos dos tempos da RGE e da X-9 para desenharem suas HQs. Meu pai foi um deles. Desenhou lá até o fim da revista em 1982. Enquanto trabalhava como freelancer pra Spektro ele continuava como ilustrador do SENAI, conciliando as duas atividades.

Aposentou-se do SENAI no início dos anos 90 e depois disso teve poucos trabalhos de desenho profissionais, mas gostava de desenhar em casa, com lápis e papel, como lazer.

Morreu em 11 de agosto de 1998, aos 68 anos, completados três semanas antes.

Manoel Ferreira no livro A Técnica do Desenho, de Jayme Cortez, editora Bentivegna, década de 1960.

Em 2016 foi feita uma exposição de originais em homenagem a Manoel Ferreira no corredor central da SIQ-UFRJ (Semana Internacional de Quadrinhos da Universidade Federal do Rio de Janeiro), em evento promovido por Octávio Aragão.

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