terça-feira, 28 de julho de 2015

Cubinho - Diário do Grande ABC - 1975

Criação do cartunista Mário Mastrotti para o jornal Diário do Grande ABC em 1975, Cubinho trata de temas sociais e ecológicos.

"É um cachorro estilizado que vive no Brasil em nossa época,  fazendo constantes observações sobre nossa  política, questões sociais como cidadania, direitos humanos, ecologia e justiça social. Muitas vezes filosofa em relação a vida e se deprime com o ser humano e seu comportamento predador".

A tira foi distribuída para veículos de todo o Brasil pela ECAB (Editora Carneiro Bastos) em meados dos anos 1970.

Segundo o autor este personagem foi um dos primeiros a abordar o assunto ecologia desde sua criação. Logo após se transformou em uma tira/charge, abordando assuntos como anistia e direitos humanos em pleno regime militar.

Em declaração ao blog, Mastrotti ressalta: 

"Uma informação interessante sobre as tiras é que de julho de 1975 até outubro de 1978 elas foram publicadas no período do A.I.5.

Outra coisa, desde 1975 o personagem interage com os extraterrestres mas somente no ano de 2014 criei Tégico, o extraterrestre".



Cubinho contracena com outros personagens como: 

Bilú, amigo do Cubinho que o acompanha constantemente nas observações que ele faz sobre todos os assuntos. Funciona como “escada” perguntando o porque de cada colocação para que o personagem Cubinho possa fazer a piada.
As vezes Bilú tem uma tirada mais ingênua e purista, mas, na maioria das vezes, arma a situação para que o Cubinho passe sua mensagem com humor.

Bim, o irmão mais novo do Cubinho representa a visão da criança inteligente mas sem a malícia do adulto.
 

, amigo do Bim, aparece sempre para brincar, ajudar e questionar o amigo.

Obuc, o negativo da personalidade do Cubinho. Pessimista, misterioso e pouco confiável. Não acredita em mudanças e acha que as coisas ruins no país não têm mais jeito.


Em 1975, quando o personagem estreou no Diário do grande ABC, o jornal publicou a matéria a seguir:

Cubinho: visão da realidade

Com apenas quinze anos de idade (nascido em 21 de fevereiro de 1960), Mário Dimov Mastrotti tem uma visão global dos principais problemas do homem  contemporâneo. Ele se dedica ao desenho desde os nove anos, e aos quadrinhos desde o ano passado. Já criou muitos personagens e percorreu diversos jornais para editá-los. Mas sempre recebeu como resposta a “falta de espaço", por parte de editores que nem mesmo tiveram o prazer de observar seus desenhos.

Cubinho, um cachorro quadrado que Mário define como uma criança que sempre procura penetrar nas ações, começa a ser mostrado hoje através do Diário do Grande ABC. Para falar da vida de seu personagem, Mário volta ao passado, quando Cubinho era menos estilizado, usava óculos e franjinhas: “A personalidade era a mesma, mas acontece que eu usava muitos elementos de histórias em quadrinhos, e a ideia, no todo, ficava convencional. Atualmente, o Cubinho deixou de lado os óculos e as franjas e sua forma de apresentação foge no esquema habitual dos quadrinhos. Ele está mais preso às situações”.

Mário, como nasceu o Cubinho?

“Depois de ler muitas histórias em quadrinhos, eu percebi que a maior parte dos desenhistas não imprimem novas formas a seus personagens. Isto, quer dizer: um cão, sempre parece um cão, e um homem, sempre um homem. Por isso, resolvi tomar como ponto de partida uma figura geométrica muito conhecida, "que é o quadrado. À partir daí, pensei num cão, e a figura de Cubinho nasceu dessa união”.

Depois desse primeiro contato com seu personagem, Mário passou então à criação das histórias. Nelas procura retratar com fidelidade os principais problemas  de nossos dias, como por exemplo a poluição, que é vista em todos os seus aspectos. Ele, inclusive, faz uma observação: “As histórias em quadrinhos que habitualmente são lidas, geralmente fogem à realidade, principalmente em questão de paisagem. Nas histórias do Cubinho, pode-se ver as ruas como elas são. Isso quer dizer: cheias de lixo, buracos etc”.

Mário começou a desenhar quando tinha nove anos de idade. Naquela época, dedicava-se a retratar paisagens e naturezas mortas. Os estudos, iniciou em São Bernardo sob os cuidados da professora Diva, com a qual permaneceu durante dois anos. Depois foi para São Caetano, onde ingressou na Fundação das Artes. Na Fundação, foi aluno da gravurista Vânia Pereira, uma das premiadas do VIII Salão de Arte Contemporânea de São Caetano do Sul. Sobre Vania, Mário disse que aprendeu muito com a professora, que transmitia de maneira muito simples as matérias: “Vânia me deu uma ótima visão da arte, principalmente no que diz respeito à gravura e escultura”. No ano passado, depois de frequentar durante alguns meses um curso na Poliarte, em São Paulo, resolveu parar os estudos para dedicar-se às suas histórias. Além do Cubinho Mário tem outros personagens, alguns ainda em fase de criação. Entre eles, cita o Bilu, que acompanha o Cubinho na maior parte das histórias. Os outros, prendem-se mais à ficção-cientifica. São os super-heróis Universo, Titan, Dinamitador e Homem Vegetal, que atuam no mundo do futuro, destruído por uma guerra atômica.

Mário reside há dez anos em Santo André (Rua das Caneleiras, no Bairro Jardim). É neto de russos e italianos e diz que muitos dos problemas que preocupam os habitantes do Grande ABC são mostrados nas histórias do Cubinho: “O Importante é estar sempre atento e retratar a realidade".

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