sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Viver Outra Vez - 1953

"Martin Ferrera decidiu renunciar aos seus sonhos de gloria e empreende o regresso à casa paterna, de onde saíra um ano antes em busca de aventuras e fortuna. Mas a verdadeira aventura de Martin começa quando, em uma estrada deserta, salva de um assalto o milionário Ladoga. Linda Ladoga, a bela filha do milionário, fora raptada pelo bando do temível Salvador, que exigiu pelo resgate uma enorme quantia. A recusa de Ladoga em pagar, a caça da polícia fizeram com que Salvador, levado pelo medo, se escondesse em local completamente desconhecido. É isto que Ladoga comenta com Martin, em sua luxuosa casa. Comovido, o rapaz se compromete a descobrir o refúgio do bandido, e para isso, depois de receber dinheiro de Ladoga, faz-se amigo de Cruz, ex componente do famoso bando.

Ao mesmo tempo, Martin trava conhecimento com a jovem milionária Susan Dave quando esta, no exercício de sua função, como colaboradora de uma associação de caridade, entra mo infecto bar onde os dois homens conversam. Para convencer Cruz de que ele, Martin, é também um mau elemento, o rapaz dirige-se a Ladoga e pede-lhe que lhe compre um colar de valor. De posse da joia, Martin procura Cruz e lhe declara ter roubado o colar da casa de Susan Dave, afirmando, porém, que em troca do colar deverá receber a revelação do local onde se acha refugiado o bandido. Cruz confessa que ignora o esconderijo atual de Salvador, mas sabe que existe um intermediário a quem se pode dirigir para chegar ao bandido no momento oportuno"...

Assim começa a história Viver Outra Vez, de João Mottini. Mottini, grande ilustrador e desenhista gaúcho havia se mudado a pouco para a Argentina onde empreendeu uma carreira esplêndida e esse é um dos inúmeros romances ilustrados em aguada por ele nesse país e publicado em capítulos no Diário de Pernambuco e no Diário do Ceará a partir de 1953, se estendendo por várias semanas até 1954.

No Diário de Pernambuco a autor aparece grafado como João Montini, mas no Diário do Ceará a grafia está correta: João Mottini.

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sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Deusinho - 2000

Em maio de 2000 se iniciavam as aventuras do Deusinho no suplemento Folhinha da Folha de S. Paulo.

Por obra do cartunista Henrique Kipper a série mostrava de forma divertida a infância do Deus cristão. Com o passar das semanas a tira mudou de nome para Escola de Deusinhos, ao incorporar as figuras supremas de outras religiões, como as de matriz africana e a hindu. Ah! O diabinho também participava das gags!

A tira não passou despercebida e fez ferver a sessão de cartas do jornal. Em meio à polêmica os leitores escreviam: "Gostaria que vocês retirassem a HQ Deusinho..."; "Não acho Deusinho uma afronta a Deus e à Bíblia..."; "Peço que tirem a HQ Deusinho, pois é muito chata..."; "Mando meus parabéns ao autor, que encontrou uma forma original de abordar o mundo religioso..."; "As ideias transmitidas na HQ Deusinho não são nada críticas e criativas e só servem para criar e reforçar a rebelião nas crianças..."; "além de parabenizá-los pela HQ do Deusinho, gostaria de fazer uma crítica aos leitores e pais que acham que as crianças só podem conhecer um deus único e verdadeiro..."; "A HQ Deusinho, de kipper, pode ser interessante para adultos, mas essa irreverência de valores estabelecidos é inadequada para a infância..." e assim se seguiu até abril de 2001 quando a série foi descontinuada.

Kipper tentou sem sucesso reunir suas tiras em forma de livro.

Acima, Kipper na revista Paranoia nº 02, Adventure Comics, 1991.

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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Ócios do Ofício - 1996

Em setembro de 1996, em substituição à tira Fábrica Faglianostra, que havia deixado de ser produzida desde 1992 e vivia apenas de republicações, o jornal Diário Popular passou a publicar a série Ócios do Ofício, do cartunista Gilmar, em sua página Diário Sindical.

A série, sem personagens fixos, com raras exceções em alguns arcos de histórias, tratava do mundo corporativo, do chão de fábrica à gerência. Mostrava com humor e sátira todos os problemas relativos às relações trabalhistas e à interação entre as diversas esferas do emprego, ou à falta dele. Salários, férias, relações pessoais, tudo era abarcado na obra. Assim sendo, Ócios do Ofício tornou-se uma das mais importantes tiras brasileira da virada do século, sendo publicada até em Portugal, no jornal Vida Económica e em diversos outros veículos de comunicação como: Diadema Jornal, jornal Profissional & Negócios e continuando em outros jornais (como a Tribuna de Vitória - ES em 2009) até meados dos anos 2000, quando o Diário Popular já passava por severa crise financeira e várias trocas de dono, o que culminaria com a mudança de seu nome para Diário de S. Paulo em 2001.

A série foi reunida em pelo menos três livros: Cartuns & Humor - Ócios do Ofício, editora Escala, 2002; Para ler quando o chefe não estiver olhando, editora Devir, 2004 e Pau Pra Toda Obra, editora Devir, 2005.

Sobre Gilmar: "Gilmar Machado Barbosa, mais conhecido apenas como Gilmar, é um cartunista baiano de Presidente Dutra, mora em São Paulo desde 1977. Começou sua carreira em 1984, no jornal A Voz de Mauá. Desde então tem publicado em diversos jornais e revistas, como Diário Popular, Folha de S. Paulo, Você S/A, O Pasquim 21 e Vida Económica (de Portugal) entre outros. Em 2003, foi eleito o melhor cartunista brasileiro pelo Troféu HQ Mix e Prêmio Vladimir Herzog, categoria artes. É autor de vários livros de cartuns e quadrinhos, 5 deles adotados pelo governo para distribuição em bibliotecas públicas". 

Gilmar, sempre atuante, lançou recentemente 4 livros da série Brasil em Charges e o livro Nem um Dia sem Sossego, comentando o cenário político atual.

Gilmar em Virou Brasil nº 06, independente, 1991.
Gilmar na revista Paranoya nº 02, editora Clefor, 1993.

Charge de Gilmar referente ao governo do presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992).

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Boi Misterioso - 1984


A figura do boi que não se deixa pegar é um elemento recorrente no interior do Nordeste, ligado às histórias fantásticas de assombração, baseado nisso e nas indumentárias dos folguedos de Bumba meu Boi, o cartunista RAL, (Romildo Alves Lima), criou a figura do Boi Misterioso para as tiras veiculadas no jornal O Papa-Figo (PE). Atrevido e sarcástico, o Boi apronta das suas encarando o poder vigente.

Boi Misterioso ficou famoso nos cordéis de Leandro Gomes de Barros, natural da Paraíba, e que viveu durante o século XIX, sustentou uma família numerosa com a venda de folhetos. Foi o primeiro poeta popular a editar histórias versadas dessa maneira. Em "História do boi misterioso", em forma de versos, o leitor tem sete longos poemas sobre a vida com tratamento característico ao gênero: 

Leitor, vou narrar um fato 
De um boi da antiguidade
Como não se viu mais outro
Até a atualidade
Aparecendo hoje um desses
Será grande novidade...

Sobre Ral: "O cartunista nasceu na cidade de Arcoverde, sertão de Pernambuco. Em 1966, com sete anos, Ral se mudou com a família para o Recife. Influenciado pelo irmão, Rui, que já desenhava, Ral começou a desenhar os heróis das histórias em quadrinhos da época: Fantasma, Cavaleiro Negro, Tarzan.

Com 13 anos, fez um curso de desenho por correspondência da Escola Panamericana de Arte. O menino gostava, principalmente, das tirinhas, da coisa da sequência, da historinha. Era, o curso dos Famosos Artistas. Tinha entre os orientadores o cartunista Ziraldo. Ral queria ser desenhista de quadrinhos, começou a trabalhar em uma banca de jornal de um tio. Onde conheceu O Pasquim. O cartunista começou a publicar na página de cartas dos leitores. Um dia, veio para o Rio de Janeiro visitar a redação do jornal carioca. Com o material de quadrinhos embaixo do braço, pretendia publicar um livro de quadrinhos, com o título de 'Know-Ral'. Não conseguiu, mas conheceu parte da equipe do jornal, entre eles, Jaguar, Ziraldo e Millôr.

Um dia, Ral viu o anúncio de um concurso que selecionava artistas para colaborar nas revistas da Edrel, de São Paulo. Foi selecionado e começou a ganhar dinheiro com o cartum.

Em 1968, com 17 anos, começou como colaborador do Jornal do Commércio. Em 1995, entrou para o Diário de Pernambuco como ilustrador. De lá, foi para a Folha de Pernambuco e depois para a Gazeta Mercantil. Os jornais foram sua escola, já que em Pernambuco não havia escola de desenho.

Colaborou com o lendário O Pasquim, fundou o tabloide A Xepa, em 1973, e foi um dos fundadores do semanário pernambucano Papa-Figo que começou como uma página publicada no jornal Folha de Pernambuco e circulou durante 25 anos.

Em 2007, Ral foi homenageado na nona edição do Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco (FIHQ)". Ral faleceu em 2023.

Ral no livro A Técnica Universal das Histórias em Quadrinhos, Fernando Ikoma, editora Edrel, 1972.

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Os Que Viram Jesus Nascer - 1978

Em novembro de 1978, a distribuidora ECAB (Editora Carneiro Bastos) encomendou a José Menezes (1934-2022) uma história sobre Jesus Cristo. Menezes criou, em 25 tiras, a série Os Que Viram Jesus Nascer, publicada em jornais como Diário do ABC e Diário de Borborema. A série, como faziam as produções para jornais norte-americanos, deveria ser publicada nos últimos dias de novembro para que o final coincidisse com o Dia de Natal, 25 de dezembro. 

Ainda para a ECAB, Menezes fez muitos outros trabalhos como atividades, passatempos, curiosidades, charadas, num caderno de jornal chamado Divertilândia.

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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Águia Branca - 1977

Águia Branca: série produzida por José Menezes (1934-2022) para a distribuidora ECAB (Editora Carneiro Bastos) em 1977.

Por volta de 1976, José Menezes (1934-2022) colaborou com a ECAB – Editora Carneiro Bastos, que tentava fazer uma agência distribuidora de material para os jornais. Menezes deu um depoimento sobre essa fase para José Salles, que reproduzimos a seguir: “Algum tempo depois da RGE ter desativado o estúdio de produção de revistas em quadrinhos, Menezes viu um anúncio de jornal procurando por desenhistas de HQs. Ele foi até o endereço e se tratava da Editora Carneiro Bastos (ECAB), então dirigida pela senhora Yvonne Amorim, que disse ao Menezes estar precisando de histórias de aventuras para serem publicadas no formato de tira de jornal. Menezes então lembrou-se que havia várias HQs do Flecha Ligeira feitas para a RGE e que não haviam sido utilizadas. 

Então ele adaptou aquelas histórias, originalmente feitas para o formato de comics, para o de tiras de jornal. Também os personagens deveriam ser modificados, por conta dos problemas de direitos autorais. Menezes então rebatizou Flecha Ligeira como Águia Branca, teve alguns retoques no visual, menos tatuagens e enfeites, e roupa mais simples. Águia Branca acabou sendo publicados em diversos jornais de várias cidades de norte a sul do Brasil, com boa aceitação dos leitores.

Segundo Menezes, essa adaptação de histórias, feitas por ele, de personagens estrangeiros, e não utilizadas pela RGE devido ao cancelamento das revistas (e cujos originais lhe foram devolvidos), foi feita com a ciência da ECAB. As tiras de Águia Branca saíram em jornais do interior como Diário de Borborema e A Gazeta do Norte, por um período de um ano e meio".

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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Kim - 1977

Kim, criado pelo desenhista José Menezes, é uma adaptação de algumas aventuras do Jim das Selvas, de Alex Raymond, produzidas por ele para a Rio Gráfica e Editora (RGE) no final dos anos 1960 e nunca utilizadas na revista do herói norte-americano. 

As histórias realizadas originalmente no formato de páginas de revista foram adaptadas para o formato tiras de jornal e os personagens levemente modificados: Jim das Selvas teve seu nome alterado para Kim e ganhou um pequeno bigode. O companheiro de aventuras do explorador das selvas africanas, Kolu, foi batizado de Janu, tudo para evitar problemas de direitos autorais.

Essas aventuras foram distribuídas para diversos jornais brasileiros pela ECAB (Editora Carneiro Bastos) entre 1977 e 1978.

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