Malícia por Gustavo Machado.
Malícia era uma garota saudável que vivia suas aventuras nos mais diversos e inusitados locais. Foi publicada na revista homônima pela editora Grafipar a partir de 1981.
Apesar de ser uma revista de fotos e textos, reservava sempre um lugar privilegiado para as aventuras coloridas de Malícia: as duas últimas páginas da edição.
As publicações da editora Grafipar, apesar de serem em formatinho e com um acabamento gráfico mais simples, superavam muito as revistas adultas das grandes editoras, abordando temas que raramente apareciam nessas outras publicações, como os problemas de ordem sexual e as questões LGBT.
Malícia tinha a colaboração de diversos autores como: Franco de Rosa, Watson Portela e Gustavo Machado.
Em correspondência ao informativo QI nº 150, Gustavo Machado declarou: "...havia ainda a Malícia, uma "prima" mais sacana da Maria Erótica, que saia em HQs de duas páginas em cores, na revista masculina homônima. Malícia também foi criada por Cláudio Seto, sendo desenhada por vários quadrinhistas da Grafipar, inclusive eu".
Ao blog, Franco de Rosa deu o seguinte depoimento: "A Malícia foi criada por puro deleite do Claudio Seto. Como sempre, ele queria colocar HQ em todo lugar. E viu essa possibilidade na nova revista, que se chamava Malícia.
Malícia por Franco de Rosa.
Ao blog, Franco de Rosa deu o seguinte depoimento: "A Malícia foi criada por puro deleite do Claudio Seto. Como sempre, ele queria colocar HQ em todo lugar. E viu essa possibilidade na nova revista, que se chamava Malícia.
Não lembro quem desenhou a primeira HQ.
A intensão do Seto também era permitir que os desenhistas pudessem desenhar
páginas coloridas. E também ganhar um tanto a mais que as páginas convencionais.
Era uma madeira dele bonificar a turma que o atendia as urgências em
fechamentos, fazendo histórias específicas para atender à demanda.
Assim, creio que Watson Portela, Gustavo Machado e eu fomos os autores das
aventuras de Malícia. Sempre com duas páginas, coloridas que saíam no final da
revista.
Eu desenhei cada aventura com uma técnica diferente. Uma em ecoline, outra
em guache, outra misturando lápis de cor e ecoline com guache. Isso porque meu principal objetivo nos anos 1980 era testar diferentes formas
de acabamento.
Malícia por Watson Portela.
A Malícia não tinha uma personalidade. Era apenas uma garota livre que
gostava de transar. Era loira porque a maioria das modelos da revista eram
loiras. Pois as fotos vinham da Inglaterra. Eram fotos compradas de agências, repletas de imagens de modelos nórdicas.
O Gustavo Machado poderá me corrigir se estou errado, e informar sobre as
páginas dele. Me lembro que ele fez uma HQ a lápis, colorizada com tinta... se não me
engano, marcador.
O Seto costumava desenhar e escrever em todas as revistas. Não sei se o fez
em Malícia, pois ela é de um período em que ele estava bastante atarefado. Eram
muito títulos circulando".
Outras páginas de Gustavo Machado.
Sexo em cores
"Na virada dos anos de 1980, a Editora Grafipar quebraria um tabu de HQs nacionais eróticas em P&B, quando começou a publicar, ainda que timidamente em apenas duas páginas mensais, sua primeira HQ erótica em cores. A personagem era a voluptuosa Malícia, o mesmo nome da nova revista de bolso masculina onde era publicada. A criação de Claudio Seto era uma mistura da sua veterana Maria Erótica com Little Annie Fanny, outra loura escultural e famosa por suas HQs eróticas na revista Playboy.
Assim como na revista americana, a nossa Malícia era impressa em quatro cores, um luxo bem acima das costumeiras cores aplicadas das edições nacionais. Existe uma grande diferença entre uma página de quadrinhos pintada à mão para as demais colorizadas por seleção de cores, onde existe uma limitação, com uma pequena paleta de cores aplicadas na gráfica, como acontecia em 99% das HQs coloridas impressas no país.
O próprio Seto seria o autor da primeira história, e o resultado final era de encher os olhos.
Para minha total surpresa, fui convidado para fazer a segunda HQ da Malícia. Logo eu, que ainda titubeava na arte-final, recebia o grande desafio de colorir as duas páginas mensais da nova personagem. Não sei por que, mas topei sem medo. Até ali havia feito muito poucas artes coloridas, e sempre em trabalhos pessoais, nada que fosse encomendado. A única técnica de pintura que me atraia era com a aquarela líquida, a Ecoline.
Ainda na época da RGE, Fernando Bonini, para driblar a necessidade de comprar os caros vidrinhos importados de ecoline da marca Talens, usaria do jeitinho brasileiro para conseguir efeitos surpreendentemente similares com apenas canetas hidrográficas coloridas, manipuladas com pincel e água. Acabei ficando adepto daquela “ecoline dos pobres”, enquanto comprava aos poucos a vasta linha da sofisticada ecoline Talens.
Embora sem muita prática e destreza, dei conta das duas páginas em cores encomendadas, que foram aprovadas e publicadas. Melhor ainda, pouco tempo depois Seto pediu uma nova HQ, e na sequência faria ainda outras duas histórias, intercalando com outros desenhistas, como o próprio Seto, Watson e Franco de Rosa. Eu fazia desde os roteiros – menos na segunda HQ, escrita por Carlos Magno – e não levava mais do que dois dias para escrever, desenhar, artefinalizar a nanquim e colorir as duas páginas. Infelizmente, as oportunidades de fazer quadrinhos em cores na Grafipar seriam mínimas, acontecendo apenas em mais outras duas publicações em edições únicas: “Robô Gigante” e “Super Pinóquio”. Mesmo assim, estas seguiam o padrão habitual e limitado de cores aplicadas em gráfica".
Gustavo Machado
3 comentários:
Que bacana, Luigi Rocco! Grato pelo resgate desse material tão querido!
Tomo a liberdade de transcrever aqui o capítulo editado das minhas memórias referente a "Malícia", no intuito de completar sua bela matéria:
Sexo em cores
Na virada dos anos de 1980, a Editora Grafipar quebraria um tabu de HQs nacionais eróticas em P&B, quando começou a publicar, ainda que timidamente em apenas duas páginas mensais, sua primeira HQ erótica em cores. A personagem era a voluptuosa Malícia, o mesmo nome da nova revista de bolso masculina onde era publicada. A criação de Claudio Seto era uma mistura da sua veterana Maria Erótica com Little Annie Fanny, outra loura escultural e famosa por suas HQs eróticas na revista Playboy.
Assim como na revista americana, a nossa Malícia era impressa em quatro cores, um luxo bem acima das costumeiras cores aplicadas das edições nacionais. Existe uma grande diferença entre uma página de quadrinhos pintada à mão para as demais colorizadas por seleção de cores, onde existe uma limitação, com uma pequena paleta de cores aplicadas na gráfica, como acontecia em 99% das HQs coloridas impressas no país.
O próprio Seto seria o autor da primeira história, e o resultado final era de encher os olhos.
Para minha total surpresa, fui convidado para fazer a segunda HQ da Malícia. Logo eu, que ainda titubeava na arte-final, recebia o grande desafio de colorir as duas páginas mensais da nova personagem. Não sei por que, mas topei sem medo. Até ali havia feito muito poucas artes coloridas, e sempre em trabalhos pessoais, nada que fosse encomendado. A única técnica de pintura que me atraia era com a aquarela líquida, a Ecoline.
Ainda na época da RGE, Fernando Bonini, para driblar a necessidade de comprar os caros vidrinhos importados de ecoline da marca Talens, usaria do jeitinho brasileiro para conseguir efeitos surpreendentemente similares com apenas canetas hidrográficas coloridas, manipuladas com pincel e água. Acabei ficando adepto daquela “ecoline dos pobres”, enquanto comprava aos poucos a vasta linha da sofisticada ecoline Talens.
Embora sem muita prática e destreza, dei conta das duas páginas em cores encomendadas, que foram aprovadas e publicadas. Melhor ainda, pouco tempo depois Seto pediu uma nova HQ, e na sequência faria ainda outras duas histórias, intercalando com outros desenhistas, como o próprio Seto, Watson e Franco de Rosa. Eu fazia desde os roteiros – menos na segunda HQ, escrita por Carlos Magno – e não levava mais do que dois dias para escrever, desenhar, artefinalizar a nanquim e colorir as duas páginas. Infelizmente, as oportunidades de fazer quadrinhos em cores na Grafipar seriam mínimas, acontecendo apenas em mais outras duas publicações em edições únicas: “Robô Gigante” e “Super Pinóquio”. Mesmo assim, estas seguiam o padrão habitual e limitado de cores aplicadas em gráfica.
(Gustavo Machado)
Valeu, amigão! Obrigado pelo complemento!!!
Luiz Rocco, como bem observado por você, minha última HQ da personagem Malícia, "Malícia e o Voyeur", de 1982 foi escrita e desenhada por mim. Franco gostou, quando viu as duas páginas definidas a lápis e pediu pra colorir, sem fazer a tradicional arte-final em nanquim. Ele apenas coloriu com ecoline sobre o meu original a lápis, que guardo até hoje. Grato pelo destaque ao nosso material, grande abraço! Gustavo Machado
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