sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Teleco e Tim - Sesinho - 1949

Em 1949 teria início nas páginas da revista Sesinho aquela que seria a primeira história em quadrinhos publicada por Ziraldo (Ziraldo Alves Pinto, (24 de outubro de 1932 - 06 de abril de 2024), Teleco e Tim na pré-história.

Aos 17 anos, com um desenho ainda em formação bem diferente daquele que o consagrou, o autor conta as aventuras do garoto Teleco.

No início a aventura tinha um caráter bastante didático e chamava-se Conhecendo o Universo. Usando o pó de pirlimpinpim, presenteado por Emília (de Monteiro Lobato), Teleco viaja para a Lua e depois para Marte, onde encontra o garoto Tim.
Daí para a frente a história ganha um aspecto aventuroso. Os dois garotos viajam para a pré-história onde conhecem a menina Ala. Metem-se em uma guerra entre tribos. Presenciam a morte do pai de Ala quando este tenta salvá-los de um crocodilo e acabam voltando aos dias atuais, em companhia de Ala e sua irmã Lana.

A aventura foi apresentada 16 em capítulos mensais de duas páginas cada até seu fim em 1951. 

Em 1952 Ziraldo publicaria A Grande Aventura, outra história no mesmo estilo, na revista mineira Era Uma Vez... Para saber mais sobre ela visite a página de Marcos Massolini, clicando aqui.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Cândido Deodato - Diário Popular - 1988

Segundo Fausto Bergocce, seu criador, Cândido Deodato é "um espertalhão demagogo que queria ser eleito não por patriotismo ou ideologia, mas para se arrumar na política, coisa muito comum no Brasil".

Cândido Deodato é uma brincadeira com a palavra candidato. O autor usou sua larga experiência em charges políticas para criar esse personagem atemporal, sem se ater aos fatos do cenário político corrente.

Foi publicado em 1988 no Diário Popular - SP e lançado em livro em 2008 pela editora HBG.

Sobre Fausto, encontramos uma biografia bastante completa na Wikipedia

"Fausto Bergocce (Reginópolis, 18 de novembro de 1952).

Chargista e ilustrador com atuação na imprensa, Fausto, como assina seus trabalhos, mudou-se com os pais para São Paulo em 1964 e em 1972 começa a trabalhar no Diário de Guarulhos como ajudante geral, onde publica esporadicamente como amador seus primeiros trabalhos. Em janeiro de 1974 é contratado como arquivista do jornal Guaru News, então, em agosto, é transferido para a redação como ilustrador onde começa sua carreira profissional.

Fausto trabalhou ainda na Última Hora, de 1976 até seu fechamento em 1979, colaborou como ilustrador, desenhista de quadrinhos e chargista na Folha de S. Paulo, O São Paulo, Diário do Grande ABC, editora Três, TV Cultura e em várias publicações do movimento sindical durante o período de resistência contra a ditadura militar imposta com o golpe de 1964. Em 1986 até 2001 passa a ser ilustrador do Popular da Tarde e Diário Popular, ambos pertencentes ao mesmo grupo empresarial, os quais foram comprados pela Editora Globo e se transformaram no Diário de S. Paulo, atuando até 2003. No ano 2000, produziu o painel em comemoração aos duzentos anos do Jardim da Luz, da cidade de São Paulo, por encomenda da Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de São Paulo (SP).

Entre 2006 e 2014, trabalhou no jornal Olho Vivo (depois novo Diário de Guarulhos). Desde então, atua como freelancer em seu ateliê como pintor e cartunista e nas redes sociais". 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Pipoca e Ritintim - Diário da Noite - 1927

Dois pobres diabos à procura de uma boa oportunidade. Estes são Pipoca e Ritintim, criados pelo cartunista Urbano (pseudônimo de Di Cavalcanti, um dos maiores expoentes de nossa pintura) para o Diário das Crianças, suplemento dominical do Diário da Noite paulistano em 1927.

Embora tenha publicado muitas ilustrações assinadas como Di Cavalcanti, o artista preferiu, para as tiras, o pseudônimo Urbano.


Sobre o uso do pseudônimo por Di Cavalcanti, Herman Lima, em sua monumental obra A História da Caricatura no Brasil (Editora José Olympio, 1963), escreveu:
  • "Embora em menor escala, Cavalcanti praticou também, especialmente n'O Malho, a charge política, assinando várias composições dessas com o pseudônimo de Urbano. (...) O toque satírico dessas duas composições magistrais basta para mostrar que o artista teria sido um dos nossos maiores caricaturistas, se persistisse no gênero de que a pintura o afastaria depois, definitivamente, muito embora para novas conquistas e uma glória certamente mais perdurável".
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No site Obvious podemos ler:

"DI CAVALCANTI - Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti foi um pintor modernista, ilustrador, quadrinista e muralista brasileiro. Nasceu no Rio de Janeiro, a 6 de Setembro de 1897. Ele foi um dos primeiros artistas a pintar elementos da realidade social brasileira, como festas populares, a retratação das favelas, operários das grandes cidades, o samba, e etc. Di Cavalcanti também foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922. Morreu no Rio de Janeiro, a 26 de Outubro de 1976.
Charge de Urbano (Di Cavalcanti) para o Diário da Noite, 1927.

VIDA E OBRA

Um dos idealizadores da inesquecível Semana de Arte Moderna de 1922, Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, ou, como é conhecido e assinava as suas criações, apenas Di Cavalcanti, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1897. Dividiu-se entre os seus múltiplos talentos, foi pintor, jornalista, ilustrador, caricaturista, muralista, escritor, cenógrafo e militante do Partido Comunista, o que lhe rendeu uma perseguição por parte do governo de Vargas e a sua mudança para Paris até o início da Segunda Guerra.

Aos 17 anos de idade, Di Cavalcanti já era ilustrador e caricaturista de alguns jornais e revistas, consagrou-se trabalhando na Revista Fon-Fon, que possuía um viés político com charges sociais, caricaturas e pinturas de gênero. Mudou-se para São Paulo em 1917 e ingressou no curso de Direito da Universidade de São Paulo, foi nesta época também que passou a frequentar o ateliê de Georg Elpons e a conviver com outros artistas e intelectuais de seu tempo como o Mário de Andrade, que impressionado com a dramaticidade de sua pintura o apelidou de “o menestrel dos tons velados”.
Urbano também fazia charges em formato de tiras com temas do cotidiano para o mesmo jornal.

Em 1923, quando se mudou para a França, trabalhou como correspondente do Jornal Correio da Manhã, e lá montou seu próprio ateliê e tornou-se amigo de pintores de vanguarda como Pablo Picasso, Fernand Léger, Georges Braque e Henri Matisse, como também do poeta Blaise Cendrars e dos músicos Jean Cocteau e Erik Satie, além de estudar na revolucionária Acadèmia Ranson.

E foi essa temporada de Di Cavalcanti em Paris que o influenciou na sua nova fase de volta ao Brasil em 1926, quando passou a trabalhar como ilustrador e jornalista do Diário da Noite. Na busca da formulação de uma linguagem própria – somada às vanguardas europeias nasce um novo estilo em sua obra com caráter social e nacionalista. Assim, em 1928 filia-se ao Partido Comunista do Brasil e insere-se na perspectiva das lutas sociais da época, que irão perpetuar-se em suas obras.

Participou do Salão Revolucionário de 1931, ou, como também conhecida 38ª Exposição Geral de Belas Artes. No ano seguinte, ao lado de Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, Di Cavalcante fundou o Clube dos Artistas Modernos (CAM), uma associação antagonista às agremiações artísticas que existiam na época, pois buscava um tom autônomo, irreverente e menos elitista.

Di Cavalcanti foi ainda um dos artistas mais premiados de sua época e ilustrou livros de grandes autores da Literatura brasileira como Vinícius de Moraes, Jorge Amado e Monteiro Lobato. Ganhou junto com Alfredo Volpi o prêmio de Melhor Pintor Nacional (1953), depois o prêmio da Mostra de Arte Sacra em Trieste (1956) e a medalha de ouro da II Bienal Interamericana do México (1960). Morreu em sua cidade natal no dia 26 de outubro de 1976, aos 79 anos".
Costumeiramente o Diário da Noite publicava, às segundas-feiras, um resumo dos fatos da semana anterior em formato de charges.
Diário da Noite, 1926. Caricatura de Voltolino (João Paulo Lemmo Lemmi) por Di Cavalcanti, quando da morte do cartunista.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Haroldo, o homem-relâmpago - Diário da Tarde - PR - 1938


Antes de tornar-se um dos maiores artistas plásticos e gravuristas de nosso país, Poty Lazzarotto, muito jovem, aos 14 anos, foi um dos pioneiros dos quadrinhos do Paraná.

Criou, em novembro de 1938 para o Diário da Tarde de Curitiba, Haroldo, o homem-relâmpago.

Haroldo, um bancário dono de excepcional agilidade, ajuda com seus poderes, a desvendar um assalto à agência do banco em que trabalhava. A história foi exibida em 6 capítulos durante o mês de novembro daquele ano.

Poty foi descoberto quando os proprietários do Diário da Tarde, procuraram o restaurante do pai de Poty, com pretensão de torná-lo ponto de venda do jornal e, ao conhecerem os desenhos do garoto, resolveram publicá-los com destaque.
Acima, a primeira publicação de Poty no Diário da tarde, em outubro de 1938.

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Sobre Poty Lazzarotto, a Wikipedia fornece uma boa biografia: "Napoleon Potyguara Lazzarotto, conhecido artisticamente como Poty (Curitiba, 29 de março de 1924 — Curitiba, 8 de maio de 1998), foi um desenhista, gravurista, ceramista e muralista brasileiro.

Filho dos italianos Issac Lazzarotto e Julia Tortato Lazzarotto, começou a se interessar por desenho ainda bem criança. O seu pai era ferroviário e a sua mãe mantinha um restaurante na cidade, o "Vagão do Armistício", muito freqüentado por intelectuais paranaenses.

O pai de Poty perdeu um dos braços, devido a um acidente, e para ajudar no orçamento familiar procurava peças de alumínio que eram modeladas em quadros da Santa Ceia, para vender. Poty e seus amigos de infância frequentavam o barracão de seu pai, para ajudar a mover o fole. O barracão que o pai ergueu frente a sua casa, em Curitiba, passou a se chamar "Vagão do Armistício", tornando-se um restaurante desde 1937, sob os cuidados de sua mãe. O governador do Paraná, Manoel Ribas, frequentava o restaurante e, em 1942, premiou Poty com uma bolsa de estudos na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

Em 1938, com 14 anos de idade, Poty publicou no jornal Diário da Tarde a história "Haroldo, o Homem Relâmpago", em 6 capítulos.

Em 1943, Hermínio da Cunha César convida Poty para ilustrar seu livro "Lenda da Herva Mate Sapecada", no Rio de Janeiro. Foi o primeiro livro ilustrado por Poty e publicado.

Em 1946, Dalton Trevisan cria a revista "Joaquim", e Poty participa de todos os números, seja com ilustrações, notícias do mundo das artes visuais e/ou comentários sobre arte enviadas da Europa. A "Joaquim", que é editada até 1948, representa uma revolução cultural no Estado do Paraná, tanto no sentido de transformação da literatura, via Dalton, quanto da sua linha editorial, crítica e renovadora como informação e como linguagem. A "Joaquim" representa a primeira conexão do Paraná com outros centros da federação, que publicam na revista seus textos críticos e ensaios, bem como autores estrangeiros nas mais diversas áreas do conhecimento.

Da Europa, graças a uma bolsa de estudos do francês, Poty tem contato com a técnica litográfica, em permanente contribuição à "Joaquim". Voltou ao Brasil em 1948, indo trabalhar no jornal Manhã, de Samuel Wainer, realizando ilustrações para vários jornais do Rio de Janeiro.

Ao longo de sua vida, trabalhou principalmente com desenhos, gravuras, murais, serigrafia, litografia".

Para saber mais sobre os quadrinhos no Paraná, visite a página de Fulvio Pacheco clicando aqui.