terça-feira, 22 de julho de 2014

Maciota - Placar - 1980






"Maciota, o jogador de várzea, frequentemente bêbado e mau caráter, criado por Paulo Paiva no final dos anos 70, voltou nesta Copa do Mundo. Ele é alegria do povo, como o Garrincha. Não por sua destreza, mas por ser muito ruim de bola e viver situações hilárias.

O humor negro é a marca registrada desse personagem que foi criado e publicado com dois nomes diferentes, antes de estrear com sucesso na revista Placar, em 1980. O personagem nasceu como um jogador trapalhão, sob a alcunha de Maloca, em 1976. Teve uma revistinha colorida integralmente produzida para a editora Saber. A revista foi paga mas não publicada.
Duas páginas com o personagem, no entanto saíram como teaser no gibi do Praça Atrapalhado, que contava com a colaboração de Paulo Paiva, e deste que vos escreve. Depois, o Maloca foi publicado no tabloide Vaca Amarela, da editora Grafipar. Mas rebatizado de Borola. Também foram realizadas 30 tiras do Maloca/Borola, que circulou em vários jornais paulistas e também na Gazeta do Povo, de Curitiba, mas dentro da série Chucrutz, de minha autoria.



Desenhos de Luiz Podavin


Paiva sabia que o tema era bom. O futebol inspirou-o na criação de inúmeras tiras da Turma da Mônica, Boa Bola, Nicodemus e outras do Estúdio Mauricio de Sousa, onde ele havia trabalhado antes. A pelota também foi tema de muitas das historietas do Zé Carioca que o Paulo Paiva criou para a Disney/Abril.


Fazendo marcação dura, com seu herói as avessas, Paiva, ou P.P. ou ainda Pepê, como assinou muitas vezes, finalmente resolveu ele próprio desenhar as tiras do perna de pau sacana. O que foi ótimo. Pois nenhum dos artistas que tentaram ilustrar a série, como Fárias, Seabra e outros artistas da Disney, conseguiam imprimir na série a expressão que Paiva obtinha em seus rascunhos, nos roteiros. Seu jeito relaxado de riscar e construir os painéis forjou um estilo próprio e bastante expressivo. Onde podemos “ler” a sua influência do humor gráfico francês de Siné, Sempé e Reiser.




Maciota foi inspirado nos jogadores de várzea, que Paiva conhecia dos botecos da periferia paulistana. E ainda, era uma caricatura de um sujeito que existiu de verdade. Um bebum inveterado que sempre aparecia no bar depois da pelada, xingando o juiz e maldizendo sua má sorte.


Maciota estrelou na Placar de 1980 a 1984. Depois ganhou uma edição especial pela editora Maciota, fundada pelo próprio Paulo Paiva, em parceria com o jornalista Rivaldo Chinem. E ainda ganharia uma edição especial pela editoran Sampa, em 1996. Mais uma edição renovada no inicio dos anos 2000, pela editora Escala, de Hercílio de Lorenzi, grande fã e amigo do artista.
Temos aqui uma mostra das tiras do Maciota, que fazem parte do álbum “Maciota – Fome de Bola”, da editora Discovery.

Um comentário:

Dourado disse...

ria muito lendo o Gato, na Placar