sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Diz, Logotipo - 1977

Diz, Logotipo, foi lançada em 1977 no suplemento Folhetim, da Folha de São Paulo, criada pelo cartunista Fortuna (Reginaldo José Azevedo Fortuna, São Luís, 21 de agosto de 1931 — São Paulo, 5 de setembro de 1994). 

Segundo o autor, o que deu origem à Diz, Logotipo "foi quando vi uma seta indicada para cima, contendo uma seta indicando para baixo. Quando bati os olhos lembrei da famosa frase de porta de elevador: 'Sobe? Não, desce', respondem. Bem, naquela seta vi a a essência da seção que eu iria criar, aplicando o cotidiano geral, as frases, as expressões que herdamos, outras da cultura popular, frases feitas. Tudo em confronto com essa arte tão olímpica, tão perfeccionista, tão significante no sentio semiótico, e ao mesmo tempo tãohermética para os olhos dos que detêm esse acervo cultural de nossas frases do dia-a-dia."

Diz, Logotipo, depois de dois anos de Folhetim (onde teve forte colaboração dos leitores), foi para a página Gol e depois passou a semanal. Em 06 de janeiro de 1983 ganhou sua publicação diária, junto com a versão diária de Chiclete com Banana do cartunista Angeli. 

Fortuna previa “uma espécie de seção de horóscopo ou palavras-cruzadas, atemporal, que vai continuar existindo até epois que eu morrer”. Planejada para três símbolos em média, por dia, apresentando logotipos variados, nacionais ou estrangeiros.

“Fiz uma pesquisa em livros especializados em design e, no dia-a-dia, estarei funcionando como o cartola do time, que dá o pontapé inicial, contando que os leitores entrem em campo. O Diz, logotipo é um filão inesgotável, funciona como uma espécie de 'Teste de Roscharch' (teste psicológico realizado a partir da interpretação de manchas), feito com régua e compasso. Para seu criador, o segredo da durabilidade da série está na renovação dos leitores, pois nunça ninguém lê a mesma coisa num logotipo. Fortuna dá o exemplo da Caderneta de Poupança Delfin: “Ele não diz nada do que está acontecendo com a Delfin, mas eu posso, com o logotipo, dar um toque do que aconteceu lá."

Os tipos possíveis de exploração no “Diz, Logotipo” foram desde os primitivos até os acadêmicos pois, como afirmava, “em qualquer manitestação formal há sempre brecha para tirar um sarro, uma vez que nunca são o que são e sim algo que pretendem ser”.

Diz, Logotipo saiu também em O Pasquim em 1990 e foi reunida em livro pela editora Kraft no mesmo ano.

Fortuna foi um das grandes expoentes do cartum brasileiro. Começou bastante cedo a desenhar e aos quinze anos, ao se mudar para o Rio de Janeiro, teve desenhos impressos na revista Sesinho, publicação do Serviço Social da Indústria sob o pseudônimo de Ricardo Forte. Durante os primeiros anos de ditadura militar, tornou-se conhecido por suas charges políticas no jornal Correio da Manhã. Algumas dessas charges foram publicadas no livro "Hay Gobierno?" com Jaguar e Claudius.

Passou por publicações da grande imprensa e imprensa alternativa, dentre as quais A Cigarra, O Cruzeiro, Pif-Paf e Revista da Semana. Foi um dos fundadores do jornal Pasquim. Editou e dirigiu a revista de "cartuns e quadrinhos não enlatados" O Bicho. Foi o responsável pelo projeto gráfico do suplemento Folhetim, do jornal Folha de S. Paulo, editado por Tarso de Castro. Com Tarso também revisitou a revista "Careta". Fez capas para livros, para a revista "Veja" e participou de antologias de humor. 

Criou a personagem de quadrinhos nonsense "Madame e Seu Bicho Muito Louco". Lançou três livros solos: "Aberto Para Balanço" (charges do Correio da Manhã), "Diz, Logotipo!" (legendas sobre logotipos existentes) e "Acho Tudo Muito Estranho (já o prof. Reginaldo, não) - (textos de humor e ilustrações). Fortuna morreu de infarto aos 63 anos.

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