sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Ócios do Ofício - 1996

Em setembro de 1996, em substituição à tira Fábrica Faglianostra, que havia deixado de ser produzida desde 1992 e vivia apenas de republicações, o jornal Diário Popular passou a publicar a série Ócios do Ofício, do cartunista Gilmar, em sua página Diário Sindical.

A série, sem personagens fixos, com raras exceções em alguns arcos de histórias, tratava do mundo corporativo, do chão de fábrica à gerência. Mostrava com humor e sátira todos os problemas relativos às relações trabalhistas e à interação entre as diversas esferas do emprego, ou à falta dele. Salários, férias, relações pessoais, tudo era abarcado na obra. Assim sendo, Ócios do Ofício tornou-se uma das mais importantes tiras brasileira da virada do século, sendo publicada até em Portugal, no jornal Vida Económica e em diversos outros veículos de comunicação como: Diadema Jornal, jornal Profissional & Negócios e continuando em outros jornais (como a Tribuna de Vitória - ES em 2009) até meados dos anos 2000, quando o Diário Popular já passava por severa crise financeira e várias trocas de dono, o que culminaria com a mudança de seu nome para Diário de S. Paulo em 2001.

A série foi reunida em pelo menos três livros: Cartuns & Humor - Ócios do Ofício, editora Escala, 2002; Para ler quando o chefe não estiver olhando, editora Devir, 2004 e Pau Pra Toda Obra, editora Devir, 2005.

Sobre Gilmar: "Gilmar Machado Barbosa, mais conhecido apenas como Gilmar, é um cartunista baiano de Presidente Dutra, mora em São Paulo desde 1977. Começou sua carreira em 1984, no jornal A Voz de Mauá. Desde então tem publicado em diversos jornais e revistas, como Diário Popular, Folha de S. Paulo, Você S/A, O Pasquim 21 e Vida Económica (de Portugal) entre outros. Em 2003, foi eleito o melhor cartunista brasileiro pelo Troféu HQ Mix e Prêmio Vladimir Herzog, categoria artes. É autor de vários livros de cartuns e quadrinhos, 5 deles adotados pelo governo para distribuição em bibliotecas públicas". 

Gilmar, sempre atuante, lançou recentemente 4 livros da série Brasil em Charges e o livro Nem um Dia sem Sossego, comentando o cenário político atual.

Gilmar em Virou Brasil nº 06, independente, 1991.
Gilmar na revista Paranoya nº 02, editora Clefor, 1993.

Charge de Gilmar referente ao governo do presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992).

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Boi Misterioso - 1984


A figura do boi que não se deixa pegar é um elemento recorrente no interior do Nordeste, ligado às histórias fantásticas de assombração, baseado nisso e nas indumentárias dos folguedos de Bumba meu Boi, o cartunista RAL, (Romildo Alves Lima), criou a figura do Boi Misterioso para as tiras veiculadas no jornal O Papa-Figo (PE). Atrevido e sarcástico, o Boi apronta das suas encarando o poder vigente.

Boi Misterioso ficou famoso nos cordéis de Leandro Gomes de Barros, natural da Paraíba, e que viveu durante o século XIX, sustentou uma família numerosa com a venda de folhetos. Foi o primeiro poeta popular a editar histórias versadas dessa maneira. Em "História do boi misterioso", em forma de versos, o leitor tem sete longos poemas sobre a vida com tratamento característico ao gênero: 

Leitor, vou narrar um fato 
De um boi da antiguidade
Como não se viu mais outro
Até a atualidade
Aparecendo hoje um desses
Será grande novidade...

Sobre Ral: "O cartunista nasceu na cidade de Arcoverde, sertão de Pernambuco. Em 1966, com sete anos, Ral se mudou com a família para o Recife. Influenciado pelo irmão, Rui, que já desenhava, Ral começou a desenhar os heróis das histórias em quadrinhos da época: Fantasma, Cavaleiro Negro, Tarzan.

Com 13 anos, fez um curso de desenho por correspondência da Escola Panamericana de Arte. O menino gostava, principalmente, das tirinhas, da coisa da sequência, da historinha. Era, o curso dos Famosos Artistas. Tinha entre os orientadores o cartunista Ziraldo. Ral queria ser desenhista de quadrinhos, começou a trabalhar em uma banca de jornal de um tio. Onde conheceu O Pasquim. O cartunista começou a publicar na página de cartas dos leitores. Um dia, veio para o Rio de Janeiro visitar a redação do jornal carioca. Com o material de quadrinhos embaixo do braço, pretendia publicar um livro de quadrinhos, com o título de 'Know-Ral'. Não conseguiu, mas conheceu parte da equipe do jornal, entre eles, Jaguar, Ziraldo e Millôr.

Um dia, Ral viu o anúncio de um concurso que selecionava artistas para colaborar nas revistas da Edrel, de São Paulo. Foi selecionado e começou a ganhar dinheiro com o cartum.

Em 1968, com 17 anos, começou como colaborador do Jornal do Commércio. Em 1995, entrou para o Diário de Pernambuco como ilustrador. De lá, foi para a Folha de Pernambuco e depois para a Gazeta Mercantil. Os jornais foram sua escola, já que em Pernambuco não havia escola de desenho.

Colaborou com o lendário O Pasquim, fundou o tabloide A Xepa, em 1973, e foi um dos fundadores do semanário pernambucano Papa-Figo que começou como uma página publicada no jornal Folha de Pernambuco e circulou durante 25 anos.

Em 2007, Ral foi homenageado na nona edição do Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco (FIHQ)". Ral faleceu em 2023.

Ral no livro A Técnica Universal das Histórias em Quadrinhos, Fernando Ikoma, editora Edrel, 1972.