Um dos pioneiros dos quadrinhos no Ceará, Rubens de Azevedo, criou, ainda muito jovem em 1937, aos 17 anos, para o suplemento infantil O Jornal dos Nossos Filhos, do jornal O Estado, o detetive Sacha Dontorate.
Apaixonado por quadrinhos, Azevedo realizou uma sátira ás histórias de detetive. Sacha é careca, narigudo e dirige um velho calhambeque. Medroso e desajeitado e sempre se livra por acaso das encrencas onde se meteu.
Entre 1937 e 1945 desenhou mais de 150 tiras para o suplemento, criando ainda outros personagens, como o inspetor Garnier e o professor Pancrácio. Com o passar do tempo Rubens foi utilizando paisagens de Fortaleza em suas histórias.
Sobre Rubens, seu irmão Miguel Nirez Azevedo, escreveu em sua página nas redes sociais a seguinte biografia:
"Meu irmão mais velho chamava-se Rubens de Azevedo e era nascido em 1921, treze anos mais velho que eu.
Era um sujeito fora do comum. Era desenhista, pintor, escritor, estudioso de astronomia, conhecia profundamente as mitologias grega e romana, foi ator de teatro, conhecia música clássica como ninguém, além de pioneiro de história em quadrinhos no Ceará.
Mas sua melhor função era fazer amizades. Enquanto ele morou em Fortaleza e mesmo em São Paulo sua casa era sempre cheia de amigos.
Cresci num ambiente que foi prá mim uma escola bem melhor que as oficiais. Cada conversa entre meu pai e ele era prá mim uma aula da maior importância.
Nos anos 1940 ele começou a colaborar no jornal “O Estado”, dirigido por Alfeu Aboim. Escrevia sobre astronomia e sobre mitologia, além de desenhar. Criou primeiramente o personagem Sacha Dontorate e publicava diariamente seus quadrinhos. Logo em seguida passou a desenhar um aventura chamada “Uma Viagem a Saturno” que depois imprimiu formando um livro. Foi o primeiro trabalho em quadrinhos feito no Ceará e um dos primeiros do país.
Fundou, em 1948 a primeira associação astronômica do país, chamada Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia – SBAA da qual foi dirigente até 1951 quando mudou-se para São Paulo. Em São Paulo publicou vários livros sobre geografia, astronomia, heráldica e até um de quadrinhos Os prisioneiros de Hyperion.
Rubens era formado em geografia e história pela Faculdade de Filosofia de Fortaleza. Casou-se com a escritora Jandira Carvalho. Enquanto ele trabalhava como fiscal de ensino ela era fiscal de consumo.
Falar sobre Rubens de Azevedo em uma crônica de apenas uma lauda não é possível. Voltarei ao assunto enfocando-o em cada atividade.
Rubens nos deixou em 2008 deixando uma profunda e irreparável lacuna".
Para saber mais leia o livro de Gledson Ribeiro de Oliveira: Quadrinhos no Ceará da editora Marca de Fantasia.
Agradecimentos ao amigo João Antonio Buhrer.
Mais uma vez, Luigi, obrigado por nos apresentar mais um artista das HQs brasileiras, praticamente desconhecido das novas gerações. Fiquei bem impressionado com o traço de Rubens de Azevedo. É bem moderno, nem parece que foi desenhado em 1937! Bem à frente de seu tempo.
ResponderExcluirOlá, Dyel, aguarde a próxima postagem!!! abs
ResponderExcluiruau! que blog legal! parabéns!
ResponderExcluirObrigado pela visita, Rafa. Abs
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